São Paulo, sexta-feira, 10 de março de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ESTRADAS

Veículo ia de Campinas para Caldas Novas quando tombou em barranco; boa parte dos passageiros era de idosos

Acidente com ônibus mata 14 em Minas

JOSÉ EDUARDO RONDON
DA AGÊNCIA FOLHA

MAURÍCIO SIMIONATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPINAS

Um acidente com um ônibus que havia partido de Campinas, no interior de São Paulo, com destino à cidade de Caldas Novas, em Goiás, ontem, causou a morte de 14 pessoas e ferimentos em outras 27 -ao menos oito ficaram feridas gravemente. Boa parte dos passageiros era de idosos.
O veículo da empresa Transportes Capellini Ltda., que levava 41 passageiros, tombou num barranco na BR-050, num trecho de reta no km 78, em Uberlândia (556 km de Belo Horizonte), por volta das 4h. O tacógrafo apontava a velocidade de 100 km/h, acima do permitido no trecho, que é de 80 km/h para ônibus, informou a Polícia Rodoviária Federal.
Treze passageiros morreram no local e um, no hospital. Nenhum deles usava cinto de segurança.
Dois passageiros eram de Indaiatuba (102 km de SP) e os demais, de Campinas, segundo a Capellini. Duas crianças que estavam no veículo ficaram feridas.
O ônibus havia sido fretado por Odair Rodrigues, que é membro da Associação dos Aposentados e Pensionistas das Indústrias Metalúrgicas e Outras Categorias de Campinas, e transportava turistas para uma excursão. A associação informou que Almeida teve ferimentos leves, mas a excursão não tinha vínculo com a entidade.
A Capellini informou que o ônibus foi adquirido neste ano e fazia a sua primeira viagem.
O motorista do ônibus, Edivaldo Dias, depôs na polícia. O delegado Adeuvaldo Ribeiro Neves disse que ele não explicou a razão do acidente.
"Na verdade ele está omitindo o fato que provocou o acidente. Provavelmente tenha sido em razão de uma falha dele."
O inspetor da Polícia Rodoviária Federal Davi Stanley afirmou que, minutos após o acidente, Dias disse a policiais rodoviários que trocava um CD antes do tombamento do veículo.
Questionado no depoimento, o motorista negou que tivesse em algum momento feito tal declaração ou ter feito a troca.
Às 19h30, a PRF informou que o motorista foi indiciado por homicídio culposo (sem intenção). A reportagem não conseguiu contato com a delegacia.
À tarde, a Capellini foi autuada em R$ 3.511,00, afirmou Stanley. "Havia uma pessoa dentro do ônibus que não estava na relação de passageiros emitida pela empresa, como determina a ANTT [Agência Nacional de Transportes Terrestres], sendo motivo para uma autuação." A empresa confirmou ter recebido a multa.
Em Campinas, familiares e amigos dos passageiros passaram o dia em busca de informações.
Até as 17h, os familiares de Maria José Ferreira, 55, ainda não sabiam o que havia acontecido com ela no acidente. "A família ficou desesperada. O marido dela e os três filhos viajaram às pressas para Uberlândia na tentativa de obter alguma informação", disse a nora da mulher, Márcia Ferreira.
A empresa Transportes Capellini Ltda. informou ontem que todos os assentos do ônibus eram equipados com cinto de segurança. Esse foi o mais grave acidente da história da empresa, fundada há 37 anos em Campinas.
"O ônibus estava com todos os documentos regularizados e tem todos os registros", disse o gerente da Capellini Paulo Barddal.
A Capellini declarou que o ônibus havia passado por vistoria recentemente e estava em condições para realizar a viagem.
O motorista trabalha há três anos na empresa e nunca havia se envolvido em um acidente, segundo a assessoria.


Até a conclusão desta edição, a PRF divulgou o nome das seguintes vítimas: Adélia Matilde Fhal, 79; Ademir Marchiori, 58; Antônia Ramos da Silva, 69; Daniel Pinheiro, 63; Darci Cecco; Hermes Fhal; Ióli Cruz; Luiza Furquim, 62; Maria Machiori, 59; Aroldo Furquim; Luzia Andreotti de Freitas, 66; e
Zulmira Andreotti, 70.


Texto Anterior: Praga Urbana: Pernilongos infestam bairros nobres de SP
Próximo Texto: Acidente: Teto de creche desaba e fere 17 crianças
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.