São Paulo, domingo, 10 de fevereiro de 2008

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Após tiroteio com 3 mortes, PM é linchado

Policial, que não estava fardado, foi atacado por 50 pessoas, segundo vizinhos, após matar três homens que atiraram em sua direção

Local do crime em Guarulhos é, segundo a polícia, reduto de criminosos da facção organizada PCC

DA REPORTAGEM LOCAL

Quatro pessoas morreram na madrugada de ontem no bairro dos Pimentas, em Guarulhos (SP). Três foram baleados. Um policial militar foi linchado.
Segundo a Polícia Civil, vizinhos do local do crime disseram que o policial militar Kleber Marcelo de Oliveira Lira, 36, que não estava fardado, passava de carro quando foi alvo de tiros que teriam sido disparados por um grupo de três pessoas que conversava na frente de uma escola. Lira teria revidado e acertado os três.
Em seguida, cerca de 50 pessoas, moradores do conjunto habitacional Marcos Freire, teriam atacado o policial. No local, foram encontrados pedaços de uma cadeira, garrafas e um bloco de concreto que teriam sido usados na agressão.
Morreram, além de Lira, os desempregados Paulo Roberto Olegário, 49, e Atos de Jesus Silva, 20, e o ajudante Antonio Marcos Rodrigues da Silva, 24 -os três com tiros na cabeça. Nenhum deles tinha passagem pela polícia. As armas do policial e dos outros mortos não foram localizadas.
O conjunto Marcos Freire é conhecido pela polícia de Guarulhos como sendo reduto de integrantes do PCC (Primeiro Comando da Capital). Nas ondas de ataques de 2006 policiais foram mortos na região.
Lira estava de folga. Uma das suspeitas é que ele tenha sido reconhecido por criminosos ou que tenha havido uma briga. A polícia não soube informar se ele foi baleado, pois, com o linchamento, seu corpo ficou deformado -só o laudo pericial irá esclarecer.
Familiares de Kleber acreditam que ele foi morto ao cair em uma emboscada. Ele trabalhava há quase 10 anos na PM e pertencia ao 44º Batalhão, responsável pelo policiamento na região da Estrada do Sacramento, onde houve as mortes.

Festa
Na noite de anteontem, o PM recebeu por telefone um convite para participar de uma festa, segundo um de seus irmãos.
Lira estava separado havia quatro anos e tinha um filho de 9 anos que mora com a mãe. Segundo a família, ele gostava de ser policial e costumava não levar sua arma para festas.
A polícia registrou o caso como homicídio comum, não como chacina. Também não acha que houve emboscada. Isso porque o crime ocorreu na frente de dezenas de testemunha e em local aberto.
(EVANDRO SPINELLI e LUIS KAWAGUTI)


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