São Paulo, quarta-feira, 09 de dezembro de 2009

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Chuva mata 6; falha em bomba piora enchentes

Sistema em usina do Estado falhou e ajudou no transbordamento do Pinheiros e do Tietê

Em 24 horas, choveu 1/3 do esperado para todo o mês de dezembro; Inmet diz que tempo ruim vai continuar até o final de semana

Danilo Verpa/Folha Imagem
Pedestres atravessam a marginal Tietê perto da av. Inajar de Souza (zona norte)

DA REDAÇÃO

Seis mortes, um desaparecimento, gente ilhada, 105 alagamentos, trânsito parado, estradas fechadas, bairros no escuro e cerca de mil desabrigados.
Esse é o saldo da chuva na Grande São Paulo que praticamente não parou entre a noite de segunda e o início do dia de ontem. Em menos de 20 horas, foram 75,8 mm de água. Trata-se de um terço de toda a chuva esperada para dezembro.
O rio Tietê subiu sete metros, e o Pinheiros, quatro. Eles invadiram as marginais. Foi o segundo transbordamento após a conclusão do rebaixamento da calha do Tietê, há três anos.
Os bairros mais atingidos por alagamentos ontem na capital foram Lapa e Barra Funda, na zona oeste, e Casa Verde, na zona norte. Também choveu muito em bairros da zona leste.
A queda de árvores atingiu a rede elétrica -foram 13 casos, segundo os bombeiros.
Andar pela cidade, pela manhã, foi tarefa difícil. A CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) registrou 127 km de congestionamento às 9 horas -apesar de não ser recorde, é um trânsito acima da média. À tarde, quando os paulistanos desistiram de circular, o índice caiu para zero (15 horas).
No aeroporto Campo de Marte, para voos de menor porte, só helicópteros operaram.
Três linhas da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) foram prejudicadas. Os trens ficaram parados por mais de dez horas entre as estações Caieiras e Jundiaí.
Nos últimos oito dias, choveu 70% do esperado para todo o mês -parte da região metropolitana já tinha ficado debaixo d'água na semana passada, quando sete pessoas morreram por causa de deslizamentos.
De lá para cá, o Estado de São Paulo já registrou pelo menos 23 mortes por causa das chuvas, número que supera o total de mortes do Rio Grande do Sul, um dos Estados mais afetados pelos temporais dos últimos meses - lá, foram verificadas oito vítimas.
De acordo com o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologista), o tempo instável se prolongará até o fim de semana. Hoje, a previsão é de chuva fraca em pontos isolados da capital, mas nos dias seguintes a intensidade deve aumentar.
Segundo as autoridades paulistas, a culpa de tanto estrago é do volume de água que vem caindo. As falhas do poder público, porém, são evidentes.
A bomba de uma usina na marginal Pinheiros, instalação sob responsabilidade do governo do Estado que ajuda a diminuir o nível do rio e alivia a situação também no Tietê, não funcionou. Já a prefeitura da capital nem sequer tem um plano contra enchentes -a cidade não fez até hoje um diagnóstico nem apresentou as ações de prevenção exigidas em lei federal que vigora há três anos.
O prefeito Gilberto Kassab (DEM) chegou dizer que a chuva teve algo de "positivo", pois mostrou que algumas das obras antienchente funcionaram.
O governador José Serra (PSDB) passou o dia no gabinete e, no fim da tarde, viajou para Brasília. Até o fechamento desta edição, o pré-candidato à Presidência não havia dado declarações sobre os problemas.


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