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SEM FESTA
Votação popular escolheu piso para substituir mosaico português em 2002, mas prefeitura nem definiu projeto
Paulista, 114, ainda espera novas calçadas
ALEXSSANDER SOARES
AFRA BALAZINA
DA REPORTAGEM LOCAL
A avenida Paulista, principal
cartão-postal da cidade, comemorou ontem 114 anos com mais
uma promessa de revitalização. O
presente anunciado pelo prefeito
José Serra (PSDB) será o lançamento da licitação para trocar o
piso das calçadas e implantar novo projeto paisagístico e de mobiliário urbano (abrigo de ônibus,
relógios eletrônicos, totens informativos e bancas de jornais).
A prefeitura promete entregar o
presente até o final de 2006, garantindo a revitalização com pelo
menos R$ 10 milhões reservados
no Orçamento do próximo ano.
A revitalização da avenida, eleita em 1990 símbolo da cidade pelos paulistanos, não deixaria escapar uma característica da cidade
quando o assunto envolve decisões da prefeitura: a polêmica.
A escolha do novo piso, que já
passou até por votação popular
em 2002, está novamente no centro das discussões. Na ocasião, ganhou a eleição um piso de concreto intertravado nas cores salmão,
cinza-grafite e cinza-claro.
A polêmica, desta vez, surgiu
com a possibilidade da manutenção do piso de mosaico português
(formado por pedras brancas e
pretas), instalado em 1973.
Nelson Baeta Neves, presidente
da Associação Paulista Viva, criada por um grupo de empresários
para preservar a avenida, é contra
manter o mosaico português por
considerar o piso impróprio para
deficientes e carros-fortes.
Neves defende a troca dos 65
mil metros 2 de calçamento por
placas cimento e concreto armado, prometendo até arrumar recursos para bancar a obra. "Se a
prefeitura optar pelo mosaico
português, fará um remendo, e
não a troca do piso. Não há nenhum motivo para comemorar o
aniversário da Paulista."
Responsável pelo lançamento
da licitação, previsto para os próximos dias, o subprefeito da Sé,
Andrea Matarazzo, busca acalmar os ânimos do presidente da
ONG afirmando que a definição
do novo piso será feita na próxima terça-feira, em uma reunião
com arquitetos, urbanistas e representantes da Paulista Viva.
"O mosaico português não é o
ideal, mas tem de ser levado em
conta em virtude do custo elevado
da instalação das placas de concreto em razão das interferências
causadas no subsolo, como no sistema cabos ópticos", disse.
Matarazzo diz que o projeto vai
considerar as normas de acessibilidade para os deficientes, com a
colaboração da Secretaria Especial da Pessoa com Deficiência e
Mobilidade Reduzida. "O importante é fazer", disse o subprefeito.
O cadeirante Cícero Ferreira, 38,
que é vendedor ambulante e trabalha na Paulista há um ano, reprova o piso da calçada e seu estado de conservação. "Ando pela
avenida todos os dias. Se não me
cuidar, tomo vários "capotes". Há
muitos buracos na calçada."
O arquiteto e urbanista João Valente Filho, do Instituto de Engenharia, afirma que gostaria de ver
um novo tipo de piso na Paulista,
para representar o estilo "arrojado e contemporâneo" da avenida.
"O mosaico português tem a
tradição histórica e o componente
cultural, mas não é adequado para os cadeirantes e perigoso nos
dias de chuva, por se tornar liso
após anos de utilização. As placas
de concreto também não se mostraram eficientes", ponderou.
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