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ESTELIONATO
Em 1999, 580 reclamações foram registradas pelo Procon -31,6% do total relativo a bancos
Golpe eletrônico lidera queixas bancárias
ALESSANDRO SILVA
da Reportagem Local
O ""sumiço" de dinheiro das
contas correntes dos paulistanos,
pela primeira vez, lidera entre as
reclamações contra bancos recebidas na capital paulista pelo Procon (Fundação de proteção e Defesa do Consumidor). O dinheiro
desaparece por meio de retiradas
ou transferências eletrônicas que
o cliente não autorizou.
A polícia investiga a ação de
quadrilhas especializadas em estelionato eletrônico, como vem
sendo chamada a nova modalidade de ladrões de banco. Há suspeita de clonagem de cartão, furtos on line pela Internet e golpistas que agem dentro dos caixas de
auto-atendimento 24 horas (veja
arte nesta página).
No ano passado, 580 reclamações foram registradas pelo Procon -31,6% do total de queixas
contra estabelecimentos bancários. Até 98, os saques indevidos
ou ""falhas bancárias em transações eletrônicas" eram raros e não
apareciam nas estatísticas.
O dado do Procon serve como
termômetro da gravidade da situação, mas não representa o total
de vítimas, que é ainda maior. Somente no 3º DP (Santa Ifigênia),
um dos 103 da capital, há 83 inquéritos em andamento desde o
começo de novembro -quase
um caso novo por dia.
""Nenhuma investigação chegou
ao final porque não há vestígios",
disse o delegado Francisco Missacis, 43, titular do 3º DP. Os casos
surgiram no final do primeiro semestre do ano passado.
É o caso da professora aposentada Sandra Aparecida Simões
Luchesi, que perdeu o salário do
mês de dezembro, o 13º e ainda ficou devendo R$ 1.800 para o Banco do Brasil.
Ela estava no litoral, com seu
cartão e senha, quando percebeu
o prejuízo de R$ 6.753 ao tirar um
extrato. A série de saques foi feita
em São Paulo, em três agências
diferentes. ""Nunca dei meu cartão na mão de ninguém."
Há um mês, ela tenta receber o
dinheiro do banco, que prometeu
devolver a quantia e esquecer a dívida após investigação interna.
A Polícia Civil não possui dados
sobre os estelionatos eletrônicos
em São Paulo. Os casos estão distribuídos em várias delegacias.
O valor e a facilidade com que as
retiradas são feitas pode explicar
o surgimento desse novo tipo de
crime. O delegado Mauro Marcelo de Lima e Silva, 40, do setor de
crimes pela Internet da Polícia Civil, investiga uma transferência
bancária via Internet de R$ 70 mil,
feita de um banco de São Paulo
para uma poupança do Rio de Janeiro, onde o dinheiro foi sacado.
""Não acredito que hackers tenham invadido o sistema dos
bancos, mas de alguma forma essas quadrilhas conseguiram os
dados dos correntistas e até as senhas", disse o delegado.
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