São Paulo, quarta-feira, 10 de janeiro de 2001

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Cohab demite 69 comissionados

SÉRGIO DURAN
DA REPORTAGEM LOCAL

A Companhia Metropolitana de Habitação de São Paulo, um dos maiores cabides de emprego do governo de Celso Pitta (PTN) -segundo acusação feita por vereador petista no ano passado- recebeu, ontem, corte de menos de 10% do seu pessoal.
O secretário da Habitação, Paulo Teixeira, e o presidente da autarquia, Jorge Hereda, anunciaram a demissão de 69 pessoas que ocupavam cargos de confiança e ainda o congelamento de 40% (49) dos postos desse gênero.
A Cohab tem 124 pessoas que ocupam cargos de confiança e outros 600 celetistas (contratados pela CLT) -o que significa que não têm estabilidade de emprego como os funcionários públicos.
O congelamento implica que a próxima equipe da Cohab terá, entre gerentes, superintendentes e diretores, não mais do que 75 funcionários comissionados. "Isso é o que conseguimos fazer na primeira semana de análises", afirma Jorge Hereda.
De acordo com ele, o congelamento de cargos de confiança poderá chegar a 50%, e as demissões ainda não cessaram.
Entre os demitidos da Cohab, 53 eram assessores, 12 eram gerentes, e 4, superintendentes. Os salários variavam de R$ 4.000 a R$ 7.500. Além disso, seis diretores, o vice-presidente, o presidente e seu chefe de gabinete tinham verba para refeições de R$ 1.500, cada um. A regalia foi cortada. Agora, os nove dividirão R$ 1.500.
Só as refeições renderam uma economia de R$ 144 mil anuais. O congelamento de cargos devolverá R$ 3,456 milhões aos cofres públicos. Com esse valor, segundo Hereda, seria possível construir 103 apartamentos e 272 casas de mutirão, com infra-estrutura completa. Nos últimos dois anos, a Cohab construiu 184 unidades habitacionais (veja quadro).
Para Hereda, o corte "deve ter atendido às denúncias de funcionários com altos salários indicados por vereadores". No ano passado, o vereador reeleito Carlos Neder (PT) entregou uma lista de 37 nomes ao Ministério Público de supostos funcionários indicados por parlamentares do PMDB, principalmente Myryam Athiê, ex-presidente da Cohab.
"Nós não tivemos como critério o corte, primeiro, desses nomes, e sim a própria reestruturação da empresa", diz Hereda. A Folha apurou que os 37 funcionários seriam mantidos para cumprir acordo com a vereadora Myryam Athiê na eleição de José Eduardo Cardozo (PT) à presidência da Câmara. "Não há a menor recomendação de poupar alguém", garantiu o presidente da Cohab.
O secretário da Habitação afirma que a missão da nova presidência da Cohab é torná-la sadia financeiramente. "Hoje, a prefeitura é obrigada a colocar R$ 1,8 milhões na autarquia por mês. Com a economia feita com os cortes, esse valor cairá cerca de 20%."



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