São Paulo, quinta-feira, 10 de fevereiro de 2000


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ESTELIONATO
Em 1999, 580 reclamações foram registradas pelo Procon -31,6% do total relativo a bancos
Golpe eletrônico lidera queixas bancárias

ALESSANDRO SILVA
da Reportagem Local

O ""sumiço" de dinheiro das contas correntes dos paulistanos, pela primeira vez, lidera entre as reclamações contra bancos recebidas na capital paulista pelo Procon (Fundação de proteção e Defesa do Consumidor). O dinheiro desaparece por meio de retiradas ou transferências eletrônicas que o cliente não autorizou.
A polícia investiga a ação de quadrilhas especializadas em estelionato eletrônico, como vem sendo chamada a nova modalidade de ladrões de banco. Há suspeita de clonagem de cartão, furtos on line pela Internet e golpistas que agem dentro dos caixas de auto-atendimento 24 horas (veja arte nesta página).
No ano passado, 580 reclamações foram registradas pelo Procon -31,6% do total de queixas contra estabelecimentos bancários. Até 98, os saques indevidos ou ""falhas bancárias em transações eletrônicas" eram raros e não apareciam nas estatísticas.
O dado do Procon serve como termômetro da gravidade da situação, mas não representa o total de vítimas, que é ainda maior. Somente no 3º DP (Santa Ifigênia), um dos 103 da capital, há 83 inquéritos em andamento desde o começo de novembro -quase um caso novo por dia.
""Nenhuma investigação chegou ao final porque não há vestígios", disse o delegado Francisco Missacis, 43, titular do 3º DP. Os casos surgiram no final do primeiro semestre do ano passado.
É o caso da professora aposentada Sandra Aparecida Simões Luchesi, que perdeu o salário do mês de dezembro, o 13º e ainda ficou devendo R$ 1.800 para o Banco do Brasil.
Ela estava no litoral, com seu cartão e senha, quando percebeu o prejuízo de R$ 6.753 ao tirar um extrato. A série de saques foi feita em São Paulo, em três agências diferentes. ""Nunca dei meu cartão na mão de ninguém."
Há um mês, ela tenta receber o dinheiro do banco, que prometeu devolver a quantia e esquecer a dívida após investigação interna.
A Polícia Civil não possui dados sobre os estelionatos eletrônicos em São Paulo. Os casos estão distribuídos em várias delegacias.
O valor e a facilidade com que as retiradas são feitas pode explicar o surgimento desse novo tipo de crime. O delegado Mauro Marcelo de Lima e Silva, 40, do setor de crimes pela Internet da Polícia Civil, investiga uma transferência bancária via Internet de R$ 70 mil, feita de um banco de São Paulo para uma poupança do Rio de Janeiro, onde o dinheiro foi sacado.
""Não acredito que hackers tenham invadido o sistema dos bancos, mas de alguma forma essas quadrilhas conseguiram os dados dos correntistas e até as senhas", disse o delegado.


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