São Paulo, sábado, 10 de fevereiro de 2007

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"Ele me entregou porque gosta de mim", diz Diego

DA SUCURSAL DO RIO

"Ele me entregou porque gosta de mim." Assim Diego Nascimento da Silva, 18, justificou para a Folha a atitude do pai, Kerginaldo Marinho da Silva, que prestou informações sobre o seu paradeiro à polícia e provocou sua prisão.
Ele pediu desculpas para a família de João. "Eu não matei ninguém. Só queríamos levar o carro", declarou.
Diego confirmou que havia três pessoas no carro, mas voltou a negar que sabia que o menino estava pendurado do lado de fora, preso pelo cinto de segurança. Negou também que tenha se referido ao garoto como "boneco de Judas".
Diego afirmou que Tiago Abreu Mattos foi o mentor do assalto e declarou que a intenção do grupo era roubar apenas os pneus do carro.
Segundo o jovem, foi o adolescente de 16 anos, que está preso, quem rendeu as vítimas e o irmão arrancou com o carro.
O jovem disse que há pelo menos um ano passou a praticar crimes, como roubo de carros, mas não soube explicar o motivo. Negou que tivesse matado alguém nesse período.
Diego disse que largou os estudos na 5ª série do ensino fundamental. Trabalhou como camelô, em transporte alternativo e como vendedor de vale-transporte nas ruas.
Disse que sua primeira noite na cadeia foi "horrível". "Não consegui dormir. Só comi um pacote de biscoitos."

Casa apedrejada
A casa de Diego foi apedrejada na madrugada de ontem. Sua madrasta, Maria Simara, disse que a moradia foi alvejada por desconhecidos.
A família teme ser alvo de vingança, pelo fato de ter denunciado Diego, que apontou mais outros participantes do assalto.
Segundo a madrasta, Diego lhe disse que não viu que a criança estava sendo arrastada, por causa dos vidros escurecidos do carro. ""Todo mundo sabe que ele adora criança", disse.
O jovem morava com o pai, a madrasta e dois irmãos em uma das casas mais simples da rua Borneo. Abandonado pela mãe, foi criado pelo pai, Kerginaldo. Segundo os vizinhos, passava os dias dormindo e saía todas as noites. O pai reclamava que não tinha controle sobre ele.
Kerginaldo já o havia denunciado à polícia pelo furto do próprio carro. Na tentativa de furto, Diego foi reconhecido pelo dono do ferro-velho quando tentava vender o automóvel do pai. Os vizinhos afirmam que ele roubava carros havia mais de um ano.

Baile funk
Na noite do crime, após abandonar o carro roubado perto de sua casa, em Cascadura, com os restos do corpo da criança ainda presos ao veículo, Diego foi para a frente da boate Papa G, em Madureira, relataram amigos.
Costumeiramente provocava homossexuais que freqüentam o local. Teria estado também em um baile funk, onde foi informado de que o pai o denunciara à polícia. (ELVIRA LOBATO, ITALO NOGUEIRA e MHM)


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