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EDITH OLIVEIRA NOGUEIRA (1914-2009)
Da Bahia, um som do prato de queijo
LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR
Ela só foi reconhecida profissionalmente aos 58 anos,
quando a maioria das mulheres faz planos para desfrutar
da aposentadoria. Em 1973, o
cantor e compositor Caetano
Veloso apresentou Edith Oliveira Nogueira para o Brasil
e diversos países ao incluir
uma participação da sambista no disco "Araçá Azul".
A partir daí, a dona-de-casa, que começou aos oito
anos a tirar os primeiros
sons de uma cuia de queijo,
ganhou um apelido que resumia a sua destreza no manejo
da faca e dos pratos para o
samba: Edith do Prato.
Na pacata Santo Amaro (71
km de Salvador), onde nasceu, ensinou a sua arte para
centenas de pessoas e ajudou
a divulgar a música do Recôncavo Baiano.
A família Veloso contribuiu para a propagação do
talento. O seu único CD (independente) foi produzido
por Maria Bethânia e seu sobrinho J. Veloso. Lançado
em 2001, "Dona Edith do
Prato e Vozes da Purificação" esgotou-se rapidamente e, dois anos depois, foi relançado pela Biscoito Fino.
Ela costumava contar a
sua vida para os moradores
de Santo Amaro nas tardes
de domingo. Nos últimos
anos, já famosa, participou
de apresentações no principal palco de espetáculos da
Bahia: o Teatro Castro Alves.
Internada desde dezembro, após um AVC (acidente
vascular cerebral), Edith do
Prato morreu na noite de anteontem, aos 94. Amigos e
parentes realizaram seu último desejo: tocaram percussão enquanto o corpo era enterrado ontem à tarde.
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