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Salários nas escolas de SP variam até 624%
Em alguns colégios privados da cidade, vencimentos no ensino fundamental superam o de professores de universidades
Segundo o sindicato de
docentes, autor do
levantamento, diferença
tem relação direta com o
público atendido
ANTÔNIO GOIS
DA SUCURSAL DO RIO
Os salários de professores da
rede privada de São Paulo variam mais de 600% por escola,
de acordo com um ranking feito pelo Sinpro-SP (Sindicato
dos Professores de São Paulo)
na educação básica e superior
privada paulistana. O levantamento mostra também que há
casos de professores de 5ª a 8ª
série ganhando mais do que
seus colegas em universidades.
Segundo o Sinpro, na educação infantil e de 1ª a 4ª série do
ensino fundamental, os maiores salários são pagos pelo colégio Porto Seguro (Morumbi,
zona sul), com R$ 4.151 por turno de 22 a 25 horas semanais.
Esse é um valor 624% superior aos R$ 573 recebidos pelos
professores de educação infantil da Escola Floresta Encantada (Santana, zona norte) ou
548% maior do que os R$ 640
pagos aos mestres de cinco escolas (Rumo Certo, Meta Educacional, Nossa Senhora das
Graças, Sena Miranda e Gonçalves Gallo).
A partir da 5ª série, os salários são calculados por hora-aula. Tanto de 5ª a 8ª quanto no
ensino médio, os maiores são
pagos pelo Colégio Santa Clara
(Vila Madalena, zona oeste),
com R$ 42,41. Os piores de 5ª a
8ª estão nas escolas 10 de Maio
(Jardim São Bernardo, zona
sul) e Grajaú (Grajaú, zona sul):
R$ 7,57 por hora/aula. No ensino médio, o menor, segundo o
Sinpro, é o dos professores do
Cidade Canção (Parque das Árvores, zona sul): R$ 8,43.
O salário pago no colégio
Santa Clara, de acordo com o
sindicato, chega a ser mais do
que o dobro do pago em instituições de ensino superior, como a Unisa (R$ 18,89 por hora/aula), a Faculdade Ítalo Brasileira (R$ 18,77), a Unib (R$
15,68) e a Unip (R$ 13,38).
Clientela
Na avaliação do presidente
do Sinpro, Luiz Antonio Barbagli, a variação de mais de 600%
nos salários tem relação direta
com o público atendido.
"Há muita variação entre as
escolas particulares de São
Paulo. Aquelas que atendem a
um público de mais alta renda
têm mais condições de cobrar
uma mensalidade maior e, por
conseqüência, pagar salários
melhores para atrair bons profissionais. Há escolas situadas
em bairros mais pobres, no entanto, que cobram mensalidades menores e pagam salários
muito mais baixos", diz ele.
O mesmo argumento é usado
por Barbagli para explicar por
que algumas escolas de nível
fundamental pagam salários
maiores do que universidades.
"As escolas de elite atendem
a uma clientela de alto poder
aquisitivo, que tendem a entrar
em universidades públicas.
Muitas instituições privadas,
no entanto, trabalham com um
público diferente. De olho nos
alunos de menor renda, cobram mensalidades muito mais
baixas. Para justificar isso, pagam pouco ao professor e, às
vezes, colocam mais de 100 alunos em sala de aula."
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