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São Paulo, terça-feira, 09 de dezembro de 2003

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INTOLERÂNCIA

Famílias dos dois jovens atacados são vizinhas no bairro Brás Cubas, em Mogi das Cruzes (Grande São Paulo)

Parentes querem identificar agressores

DA REPORTAGEM LOCAL

DO "AGORA"

O clima ontem era de revolta entre os familiares de Flávio Augusto Nascimento Cordeiro, 16, e Cleyton da Silva Leite, 20, que pularam de um trem em movimento após serem ameaçados por três skinheads. O pedreiro Aurino, 54, pai de Leite, disse que transformará no objetivo de sua vida a identificação e a punição dos agressores. O caso foi registrado como tentativa de homicídio no 2º DP de Mogi das Cruzes (Grande São Paulo).
"Em Mogi, nunca soube que tivesse skinhead. As meninas [que acompanhavam Leite e Cordeiro] disseram que nunca haviam visto os três por aqui. A nossa esperança agora é ver se as câmeras os identificam", disse o irmão de Leite, Alex, 28.
Pelo menos uma emissora de televisão mostrou a reação dos familiares das vítimas ao ver as imagens da queda, gravadas pelo sistema interno de segurança da CPTM. As imagens foram divulgadas pela companhia no final da tarde de ontem.

Vizinhos
As famílias dos dois jovens são vizinhas no bairro Brás Cubas, em Mogi das Cruzes (Grande São Paulo), e Leite e Cordeiro são amigos de infância. Há dois anos, montaram uma banda de rock na garagem da casa de Cordeiro, e, nos finais de semana, sempre saíam juntos para jogar boliche.
Cordeiro -que perdeu o braço direito em decorrência da queda- gosta de futebol, informática, e cursa o 2º ano do ensino médio num colégio estadual, o mesmo em que Leite estudou.
Leite trabalha como repositor de mercadorias em um supermercado da região, embora seu plano seja estudar enfermagem. "No dia do pagamento, ele traz o salário inteiro e entrega para mim. Depois, pede uma pizza", disse a mãe do rapaz, a dona-de-casa Olivina Leite, 59, chorando muito.
Há três meses, o rapaz pediu a namorada em noivado, com o intuito de casar até fevereiro do próximo ano. O fato de a moça preferir techno a rock e adotar de vez em quando um estilo clubber não era problema para o casal.
Os familiares insistem em esclarecer que o visual roqueiro dos dois rapazes, que provocou as ameaças dos skinheads, não está relacionado à postura rebelde constantemente associada aos fãs de rock.
"Eles gostam da música, por isso usam roupas das bandas. Pularam porque são inocentes, não sabem brigar e odeiam discutir. Devem ter achado que só assim escapariam desses assassinos", disse Márcio, 28, irmão de Cordeiro.
Para Márcio, a CPTM cometeu uma falha gravíssima ao não disponibilizar seguranças em todos os trens em circulação.
Segundo a companhia, há 12 seguranças no trecho Guaianazes-Mogi das Cruzes. Os agentes costumam trabalhar em dupla. Esse número, ainda segundo a empresa, é insuficiente para garantir a presença de agentes de seguranças em todos os trens.


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