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Clientelismo marca política local
da Reportagem Local
A política de Guarulhos é marcada pelo clientelismo e pelo assistencialismo. Não há na cidade
sindicatos fortes nem partidos
políticos com grande representatividade. Por isso, lideranças regionais que promovam pequenas
ações locais conseguem se destacar e obter cargos políticos.
A opinião é unânime entre moradores de Guarulhos que participam de organizações de combate
à corrupção política.
O empresário Luiz Roberto
Mesquita, presidente da Associação Comercial e criador da Associação Guarulhense para a Defesa
da Cidadania, aponta a proximidade de Guarulhos com a capital
como um dos fatores para a política clientelista.
Segundo ele, boa parte da população guarulhense apenas dorme
na cidade e passa o dia na capital.
Por isso, a política local não tem
grande repercussão. "A cidade
tem grande arrecadação, mas é
pobre em qualidade de vida. Assim, pessoas oportunistas investem em bairros pobres e entram
na política com a intenção de ganhar dinheiro, não de resolver os
problemas", afirmou Mesquita.
O bispo da cidade, dom Luiz
Gonzaga Bergonzini, compartilha
as idéias de Mesquita. E aponta
outro motivo para a "alienação
política" de Guarulhos: a falta de
grandes meios de comunicação.
"A maior parte da população de
Guarulhos se informa por TV, rádio e jornais de São Paulo e não fica sabendo do comportamento
dos políticos locais. Assim, a participação política é pequena e o
voto é marcado pelo clientelismo", argumentou o bispo. "Espero que a divulgação desse escândalo ajude a levantar a consciência da população sobre a importância do voto."
Recém-chegado à cidade, o promotor Fábio Bechara viu em Guarulhos características de cidades
menores do interior. "Apesar de
ser a segunda cidade do Estado,
Guarulhos guarda particularidades provincianas, como o clientelismo político."
Vereador de Guarulhos há duas
legislaturas, Orlando Fantazzini
Jr. (PT) destaca que a falta de sindicatos fortes dificulta a participação popular na política de Guarulhos. Segundo ele, outras cidades
da Grande São Paulo, como Santo
André e Diadema, elegem muitos
sindicalistas para vereador, ao
contrário do que ocorre em Guarulhos, onde a maioria dos políticos é empresário.
"Em Guarulhos, com a saída
das indústrias, a partir da década
de 80, os sindicatos ficaram enfraquecidos e sem representatividade política", declarou.
Já o vereador Paulo Carvalho,
que é empresário, discorda de
Fantazzini. Para ele, um político
não pode ser criticado apenas por
ser empresário. "Não é só quem é
do PT que é honesto."
(OC)
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