São Paulo, sexta-feira, 10 de março de 2006

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SISTEMA PRISIONAL

Registros apontam ligação, minutos antes do ataque a presídio, para aparelho que estava com preso em cela

Telefonemas ligam PCC a resgate frustrado

DA REPORTAGEM LOCAL

Além de revelar fotos de presos feitas por telefone celular com câmera digital, o relatório da Secretaria da Administração Penitenciária enviado à Justiça também apresenta um cruzamento de ligações telefônicas que reforça a suspeita de que a tentativa de resgate em Presidente Bernardes, em janeiro deste ano, tinha como alvo líderes do PCC.
Uma perícia nos celulares encontrados com duas mulheres presas, supostamente envolvidas na ação, e nos dez aparelhos apreendidos na Penitenciária 1 de Presidente Bernardes revelou números telefônicos em comum.
Em um desses casos citados no relatório, o número de um celular contido na agenda de um aparelho encontrado com as mulheres também aparece entre as chamadas recebidas no celular encontrado na cela do preso José Carlos Rabelo, o Pateta, apontado como um dos líderes do PCC.
A chamada ocorreu às 3h26 do dia 9 de janeiro, minutos antes da tentativa frustrada de resgate, segundo o relatório da secretaria.
Um telefone celular achado com as duas mulheres também registra, às 19h26 do dia 8 de janeiro, uma chamada de um aparelho. Esse mesmo aparelho, às 4h36 do dia 9, liga para o celular que estava na cela de outro preso, Carlos Antonio da Silva, o Balengo.
Segundo o relatório feito pela secretaria, os números em comum registrados nos aparelhos apreendidos com as suspeitas de participar da ação e com os presos indicam que o alvo da tentativa de resgate era Marcola.

Topo
Assaltante de banco, Marcola chegou ao topo da hierarquia em 2002, aproveitando um racha no comando entre "moderados" e "radicais" e perseguindo presos fundadores da facção, segundo uma investigação da polícia e do Ministério Publico.
O PCC foi criado em 1993, no anexo da Casa de Custódia de Taubaté. Marcola não estava entre os fundadores.
Em fevereiro de 2001, a facção promoveu a maior rebelião da história do sistema penitenciário brasileiro, com a adesão de detentos de 29 prisões paulistas.
Na época, a cúpula do PCC era ocupada pelos presos Idemir Carlos Ambrósio, o Sombra -considerado o líder máximo-, José Márcio Felício, o Geleião, e Cesar Augusto Roris da Silva, o Cesinha. Os três são fundadores do PCC. Em julho de 2001, Sombra foi morto por outros presos, provavelmente a mando dos antigos comparsas de liderança da facção criminosa, que se tornava cada vez mais violenta.
Em 2002 ocorreu um racha na liderança da facção, gerando dois grupos que a polícia e o Ministério Público chamaram de "moderados" e "radicais".
Marcola se fortaleceu a partir desse momento, quando liderou o grupo mais moderado, em oposição a Geleião, que vinha promovendo uma série de atentados que levaram parte da cúpula para o RDD. Nessa disputa, Marcola conseguiu a hegemonia, e Cesinha e Geleião foram jurados de morte pela facção.
(GILMAR PENTEADO)


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