|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
INTOLERÂNCIA
Famílias dos dois jovens atacados são vizinhas no bairro Brás Cubas, em Mogi das Cruzes (Grande São Paulo)
Parentes querem identificar agressores
DA REPORTAGEM LOCAL
DO "AGORA"
O clima ontem era de revolta
entre os familiares de Flávio Augusto Nascimento Cordeiro, 16, e
Cleyton da Silva Leite, 20, que pularam de um trem em movimento
após serem ameaçados por três
skinheads. O pedreiro Aurino, 54,
pai de Leite, disse que transformará no objetivo de sua vida a
identificação e a punição dos
agressores. O caso foi registrado
como tentativa de homicídio no
2º DP de Mogi das Cruzes (Grande São Paulo).
"Em Mogi, nunca soube que tivesse skinhead. As meninas [que
acompanhavam Leite e Cordeiro]
disseram que nunca haviam visto
os três por aqui. A nossa esperança agora é ver se as câmeras os
identificam", disse o irmão de
Leite, Alex, 28.
Pelo menos uma emissora de televisão mostrou a reação dos familiares das vítimas ao ver as imagens da queda, gravadas pelo sistema interno de segurança da
CPTM. As imagens foram divulgadas pela companhia no final da
tarde de ontem.
Vizinhos
As famílias dos dois jovens são
vizinhas no bairro Brás Cubas, em
Mogi das Cruzes (Grande São
Paulo), e Leite e Cordeiro são
amigos de infância. Há dois anos,
montaram uma banda de rock na
garagem da casa de Cordeiro, e,
nos finais de semana, sempre
saíam juntos para jogar boliche.
Cordeiro -que perdeu o braço
direito em decorrência da queda- gosta de futebol, informática, e cursa o 2º ano do ensino médio num colégio estadual, o mesmo em que Leite estudou.
Leite trabalha como repositor
de mercadorias em um supermercado da região, embora seu
plano seja estudar enfermagem.
"No dia do pagamento, ele traz o
salário inteiro e entrega para
mim. Depois, pede uma pizza",
disse a mãe do rapaz, a dona-de-casa Olivina Leite, 59, chorando
muito.
Há três meses, o rapaz pediu a
namorada em noivado, com o intuito de casar até fevereiro do próximo ano. O fato de a moça preferir techno a rock e adotar de vez
em quando um estilo clubber não
era problema para o casal.
Os familiares insistem em esclarecer que o visual roqueiro dos
dois rapazes, que provocou as
ameaças dos skinheads, não está
relacionado à postura rebelde
constantemente associada aos fãs
de rock.
"Eles gostam da música, por isso usam roupas das bandas. Pularam porque são inocentes, não sabem brigar e odeiam discutir. Devem ter achado que só assim escapariam desses assassinos", disse
Márcio, 28, irmão de Cordeiro.
Para Márcio, a CPTM cometeu
uma falha gravíssima ao não disponibilizar seguranças em todos
os trens em circulação.
Segundo a companhia, há 12 seguranças no trecho Guaianazes-Mogi das Cruzes. Os agentes costumam trabalhar em dupla. Esse
número, ainda segundo a empresa, é insuficiente para garantir a
presença de agentes de seguranças em todos os trens.
Texto Anterior: Frase Próximo Texto: Mistério no Rio: Filhos não devem ir à reconstituição Índice
|