|
Próximo Texto | Índice
TRÂNSITO
Prefeitura quer que motorista ande mais para evitar trânsito na Cidade Jardim/Rebouças, que ficará 11 meses em obras
Desvio da CET eleva distância em até 8 km
ALENCAR IZIDORO
AMARÍLIS LAGE
DA REPORTAGEM LOCAL
O paulistano vai perder tempo e
dinheiro para fugir dos engarrafamentos decorrentes das obras das
avenidas Cidade Jardim/Rebouças/Faria Lima: somente por um
dos "roteiros de fuga" sugeridos
pela CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), a distância de
um bairro da zona oeste, próximo
da divisa com a zona sul, ao centro de São Paulo sobe oito quilômetros -de 13 km para 21 km.
Esses desvios longos serão incentivados pela CET principalmente a partir de amanhã, quando a Cidade Jardim será interditada para a construção de uma passagem subterrânea no cruzamento com a Faria Lima -obra semelhante à que já começou a ser feita
no cruzamento com a Rebouças.
Tendo a avenida Giovanni
Gronchi, ao lado do estádio do
Morumbi, como ponto de partida, a Folha testou ontem dois trajetos em direção à praça Ramos
de Azevedo, ao lado do Teatro
Municipal, do Banespinha, onde a
prefeita Marta Suplicy (PT) irá se
instalar, e da nova sede da CET.
O primeiro, seguindo pelas avenidas Morumbi, Eng. Oscar Americano, Cidade Jardim e Nove de
Julho, somou 13 km e durou 34
minutos. O segundo, indo pelas
vias recomendadas pela CET (Dr.
Flávio A. Maurano, Morumbi,
Roque Petroni Jr., Vereador José
Diniz, Ibirapuera e 23 de Maio),
somou 21 km e durou 45 minutos.
Os dois percursos foram feitos
fora das horas de pico (entre 11h e
13h), mas a duração deles tem de
ser relativizada porque ela depende dos focos do trânsito no dia.
O trajeto mais curto, por exemplo, foi feito numa velocidade média de 23 km/h, já que havia lentidão na Nove de Julho em razão de
um ônibus quebrado e de obras
do corredor nessa via. No mais
longo, ela atingiu 28 km/h.
Se a velocidade fosse de 25 km/h
nos dois casos, a diferença de
tempo entre as duas opções se
aproximaria de 20 minutos.
Os oito quilômetros extras do
trajeto que um motorista dessa
região (Morumbi, Vila Andrade,
Vila Sônia) deve rodar caso siga
esse "roteiro de fuga" na ida e na
volta deverá significar uma elevação próxima de R$ 70 -61,5%-
por mês em despesas com gasolina (de R$ 114 para R$ 184).
A alta dos custos e da distância,
entretanto, não significa necessariamente que a área das obras será
uma opção melhor -já que a lentidão vai aumentar com a interdição da Cidade Jardim.
"É uma alternativa, não é uma
obrigação. O motorista é que tem
de avaliar", afirma Carlos Codeffeira, da gerência de projetos da
CET, reconhecendo que, principalmente nos picos, as vias que fazem parte do "roteiro de fuga" de
21 km também costumam ficar
congestionadas (ou seja, nesses
horários, entre ficar 13 km ou 21
km em engarrafamentos, a opção
mais curta é mais vantajosa).
A CET decidiu incentivar as rotas mais longas porque avalia que
as de curta distância, nas proximidades das avenidas Rebouças, Faria Lima e Cidade Jardim, estarão
saturadas no fim do mês.
"Volta enorme"
A médica Priscila Silveira, 27,
que mora em Moema e trabalha
no centro, diz que não pretende
prolongar seu trajeto para fugir de
congestionamentos na região.
"Prefiro ir por aqui [pela Cidade
Jardim] mesmo que demore. O
trânsito lá já é horrível e eu ainda
teria que dar uma volta enorme."
Essa é a mesma opinião do motorista particular Claudomiro
Dias, 29. "Se o trânsito daqui for
para a região do Morumbi, vai
prejudicar ainda mais a situação
lá, que já é péssima. Não vale."
O administrador Walter Monteiro, 49, pensa em outras alternativas. "Acho que vou sair mais cedo ou mais tarde de casa. Ou posso deixar meu carro em um estacionamento e ir a pé."
Próximo Texto: Movimento em lojas caiu 50% Índice
|