|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
REMÉDIOS
Sindicato dos Médicos diz que representantes de laboratórios continuam pressão contra genéricos
Vendedor ataca genérico, dizem médicos
PRISCILA LAMBERT
da Reportagem Local
O presidente do Sindicato dos
Médicos de São Paulo, José Erivalder de Oliveira, afirmou ontem
que os grandes laboratórios farmacêuticos continuam fazendo
uma pressão, agora "subliminar",
para que os médicos priorizem os
remédios de marca em detrimento de similares e genéricos.
De acordo com Oliveira, os propagandistas, contratados pelos laboratórios para visitarem médicos e apresentarem seus medicamentos, utilizam agora as expressões "laboratório ético" e "produtos éticos que estão de acordo
com as especificidades técnicas
exigidas" para se referir aos laboratórios para quem trabalham e a
seus produtos de marca.
"É uma pressão subliminar, menos agressiva do que quando veio
a público a guerra declarada de laboratórios contra genéricos e similares, no ano passado", afirma
o presidente do sindicato. "Agora,
com a pressão da sociedade, eles
não podem se expor tanto."
Os médicos ainda têm recebido
visitas de propagandistas, segundo ele, que dizem que eles "não
devem cair no conto do vigário",
referindo-se a medicamentos similares. "Quanto aos genéricos,
alguns tentam desqualificá-los
afirmando que há maior facilidade para falsificações e que não há
fiscalização suficiente. Essa é uma
afirmação absurda, já que tivemos casos recentes de remédios
de marca falsificados", diz.
O endocrinologista Otelo Chino
Junior diz que tem recebido folhetos de laboratórios com frases como "confie na marca que você conhece e que é garantida" ou "não
se esqueça de que fomos nós que
desenvolvemos o remédio".
O presidente da Abifarma (Associação Brasileira da Indústria
Farmacêutica), José Eduardo
Bandeira de Mello, afirmou que
espera que "não seja verdade o
que o presidente do Sindicato dos
Médicos diz".
"Deve-se armar um flagrante e
prender quem esteja sugerindo
que os genéricos aprovados pela
Vigilância Sanitária não tenham
boa qualidade", afirma.
Quanto aos similares, Bandeira
de Mello mantém seu discurso de
que há remédios de má qualidade
no mercado, que têm de ser combatidos.
Na contramão das supostas
pressões, o laboratório EMS, fabricante dos três primeiros genéricos que estão chegando ao mercado, começará, no próximo mês,
sua campanha de conscientização
em relação aos genéricos.
Ao longo de dois meses, seus
propagandistas devem visitar 75
mil médicos. "Vamos vender o
conceito do genérico, apresentar
os testes a que foram submetidos
e mostrar que eles têm a mesma
qualidade dos remédios de referência", afirma Carlos Sanches,
diretor-presidente do EMS.
Texto Anterior: Câncer mata criadora do The Shirelles Próximo Texto: Remédios chegam às farmácias do Rio Índice
|