São Paulo, sábado, 10 de março de 2001

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Promotoria deve investigar suposta ligação de perueiros com tráfico

DA REPORTAGEM LOCAL

A polícia e o Ministério Público deverão investigar a ligação do narcotráfico com a destruição de dez ônibus em São Paulo. Há suspeita de que grupos criminosos de perueiros estejam por trás dos incêndios e depredações que começaram anteontem, quando foi intensificada a fiscalização contra as lotações clandestinas.
A prefeita Marta Suplicy disse que esse assunto "não é mais questão da prefeitura, é questão de polícia". "A informação que obtive é que é um pessoal ligado ao narcotráfico, que colocou menores de idade para operar nesse incêndio de ônibus." Anteontem à noite, dois adolescentes foram detidos por suspeita de envolvimento em uma dessas ações.
Em dezembro, perueiros impuseram toque de recolher a comerciantes da zona norte por causa da morte de um traficante. Nos dois primeiros dias das blitze conjuntas entre a SPTrans (São Paulo Transporte) e a Polícia Militar, houve oito ônibus queimados e dois apedrejados, todos na zona sul. No ano passado inteiro, 70 veículos foram atingidos em atentados atribuídos a perueiros.
Anteontem, 36 peruas foram apreendidas pela fiscalização. Ontem de manhã, houve mais nove apreensões. Nos 31 dias de janeiro, foram apenas 27.
O secretário dos Transportes, Carlos Zarattini, pedirá ao Ministério Público uma investigação sobre a máfia dos perueiros. Ele também solicitou interferência do secretário da Segurança Pública, Marco Vinicio Petrelluzzi. Segundo Zarattini, as blitze contra os clandestinos serão mantidas. Essa foi uma condição do sindicato dos motoristas para suspender uma greve na última terça.
Um dos ônibus foi atacado ontem, por volta das 13h30, quando estava parado, sem passageiros, no ponto final da linha Sesc Interlagos-Metrô Jabaquara. Testemunhas viram três homens jogando uma garrafa dentro do veículo. Em seguida, houve uma explosão. Motoristas da Bola Branca conseguiram conter parte do fogo, mas a frente foi destruída.
O segundo ataque do dia aconteceu no começo da noite, no Jardim Miriam. Um grupo jogou pedras no veículo. Quinze pessoas foram detidas e encaminhadas à delegacia. Segundo policiais, um passageiro teria ficado ferido.
Líder da categoria na zona sul, Laércio Ezequiel dos Santos nega envolvimento nesses atos. Na gestão Pitta, ele foi preso sob a acusação de participar de atentados a ônibus. Santos admite a existência de criminosos entre os perueiros. "Máfia existe em todos os segmentos. Mas não dá para generalizar." (ALENCAR IZIDORO E JOÃO CARLOS SILVA)


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