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GUERRILHA URBANA
Megaoperação, que durou 4 h e envolveu dois helicópteros, deteve 10 suspeitos e apreendeu 4 armas
Polícia ocupa favela com 450 homens
Luiz Carlos Murauskas/Folha Imagem
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Renan da Silva Gomes, 3 anos, observa megaoperação da polícia na favela Heliópolis, em São Paulo, para prender líder do tráfico local |
Na avaliação dos policiais, ação em Heliópolis foi bem-sucedida
Disputa de gangues do tráfico já deixou 26 mortos desde dezembro
CHICO DE GOIS
ALESSANDRO SILVA
da Reportagem Local
A polícia de São Paulo mobilizou ontem 450 homens e dois helicópteros em uma megaoperação
na favela Heliópolis (zona sudeste). Após quatro horas de buscas,
o saldo da operação foi de dez suspeitos detidos, além de quatro armas e pequenas porções de cocaína, maconha e crack apreendidas.
Apesar do pouco resultado prático da operação, a ação foi considerada um sucesso pelos policiais.
"O objetivo foi mostrar à população que estamos presentes", disse o delegado Ubiracyr Pires da
Silva, titular da Divisão de Entorpecentes do Denarc (Departamento de Investigações sobre
Narcóticos). "Com ações desse tipo, queremos dar tranquilidade
aos moradores", disse Silva.
Nenhum líder do tráfico foi encontrado. Segundo a polícia, o local é dominado por Lusérgio Soares de Oliveira, o Sujeirinha, considerado o chefe do tráfico.
A disputa por pontos de venda
de drogas entre Sujeirinha e Wilson Andrade Souza, o Barriga, da
vizinha favela Paraguai, na Vila
Prudente, já deixou 26 mortos
desde dezembro. Sob ameaça, os
moradores de 390 barracos das
favelas Paraguai e Sem Terra
abandonaram suas casas.
A ação começou por volta de 9h
e terminou às 13h. Até mesmo
prédios do Cingapura foram revistados porque havia a informação de que traficantes estariam
ocupando alguns apartamentos.
Drogas
Num barraco à beira de um córrego, policiais localizaram um
ponto de tráfico. No local, havia
cerca de 100 gramas de cocaína,
pedras de crack, uma balança, telefone celular e álbuns de fotos.
Ao perceber a aproximação dos
investigadores, os ocupantes fugiram pelo córrego. Um adolescente, apontado como um dos soldados do tráfico, foi preso.
A Polícia Militar apreendeu, em
outro barraco, aproximadamente
500 gramas de cocaína, além de
gesso, que seria misturado à droga para aumentar o lucro.
Em outra casa da favela foram
recolhidos um revólver e munição para fuzil e para pistola 45.
Nessa casa, Terezinha Bononi Milani foi morta com vários tiros no
mês passado. Ainda há manchas
de sangue no chão e nas paredes.
A polícia não descobriu os responsáveis pelo crime.
Na mesma rua foi encontrada
uma certidão de nascimento falsa
em nome de Mateus Próspero de
Souza. O documento pertenceria
a Rony Pereira dos Santos Alves,
procurado pela Justiça por roubo
e formação de quadrilha.
Entre as pessoas detidas estava
Osmar Francisco Rodrigues, condenado a 12 anos de prisão por
roubo. Três pessoas encaminhadas à delegacia por consumo de
drogas e outras três por porte ilegal de armas deveriam ser liberadas depois de pagar fiança. O adolescente detido por infração seria
encaminhado à Febem.
No total, a polícia vistoriou 50
estabelecimentos comerciais, 120
residências e 300 pessoas.
A favela Heliópolis é a maior de
São Paulo, com uma população
estimada em 80 mil habitantes.
Ela ocupa uma área de cerca de 1
milhão de m2, quase o tamanho
do parque Ibirapuera.
Dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística)
demonstram que 49% dos moradores têm até 22 anos.
Combate homeopático
O delegado Ubiracyr Pires da
Silva disse que a favela Heliópolis
concentra microtraficantes. Para
ele, ao realizar operações de busca
e apreensão como as de ontem, a
polícia acaba, aos poucos, com o
tráfico na favela.
O comandante do Policiamento
de Choque, Osvaldo de Barros Júnior, reconheceu que o resultado
prático ficou abaixo do esperado.
Mas afirmou que a mobilização
de vários policiais teve como objetivo "recuperar a área".
Barros Júnior disse que a Rota
continuará patrulhando as ruas
da favela 24 horas por dia. "As
operações vão continuar", afirmou. "Elas acontecerão em locais
e dias alternados."
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