São Paulo, Quinta-feira, 09 de Dezembro de 1999


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Clientelismo marca política local

da Reportagem Local

A política de Guarulhos é marcada pelo clientelismo e pelo assistencialismo. Não há na cidade sindicatos fortes nem partidos políticos com grande representatividade. Por isso, lideranças regionais que promovam pequenas ações locais conseguem se destacar e obter cargos políticos.
A opinião é unânime entre moradores de Guarulhos que participam de organizações de combate à corrupção política.
O empresário Luiz Roberto Mesquita, presidente da Associação Comercial e criador da Associação Guarulhense para a Defesa da Cidadania, aponta a proximidade de Guarulhos com a capital como um dos fatores para a política clientelista.
Segundo ele, boa parte da população guarulhense apenas dorme na cidade e passa o dia na capital. Por isso, a política local não tem grande repercussão. "A cidade tem grande arrecadação, mas é pobre em qualidade de vida. Assim, pessoas oportunistas investem em bairros pobres e entram na política com a intenção de ganhar dinheiro, não de resolver os problemas", afirmou Mesquita.
O bispo da cidade, dom Luiz Gonzaga Bergonzini, compartilha as idéias de Mesquita. E aponta outro motivo para a "alienação política" de Guarulhos: a falta de grandes meios de comunicação.
"A maior parte da população de Guarulhos se informa por TV, rádio e jornais de São Paulo e não fica sabendo do comportamento dos políticos locais. Assim, a participação política é pequena e o voto é marcado pelo clientelismo", argumentou o bispo. "Espero que a divulgação desse escândalo ajude a levantar a consciência da população sobre a importância do voto."
Recém-chegado à cidade, o promotor Fábio Bechara viu em Guarulhos características de cidades menores do interior. "Apesar de ser a segunda cidade do Estado, Guarulhos guarda particularidades provincianas, como o clientelismo político."
Vereador de Guarulhos há duas legislaturas, Orlando Fantazzini Jr. (PT) destaca que a falta de sindicatos fortes dificulta a participação popular na política de Guarulhos. Segundo ele, outras cidades da Grande São Paulo, como Santo André e Diadema, elegem muitos sindicalistas para vereador, ao contrário do que ocorre em Guarulhos, onde a maioria dos políticos é empresário.
"Em Guarulhos, com a saída das indústrias, a partir da década de 80, os sindicatos ficaram enfraquecidos e sem representatividade política", declarou.
Já o vereador Paulo Carvalho, que é empresário, discorda de Fantazzini. Para ele, um político não pode ser criticado apenas por ser empresário. "Não é só quem é do PT que é honesto." (OC)


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