|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
"Ele me entregou porque gosta de mim", diz Diego
DA SUCURSAL DO RIO
"Ele me entregou porque gosta de mim." Assim
Diego Nascimento da Silva, 18, justificou para a Folha a atitude do pai, Kerginaldo Marinho da Silva,
que prestou informações
sobre o seu paradeiro à polícia e provocou sua prisão.
Ele pediu desculpas para a família de João. "Eu
não matei ninguém. Só
queríamos levar o carro",
declarou.
Diego confirmou que
havia três pessoas no carro, mas voltou a negar que
sabia que o menino estava
pendurado do lado de fora,
preso pelo cinto de segurança. Negou também que
tenha se referido ao garoto
como "boneco de Judas".
Diego afirmou que Tiago Abreu Mattos foi o
mentor do assalto e declarou que a intenção do grupo era roubar apenas os
pneus do carro.
Segundo o jovem, foi o
adolescente de 16 anos,
que está preso, quem rendeu as vítimas e o irmão
arrancou com o carro.
O jovem disse que há pelo menos um ano passou a
praticar crimes, como roubo de carros, mas não soube explicar o motivo. Negou que tivesse matado alguém nesse período.
Diego disse que largou
os estudos na 5ª série do
ensino fundamental. Trabalhou como camelô, em
transporte alternativo e
como vendedor de vale-transporte nas ruas.
Disse que sua primeira
noite na cadeia foi "horrível". "Não consegui dormir. Só comi um pacote de
biscoitos."
Casa apedrejada
A casa de Diego foi apedrejada na madrugada de
ontem. Sua madrasta, Maria Simara, disse que a moradia foi alvejada por desconhecidos.
A família teme ser alvo
de vingança, pelo fato de
ter denunciado Diego, que
apontou mais outros participantes do assalto.
Segundo a madrasta,
Diego lhe disse que não viu
que a criança estava sendo
arrastada, por causa dos
vidros escurecidos do carro. ""Todo mundo sabe que
ele adora criança", disse.
O jovem morava com o
pai, a madrasta e dois irmãos em uma das casas
mais simples da rua Borneo. Abandonado pela
mãe, foi criado pelo pai,
Kerginaldo. Segundo os vizinhos, passava os dias
dormindo e saía todas as
noites. O pai reclamava
que não tinha controle sobre ele.
Kerginaldo já o havia
denunciado à polícia pelo
furto do próprio carro. Na
tentativa de furto, Diego
foi reconhecido pelo dono
do ferro-velho quando
tentava vender o automóvel do pai. Os vizinhos afirmam que ele roubava carros havia mais de um ano.
Baile funk
Na noite do crime, após
abandonar o carro roubado perto de sua casa, em
Cascadura, com os restos
do corpo da criança ainda
presos ao veículo, Diego
foi para a frente da boate
Papa G, em Madureira, relataram amigos.
Costumeiramente provocava homossexuais que
freqüentam o local. Teria
estado também em um
baile funk, onde foi informado de que o pai o denunciara à polícia.
(ELVIRA LOBATO, ITALO NOGUEIRA e MHM)
Texto Anterior: Preso outro envolvido na morte de menino Próximo Texto: Casa de acusado é apedrejada; família teme retaliação Índice
|