São Paulo, sexta-feira, 09 de dezembro de 2005

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SEM FESTA

Votação popular escolheu piso para substituir mosaico português em 2002, mas prefeitura nem definiu projeto

Paulista, 114, ainda espera novas calçadas

ALEXSSANDER SOARES
AFRA BALAZINA
DA REPORTAGEM LOCAL

A avenida Paulista, principal cartão-postal da cidade, comemorou ontem 114 anos com mais uma promessa de revitalização. O presente anunciado pelo prefeito José Serra (PSDB) será o lançamento da licitação para trocar o piso das calçadas e implantar novo projeto paisagístico e de mobiliário urbano (abrigo de ônibus, relógios eletrônicos, totens informativos e bancas de jornais).
A prefeitura promete entregar o presente até o final de 2006, garantindo a revitalização com pelo menos R$ 10 milhões reservados no Orçamento do próximo ano.
A revitalização da avenida, eleita em 1990 símbolo da cidade pelos paulistanos, não deixaria escapar uma característica da cidade quando o assunto envolve decisões da prefeitura: a polêmica.
A escolha do novo piso, que já passou até por votação popular em 2002, está novamente no centro das discussões. Na ocasião, ganhou a eleição um piso de concreto intertravado nas cores salmão, cinza-grafite e cinza-claro.
A polêmica, desta vez, surgiu com a possibilidade da manutenção do piso de mosaico português (formado por pedras brancas e pretas), instalado em 1973.
Nelson Baeta Neves, presidente da Associação Paulista Viva, criada por um grupo de empresários para preservar a avenida, é contra manter o mosaico português por considerar o piso impróprio para deficientes e carros-fortes.
Neves defende a troca dos 65 mil metros 2 de calçamento por placas cimento e concreto armado, prometendo até arrumar recursos para bancar a obra. "Se a prefeitura optar pelo mosaico português, fará um remendo, e não a troca do piso. Não há nenhum motivo para comemorar o aniversário da Paulista."
Responsável pelo lançamento da licitação, previsto para os próximos dias, o subprefeito da Sé, Andrea Matarazzo, busca acalmar os ânimos do presidente da ONG afirmando que a definição do novo piso será feita na próxima terça-feira, em uma reunião com arquitetos, urbanistas e representantes da Paulista Viva.
"O mosaico português não é o ideal, mas tem de ser levado em conta em virtude do custo elevado da instalação das placas de concreto em razão das interferências causadas no subsolo, como no sistema cabos ópticos", disse.
Matarazzo diz que o projeto vai considerar as normas de acessibilidade para os deficientes, com a colaboração da Secretaria Especial da Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida. "O importante é fazer", disse o subprefeito.
O cadeirante Cícero Ferreira, 38, que é vendedor ambulante e trabalha na Paulista há um ano, reprova o piso da calçada e seu estado de conservação. "Ando pela avenida todos os dias. Se não me cuidar, tomo vários "capotes". Há muitos buracos na calçada."
O arquiteto e urbanista João Valente Filho, do Instituto de Engenharia, afirma que gostaria de ver um novo tipo de piso na Paulista, para representar o estilo "arrojado e contemporâneo" da avenida.
"O mosaico português tem a tradição histórica e o componente cultural, mas não é adequado para os cadeirantes e perigoso nos dias de chuva, por se tornar liso após anos de utilização. As placas de concreto também não se mostraram eficientes", ponderou.


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