São Paulo, sexta-feira, 09 de dezembro de 2005

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PERMISSÃO PARA ATIRAR

Prática estava suspensa em arquipélago porque disparo causou incêndio

Alcatrazes volta a ter treino de tiro

FÁBIO AMATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM S. JOSÉ DOS CAMPOS

A Marinha do Brasil voltará a utilizar o arquipélago dos Alcatrazes, no litoral norte de São Paulo, como alvo para exercícios de tiro.
O sinal verde veio na segunda-feira, quando um acordo entre os ministérios da Defesa e do Meio Ambiente suspendeu um embargo do Ibama que impedia as manobras da Marinha.
O embargo foi imposto em março, após técnicos do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) constatarem que um incêndio provocado por uma das bombas lançadas por navios da Marinha destruiu parte da ilha principal do arquipélago em novembro de 2004.
Desde então, a Marinha recorria da proibição e também da multa de R$ 1 milhão aplicada pelo Ibama em razão do incêndio. Até que, na última segunda-feira, foi oficializada a criação de um grupo de trabalho formado pelos ministérios do Meio Ambiente e da Defesa e a Marinha.
O grupo vai realizar estudos para definir se há ou não possibilidade de conciliar a proteção do arquipélago com os exercícios de tiro feitos pela Marinha. Um relatório conclusivo terá que ser entregue dentro de 90 dias. Enquanto o documento não fica pronto, os testes poderão ser conduzidos, sob supervisão do Ibama.
Segundo o diretor de ecossistemas do Ibama, Valmir Gabriel Ortega, a Marinha apresentou "argumentos muito fortes" que convenceram o Ministério do Meio Ambiente da necessidade de manter os navios de guerra em operação. Segundo a Marinha, os exercícios têm importância para a segurança nacional, e Alcatrazes é o único local disponível para os exercícios.
O pesquisador Fausto Pires de Campos, 59, coordenador de uma ONG que defende a preservação do arquipélago e o fim dos exercícios, diz que "já cansamos de mostrar que aquele é o maior espaço de biodiversidade da região Sudeste do país, que abriga espécies endêmicas e sujeitas à extinção. Isso mostra que a Marinha tem um lobby forte".
A reportagem teve negado um pedido de entrevista com a Marinha, que apenas confirmou a suspensão do embargo e a criação do grupo interministerial.


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