São Paulo, sábado, 10 de janeiro de 2004

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TRÂNSITO

Prefeitura quer que motorista ande mais para evitar trânsito na Cidade Jardim/Rebouças, que ficará 11 meses em obras

Desvio da CET eleva distância em até 8 km

ALENCAR IZIDORO
AMARÍLIS LAGE
DA REPORTAGEM LOCAL

O paulistano vai perder tempo e dinheiro para fugir dos engarrafamentos decorrentes das obras das avenidas Cidade Jardim/Rebouças/Faria Lima: somente por um dos "roteiros de fuga" sugeridos pela CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), a distância de um bairro da zona oeste, próximo da divisa com a zona sul, ao centro de São Paulo sobe oito quilômetros -de 13 km para 21 km.
Esses desvios longos serão incentivados pela CET principalmente a partir de amanhã, quando a Cidade Jardim será interditada para a construção de uma passagem subterrânea no cruzamento com a Faria Lima -obra semelhante à que já começou a ser feita no cruzamento com a Rebouças.
Tendo a avenida Giovanni Gronchi, ao lado do estádio do Morumbi, como ponto de partida, a Folha testou ontem dois trajetos em direção à praça Ramos de Azevedo, ao lado do Teatro Municipal, do Banespinha, onde a prefeita Marta Suplicy (PT) irá se instalar, e da nova sede da CET.
O primeiro, seguindo pelas avenidas Morumbi, Eng. Oscar Americano, Cidade Jardim e Nove de Julho, somou 13 km e durou 34 minutos. O segundo, indo pelas vias recomendadas pela CET (Dr. Flávio A. Maurano, Morumbi, Roque Petroni Jr., Vereador José Diniz, Ibirapuera e 23 de Maio), somou 21 km e durou 45 minutos.
Os dois percursos foram feitos fora das horas de pico (entre 11h e 13h), mas a duração deles tem de ser relativizada porque ela depende dos focos do trânsito no dia.
O trajeto mais curto, por exemplo, foi feito numa velocidade média de 23 km/h, já que havia lentidão na Nove de Julho em razão de um ônibus quebrado e de obras do corredor nessa via. No mais longo, ela atingiu 28 km/h.
Se a velocidade fosse de 25 km/h nos dois casos, a diferença de tempo entre as duas opções se aproximaria de 20 minutos.
Os oito quilômetros extras do trajeto que um motorista dessa região (Morumbi, Vila Andrade, Vila Sônia) deve rodar caso siga esse "roteiro de fuga" na ida e na volta deverá significar uma elevação próxima de R$ 70 -61,5%- por mês em despesas com gasolina (de R$ 114 para R$ 184).
A alta dos custos e da distância, entretanto, não significa necessariamente que a área das obras será uma opção melhor -já que a lentidão vai aumentar com a interdição da Cidade Jardim.
"É uma alternativa, não é uma obrigação. O motorista é que tem de avaliar", afirma Carlos Codeffeira, da gerência de projetos da CET, reconhecendo que, principalmente nos picos, as vias que fazem parte do "roteiro de fuga" de 21 km também costumam ficar congestionadas (ou seja, nesses horários, entre ficar 13 km ou 21 km em engarrafamentos, a opção mais curta é mais vantajosa).
A CET decidiu incentivar as rotas mais longas porque avalia que as de curta distância, nas proximidades das avenidas Rebouças, Faria Lima e Cidade Jardim, estarão saturadas no fim do mês.

"Volta enorme"
A médica Priscila Silveira, 27, que mora em Moema e trabalha no centro, diz que não pretende prolongar seu trajeto para fugir de congestionamentos na região. "Prefiro ir por aqui [pela Cidade Jardim] mesmo que demore. O trânsito lá já é horrível e eu ainda teria que dar uma volta enorme."
Essa é a mesma opinião do motorista particular Claudomiro Dias, 29. "Se o trânsito daqui for para a região do Morumbi, vai prejudicar ainda mais a situação lá, que já é péssima. Não vale."
O administrador Walter Monteiro, 49, pensa em outras alternativas. "Acho que vou sair mais cedo ou mais tarde de casa. Ou posso deixar meu carro em um estacionamento e ir a pé."


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