São Paulo, quinta-feira, 10 de fevereiro de 2000


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REMÉDIOS
Sindicato dos Médicos diz que representantes de laboratórios continuam pressão contra genéricos
Vendedor ataca genérico, dizem médicos

PRISCILA LAMBERT
da Reportagem Local

O presidente do Sindicato dos Médicos de São Paulo, José Erivalder de Oliveira, afirmou ontem que os grandes laboratórios farmacêuticos continuam fazendo uma pressão, agora "subliminar", para que os médicos priorizem os remédios de marca em detrimento de similares e genéricos.
De acordo com Oliveira, os propagandistas, contratados pelos laboratórios para visitarem médicos e apresentarem seus medicamentos, utilizam agora as expressões "laboratório ético" e "produtos éticos que estão de acordo com as especificidades técnicas exigidas" para se referir aos laboratórios para quem trabalham e a seus produtos de marca.
"É uma pressão subliminar, menos agressiva do que quando veio a público a guerra declarada de laboratórios contra genéricos e similares, no ano passado", afirma o presidente do sindicato. "Agora, com a pressão da sociedade, eles não podem se expor tanto."
Os médicos ainda têm recebido visitas de propagandistas, segundo ele, que dizem que eles "não devem cair no conto do vigário", referindo-se a medicamentos similares. "Quanto aos genéricos, alguns tentam desqualificá-los afirmando que há maior facilidade para falsificações e que não há fiscalização suficiente. Essa é uma afirmação absurda, já que tivemos casos recentes de remédios de marca falsificados", diz.
O endocrinologista Otelo Chino Junior diz que tem recebido folhetos de laboratórios com frases como "confie na marca que você conhece e que é garantida" ou "não se esqueça de que fomos nós que desenvolvemos o remédio".
O presidente da Abifarma (Associação Brasileira da Indústria Farmacêutica), José Eduardo Bandeira de Mello, afirmou que espera que "não seja verdade o que o presidente do Sindicato dos Médicos diz".
"Deve-se armar um flagrante e prender quem esteja sugerindo que os genéricos aprovados pela Vigilância Sanitária não tenham boa qualidade", afirma.
Quanto aos similares, Bandeira de Mello mantém seu discurso de que há remédios de má qualidade no mercado, que têm de ser combatidos.
Na contramão das supostas pressões, o laboratório EMS, fabricante dos três primeiros genéricos que estão chegando ao mercado, começará, no próximo mês, sua campanha de conscientização em relação aos genéricos.
Ao longo de dois meses, seus propagandistas devem visitar 75 mil médicos. "Vamos vender o conceito do genérico, apresentar os testes a que foram submetidos e mostrar que eles têm a mesma qualidade dos remédios de referência", afirma Carlos Sanches, diretor-presidente do EMS.



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