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São Paulo, terça-feira, 09 de dezembro de 2003

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MISTÉRIO NO RIO

Novo exame em machadinha da família Staheli não detectou sangue

Filhos não devem ir à reconstituição

TALITA FIGUEIREDO
FABIANA CIMIERI
DA SUCURSAL DO RIO

Nem os filhos do casal americano Zera Todd e Michelle Staheli, assassinados no Rio, nem o casal de amigos Carolyn e Jeffrey Turner deverão participar da reconstituição do crime amanhã. O casal Turner, chamados pela filha mais velha dos Staheli, de 13 anos, foram os primeiros a entrar na casa depois do crime.
O advogado das crianças, João Mestieri, afirmou que "ninguém pode ser obrigado a produzir provas contra si mesmo". Ele disse não ter recebido intimação para que o menino de dez anos e a garota de 13 presenciem a reconstituição. O casal tinha ainda outras duas filhas, de três e oito anos.
"Quero conversar com o delegado [Marcus Henrique Alves]. Vou pedir que ele me explique o sentido da intenção de convocá-los. São duas crianças que precisam ser preservadas, não vejo o porquê da participação delas nessa reconstituição", afirmou.
Após a conversa com o delegado, o advogado deverá decidir se as crianças estarão na reconstituição, que começará às 8h na casa em que a família vivia, no condomínio Porto dos Cabritos (Barra da Tijuca, zona oeste).
Ao contrário do que anunciara, Mestieri não entregou à polícia os pijamas que as crianças usavam na noite do crime. Os peritos querem saber se há manchas de sangue nas roupas.
De acordo com o advogado Fernando Fragoso, o casal Turner viajou sábado para os Estados Unidos e não participará da reconstituição. Os dois prestaram depoimento na sexta à Justiça.
Segundo Fragoso, a viagem, de férias, estava marcada antes do assassinato. O advogado disse só ter recebido ontem à tarde a intimação para que eles participem da reconstituição e avisará ao delegado que viajaram.
O motorista dos Staheli, Sebastião Moura, não recebeu ainda a intimação, de acordo com o advogado Márcio Feijó.
Os cinco seguranças do condomínio Porto dos Cabritos que entraram na casa depois do assassinato foram intimados e vão participar da reconstituição.
A contraprova do exame com a substância luminol na machadinha encontrada no banheiro da filha mais velha do casal foi feita ontem por peritos da Polícia Civil. O exame foi negativo, segundo o secretário de Estado de Segurança Pública, Anthony Garotinho.
O cientista Cláudio Lopes, do Instituto de Química da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), afirmou que o luminol não falhou.
De acordo com ele, seria impossível que o uso de detergente impedisse que o luminol detectasse a presença de sangue. Lopes disse que radiação ou uma grande quantidade de ácido poderiam interferir no resultado.
Anteontem, o secretário Garotinho pôs em dúvida a eficácia do primeiro teste realizado na machadinha com o produto.
Desenvolvido pelo Instituto de Química da UFRJ, o luminol é similar a substâncias utilizadas pelas polícias científicas de outros países. Em contato com o ferro contido no sangue, o luminol torna-se fosforescente, revelando vestígios de sangue imperceptíveis ao olho humano.
Os agentes do FBI (polícia federal americana) Daniel Clegg e Rick Cavalieros reuniram-se à tarde por quase três horas com Garotinho. O objetivo da reunião, de acordo com a secretaria, foi repassar as informações obtidas anteontem durante encontro dos agentes com os filhos mais velhos do casal Staheli.
Clegg e Cavalieros saíram sem dar entrevista. Garotinho disse que, segundo os agentes, "as crianças estão transtornadas".


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