São Paulo, sexta-feira, 10 de março de 2000


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GOLPE
Suspeito oferecia informações de 12 milhões de pessoas
Polícia suspeita que venda de dados ocorre há dois anos

JOÃO CARLOS SILVA
da Reportagem Local

Correspondências encontradas na memória de um computador do comerciante José Christiano Pereira Júnior levantam suspeita de que ele estava comercializando havia dois anos dados que podem ter sido tirados ilegalmente da Receita Federal.
As correspondências, encaminhadas a empresas que procuravam cadastros para mala-direta, foram encontradas por peritos do Instituto de Criminalística de São Paulo após apreensão de material de informática do comerciante.
Os laudos do instituto citam o conteúdo de uma correspondência em que Pereira Júnior oferece dados de 12 milhões de pessoas físicas e de 4 milhões de empresas de todo o país. A cada mil nomes, ele cobrava R$ 100.
A polícia não divulgou dados sobre as correspondências, já que deve procurar as empresas para descobrir se as vendas foram concretizadas e para saber o teor dos cadastros.
No caso das pessoas físicas, supostamente contribuintes que tiveram informações de suas declarações de Imposto de Renda vazadas, o comerciante informava a empresas interessadas que o banco de dados continha "renda familiar" e "atividade".
Em depoimento à polícia, Pereira Júnior negou envolvimento com o caso, mas hoje deverá ser indiciado (acusado formalmente) sob acusação de violar lei que trata da propriedade intelectual de programas de computador.
"Esses dados (renda) são de quem? Só podem ser da Receita", diz o delegado Manoel Adamuz Neto, que investiga o caso.

Investigação
A polícia chegou a Pereira Júnior a partir do depoimento do vendedor Jefferson Festa Perez, flagrado em janeiro vendendo dados da Telefônica, da Telemar, do Rio de Janeiro, e informações que ele dizia ser da Receita.
Perez apontou Pereira Júnior como fornecedor do banco de dados da Telefônica. Só com a perícia surgiu também a suspeita do envolvimento dele com venda de dados que podem ser da Receita.
O vendedor foi indiciado ontem. Hoje, além de Pereira Júnior, José Adriano Pires e Carlos Alberto Rodrigues da Silva também devem ser indiciados.

Receita
Apesar da suspeita da polícia, a confirmação do suposto vazamento de dados da Receita depende ainda de laudos do Instituto de Criminalística.
A polícia também investiga a participação de outras pessoas no caso e quer descobrir como os dados podem ter vazado.



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