São Paulo, sábado, 10 de janeiro de 2009

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EDITH OLIVEIRA NOGUEIRA (1914-2009)

Da Bahia, um som do prato de queijo

LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR

Ela só foi reconhecida profissionalmente aos 58 anos, quando a maioria das mulheres faz planos para desfrutar da aposentadoria. Em 1973, o cantor e compositor Caetano Veloso apresentou Edith Oliveira Nogueira para o Brasil e diversos países ao incluir uma participação da sambista no disco "Araçá Azul".
A partir daí, a dona-de-casa, que começou aos oito anos a tirar os primeiros sons de uma cuia de queijo, ganhou um apelido que resumia a sua destreza no manejo da faca e dos pratos para o samba: Edith do Prato.
Na pacata Santo Amaro (71 km de Salvador), onde nasceu, ensinou a sua arte para centenas de pessoas e ajudou a divulgar a música do Recôncavo Baiano.
A família Veloso contribuiu para a propagação do talento. O seu único CD (independente) foi produzido por Maria Bethânia e seu sobrinho J. Veloso. Lançado em 2001, "Dona Edith do Prato e Vozes da Purificação" esgotou-se rapidamente e, dois anos depois, foi relançado pela Biscoito Fino.
Ela costumava contar a sua vida para os moradores de Santo Amaro nas tardes de domingo. Nos últimos anos, já famosa, participou de apresentações no principal palco de espetáculos da Bahia: o Teatro Castro Alves.
Internada desde dezembro, após um AVC (acidente vascular cerebral), Edith do Prato morreu na noite de anteontem, aos 94. Amigos e parentes realizaram seu último desejo: tocaram percussão enquanto o corpo era enterrado ontem à tarde.


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