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Chuva mata 6; falha em bomba piora enchentes
Sistema em usina do Estado falhou e ajudou no transbordamento do Pinheiros e do Tietê
Em 24 horas, choveu 1/3 do esperado para todo o mês de dezembro; Inmet diz que tempo ruim vai continuar até o final de semana
Danilo Verpa/Folha Imagem
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Pedestres atravessam a marginal Tietê perto da av. Inajar de Souza (zona norte)
DA REDAÇÃO
Seis mortes, um desaparecimento, gente ilhada, 105 alagamentos, trânsito parado, estradas fechadas, bairros no escuro
e cerca de mil desabrigados.
Esse é o saldo da chuva na
Grande São Paulo que praticamente não parou entre a noite
de segunda e o início do dia de
ontem. Em menos de 20 horas,
foram 75,8 mm de água. Trata-se de um terço de toda a chuva
esperada para dezembro.
O rio Tietê subiu sete metros,
e o Pinheiros, quatro. Eles invadiram as marginais. Foi o segundo transbordamento após a
conclusão do rebaixamento da
calha do Tietê, há três anos.
Os bairros mais atingidos por
alagamentos ontem na capital
foram Lapa e Barra Funda, na
zona oeste, e Casa Verde, na zona norte. Também choveu muito em bairros da zona leste.
A queda de árvores atingiu a
rede elétrica -foram 13 casos,
segundo os bombeiros.
Andar pela cidade, pela manhã, foi tarefa difícil. A CET
(Companhia de Engenharia de
Tráfego) registrou 127 km de
congestionamento às 9 horas
-apesar de não ser recorde, é
um trânsito acima da média. À
tarde, quando os paulistanos
desistiram de circular, o índice
caiu para zero (15 horas).
No aeroporto Campo de
Marte, para voos de menor porte, só helicópteros operaram.
Três linhas da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) foram prejudicadas. Os trens ficaram parados
por mais de dez horas entre as
estações Caieiras e Jundiaí.
Nos últimos oito dias, choveu
70% do esperado para todo o
mês -parte da região metropolitana já tinha ficado debaixo
d'água na semana passada,
quando sete pessoas morreram
por causa de deslizamentos.
De lá para cá, o Estado de São
Paulo já registrou pelo menos
23 mortes por causa das chuvas, número que supera o total
de mortes do Rio Grande do
Sul, um dos Estados mais afetados pelos temporais dos últimos meses - lá, foram verificadas oito vítimas.
De acordo com o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologista), o tempo instável se prolongará até o fim de semana.
Hoje, a previsão é de chuva fraca em pontos isolados da capital, mas nos dias seguintes a intensidade deve aumentar.
Segundo as autoridades paulistas, a culpa de tanto estrago é
do volume de água que vem
caindo. As falhas do poder público, porém, são evidentes.
A bomba de uma usina na
marginal Pinheiros, instalação
sob responsabilidade do governo do Estado que ajuda a diminuir o nível do rio e alivia a situação também no Tietê, não
funcionou. Já a prefeitura da
capital nem sequer tem um plano contra enchentes -a cidade
não fez até hoje um diagnóstico
nem apresentou as ações de
prevenção exigidas em lei federal que vigora há três anos.
O prefeito Gilberto Kassab
(DEM) chegou dizer que a chuva teve algo de "positivo", pois
mostrou que algumas das obras
antienchente funcionaram.
O governador José Serra
(PSDB) passou o dia no gabinete e, no fim da tarde, viajou para
Brasília. Até o fechamento desta edição, o pré-candidato à
Presidência não havia dado declarações sobre os problemas.
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