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PERMISSÃO PARA ATIRAR
Prática estava suspensa em arquipélago porque disparo causou incêndio
Alcatrazes volta a ter treino de tiro
FÁBIO AMATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM S. JOSÉ DOS CAMPOS
A Marinha do Brasil voltará a
utilizar o arquipélago dos Alcatrazes, no litoral norte de São
Paulo, como alvo para exercícios
de tiro.
O sinal verde veio na segunda-feira, quando um acordo entre
os ministérios da Defesa e do
Meio Ambiente suspendeu um
embargo do Ibama que impedia
as manobras da Marinha.
O embargo foi imposto em
março, após técnicos do Ibama
(Instituto Brasileiro do Meio
Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) constatarem
que um incêndio provocado por
uma das bombas lançadas por
navios da Marinha destruiu parte da ilha principal do arquipélago em novembro de 2004.
Desde então, a Marinha recorria da proibição e também da
multa de R$ 1 milhão aplicada
pelo Ibama em razão do incêndio. Até que, na última segunda-feira, foi oficializada a criação de
um grupo de trabalho formado
pelos ministérios do Meio Ambiente e da Defesa e a Marinha.
O grupo vai realizar estudos
para definir se há ou não possibilidade de conciliar a proteção do
arquipélago com os exercícios de
tiro feitos pela Marinha. Um relatório conclusivo terá que ser
entregue dentro de 90 dias. Enquanto o documento não fica
pronto, os testes poderão ser
conduzidos, sob supervisão do
Ibama.
Segundo o diretor de ecossistemas do Ibama, Valmir Gabriel
Ortega, a Marinha apresentou
"argumentos muito fortes" que
convenceram o Ministério do
Meio Ambiente da necessidade
de manter os navios de guerra
em operação. Segundo a Marinha, os exercícios têm importância para a segurança nacional, e
Alcatrazes é o único local disponível para os exercícios.
O pesquisador Fausto Pires de
Campos, 59, coordenador de
uma ONG que defende a preservação do arquipélago e o fim dos
exercícios, diz que "já cansamos
de mostrar que aquele é o maior
espaço de biodiversidade da região Sudeste do país, que abriga
espécies endêmicas e sujeitas à
extinção. Isso mostra que a Marinha tem um lobby forte".
A reportagem teve negado um
pedido de entrevista com a Marinha, que apenas confirmou a
suspensão do embargo e a criação do grupo interministerial.
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