São Paulo, sábado, 10 de março de 2007

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Salários nas escolas de SP variam até 624%

Em alguns colégios privados da cidade, vencimentos no ensino fundamental superam o de professores de universidades

Segundo o sindicato de docentes, autor do levantamento, diferença tem relação direta com o público atendido

ANTÔNIO GOIS
DA SUCURSAL DO RIO

Os salários de professores da rede privada de São Paulo variam mais de 600% por escola, de acordo com um ranking feito pelo Sinpro-SP (Sindicato dos Professores de São Paulo) na educação básica e superior privada paulistana. O levantamento mostra também que há casos de professores de 5ª a 8ª série ganhando mais do que seus colegas em universidades.
Segundo o Sinpro, na educação infantil e de 1ª a 4ª série do ensino fundamental, os maiores salários são pagos pelo colégio Porto Seguro (Morumbi, zona sul), com R$ 4.151 por turno de 22 a 25 horas semanais.
Esse é um valor 624% superior aos R$ 573 recebidos pelos professores de educação infantil da Escola Floresta Encantada (Santana, zona norte) ou 548% maior do que os R$ 640 pagos aos mestres de cinco escolas (Rumo Certo, Meta Educacional, Nossa Senhora das Graças, Sena Miranda e Gonçalves Gallo).
A partir da 5ª série, os salários são calculados por hora-aula. Tanto de 5ª a 8ª quanto no ensino médio, os maiores são pagos pelo Colégio Santa Clara (Vila Madalena, zona oeste), com R$ 42,41. Os piores de 5ª a 8ª estão nas escolas 10 de Maio (Jardim São Bernardo, zona sul) e Grajaú (Grajaú, zona sul): R$ 7,57 por hora/aula. No ensino médio, o menor, segundo o Sinpro, é o dos professores do Cidade Canção (Parque das Árvores, zona sul): R$ 8,43.
O salário pago no colégio Santa Clara, de acordo com o sindicato, chega a ser mais do que o dobro do pago em instituições de ensino superior, como a Unisa (R$ 18,89 por hora/aula), a Faculdade Ítalo Brasileira (R$ 18,77), a Unib (R$ 15,68) e a Unip (R$ 13,38).

Clientela
Na avaliação do presidente do Sinpro, Luiz Antonio Barbagli, a variação de mais de 600% nos salários tem relação direta com o público atendido.
"Há muita variação entre as escolas particulares de São Paulo. Aquelas que atendem a um público de mais alta renda têm mais condições de cobrar uma mensalidade maior e, por conseqüência, pagar salários melhores para atrair bons profissionais. Há escolas situadas em bairros mais pobres, no entanto, que cobram mensalidades menores e pagam salários muito mais baixos", diz ele.
O mesmo argumento é usado por Barbagli para explicar por que algumas escolas de nível fundamental pagam salários maiores do que universidades.
"As escolas de elite atendem a uma clientela de alto poder aquisitivo, que tendem a entrar em universidades públicas. Muitas instituições privadas, no entanto, trabalham com um público diferente. De olho nos alunos de menor renda, cobram mensalidades muito mais baixas. Para justificar isso, pagam pouco ao professor e, às vezes, colocam mais de 100 alunos em sala de aula."


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