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Escolas que pagam mais têm melhor rendimento no Enem
Médias no exame entre as dez escolas de salário mais alto variam de 68 a 58 pontos numa escala que vai de 0 a 100
Diretora de colégio que lidera ranking diz que a
alta remuneração na 4ª série permite que a estabilidade do corpo docente seja maior
DA SUCURSAL DO RIO
As escolas que pagam os salários maiores aos professores no
ensino médio têm, em comparação com as de pior remuneração, desempenho melhor no
Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), teste feito pelo
MEC e que permite a comparação das notas entre colégios.
As médias no Enem entre as
dez escolas de melhor salário
variam de 68 (Santa Cruz) a 58
pontos (Rainha da Paz) numa
escala de 0 a 100. Entre as dez
com piores salários e avaliadas
no exame, a variação é de 47
(Cidade Canção) a 56 pontos
(Novo Alicerce).
Da mesma maneira que há
uma discrepância grande nos
salários, o Enem mostra também uma variação grande nas
médias da rede privada. Em sua
maioria, no entanto, o resultado é apenas mediano.
Das 412 escolas privadas avaliadas na capital, apenas 9% tiveram nota superior a 60. Outras 29% chegaram a ter desempenho inferior a 50. A
maioria (62%) das notas concentra-se entre 50 e 60.
Escolas
O presidente do Sindicato
dos Estabelecimentos de Ensino no Estado de São Paulo, José
Augusto Mattos Lourenço, diz
que os dados divulgados pelo
Sinpro (Sindicato dos Professores de São Paulo) são confiáveis e refletem a grande heterogeneidade do setor privado.
"Nas escolas de elite, os professores têm muito tempo de
casa e conseguiram acumular
melhorias no salário", afirma
Lourenço.
Segundo ele, muitos colégios
têm também preferência por
profissionais com titulação de
mestre ou doutor.
"Nas escolas menores, principalmente as que atuam na periferia, a realidade é outra e elas
não têm condições de pagar
mais que o piso porque não podem elevar demais suas mensalidades", ressalta o presidente
do sindicato.
Na avaliação de Mariana Battaglia, diretora-geral do colégio
Visconde de Porto Seguro, o fato de pagar salários bem acima
da média do mercado -a escola
lidera o ranking de maiores
rendimentos do sindicato até a
quarta série- permite à instituição selecionar seus profissionais com mais critério.
As mensalidades do Porto
Seguro variam de R$ 1.015 na
educação infantil a R$ 1.305 no
ensino médio.
Outras vantagens da alta remuneração em comparação
com as demais escolas, de acordo com a diretora, são garantir
uma maior estabilidade ao corpo docente e também mais
tempo para que possa se dedicar exclusivamente à escola.
"A rotatividade profissional
no colégio é muito baixa, o que
dá estabilidade à proposta pedagógica. A boa remuneração
permite também que a maioria
do nosso corpo docente tenha
horário de trabalho ampliado
no colégio, o que estreita os vínculos, confere mais qualidade
ao planejamento e favorece o
trabalho em equipe."
Mariana Battaglia ressalta
ainda que um salário mais elevado "facilita o aprimoramento
cultural e profissional por meio
de livros, congressos, viagens,
teatro e outros eventos culturais que exigem investimento
financeiro".
No outro extremo, na escola
Rumo Certo -um dos menores
salários de 1ª à 4ª série-, a diretora Eliane Alves confirmou
que paga o piso salarial aos professores. Ela afirma, no entanto, que o piso é maior do que os
R$ 640 em vigor durante o ano
letivo de 2006.
"Hoje esse valor é um pouco
maior que R$ 650", disse ela à
Folha por telefone.
A direção do colégio Cidade
Canção -na lista dos menores
salários de 5ª à 8ª séries e no
ensino médio- informou, por
e-mail, que os valores que estão
no ranking do Sinpro "não correspondem aos praticados pela
instituição".
De acordo com o colégio, o
valor que é pago para o professor no ensino fundamental é de
R$ 8,43 por hora de aula de 5ª à
8ª série (no ranking do sindicato, consta R$ 8,12) e de R$ 9,69
no ensino médio (no ranking
ele é de R$ 8,43).
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