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SISTEMA PRISIONAL
Registros apontam ligação, minutos antes do ataque a presídio, para aparelho que estava com preso em cela
Telefonemas ligam PCC a resgate frustrado
DA REPORTAGEM LOCAL
Além de revelar fotos de presos
feitas por telefone celular com câmera digital, o relatório da Secretaria da Administração Penitenciária enviado à Justiça também
apresenta um cruzamento de ligações telefônicas que reforça a suspeita de que a tentativa de resgate
em Presidente Bernardes, em janeiro deste ano, tinha como alvo
líderes do PCC.
Uma perícia nos celulares encontrados com duas mulheres
presas, supostamente envolvidas
na ação, e nos dez aparelhos
apreendidos na Penitenciária 1 de
Presidente Bernardes revelou números telefônicos em comum.
Em um desses casos citados no
relatório, o número de um celular
contido na agenda de um aparelho encontrado com as mulheres
também aparece entre as chamadas recebidas no celular encontrado na cela do preso José Carlos
Rabelo, o Pateta, apontado como
um dos líderes do PCC.
A chamada ocorreu às 3h26 do
dia 9 de janeiro, minutos antes da
tentativa frustrada de resgate, segundo o relatório da secretaria.
Um telefone celular achado com
as duas mulheres também registra, às 19h26 do dia 8 de janeiro,
uma chamada de um aparelho.
Esse mesmo aparelho, às 4h36 do
dia 9, liga para o celular que estava
na cela de outro preso, Carlos Antonio da Silva, o Balengo.
Segundo o relatório feito pela
secretaria, os números em comum registrados nos aparelhos
apreendidos com as suspeitas de
participar da ação e com os presos
indicam que o alvo da tentativa de
resgate era Marcola.
Topo
Assaltante de banco, Marcola
chegou ao topo da hierarquia em
2002, aproveitando um racha no
comando entre "moderados" e
"radicais" e perseguindo presos
fundadores da facção, segundo
uma investigação da polícia e do
Ministério Publico.
O PCC foi criado em 1993, no
anexo da Casa de Custódia de
Taubaté. Marcola não estava entre os fundadores.
Em fevereiro de 2001, a facção
promoveu a maior rebelião da
história do sistema penitenciário
brasileiro, com a adesão de detentos de 29 prisões paulistas.
Na época, a cúpula do PCC era
ocupada pelos presos Idemir Carlos Ambrósio, o Sombra -considerado o líder máximo-, José
Márcio Felício, o Geleião, e Cesar
Augusto Roris da Silva, o Cesinha.
Os três são fundadores do PCC.
Em julho de 2001, Sombra foi
morto por outros presos, provavelmente a mando dos antigos
comparsas de liderança da facção
criminosa, que se tornava cada
vez mais violenta.
Em 2002 ocorreu um racha na
liderança da facção, gerando dois
grupos que a polícia e o Ministério Público chamaram de "moderados" e "radicais".
Marcola se fortaleceu a partir
desse momento, quando liderou
o grupo mais moderado, em oposição a Geleião, que vinha promovendo uma série de atentados que
levaram parte da cúpula para o
RDD. Nessa disputa, Marcola
conseguiu a hegemonia, e Cesinha e Geleião foram jurados de
morte pela facção.
(GILMAR PENTEADO)
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