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Milícia vende arma e droga no Rio, aponta inquérito
Investigação da Corregedoria da PM mostra que policiais lideram grupos
É a 1ª apuração oficial da corporação que vem à tona sobre a ligação de PMs com milícias; pelo menos 100 policiais estão envolvidos
MARIO HUGO MONKEN
DA SUCURSAL DO RIO
Um inquérito da Corregedoria da Polícia Militar revela que
policiais que comandam milícias na favela Vila do Sapê e no
morro do Jordão, em Jacarepaguá (zona oeste do Rio), vendem armas e drogas para traficantes e praticam estupros.
É a primeira investigação oficial da corporação sobre o envolvimento de PMs com milícias que vem à tona citando nomes de suspeitos e o modus
operandi das quadrilhas.
Segundo o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, há provas de que pelo menos 100 policiais estão atuando
em milícias no Rio.
Os crimes apontados no inquérito contrariam a filosofia
pregada pelos milicianos, que
expulsariam traficantes das favelas e, em seguida, proibiriam
a prática de delitos nas comunidades dominadas.
A investigação aponta os nomes de oito PMs envolvidos
-sendo que dois já foram assassinados- além de apelidos
de outros sete. Quatro dos acusados estão presos e respondem a conselho disciplinar na
corregedoria, o que pode levá-los à expulsão da corporação.
No morro do Jordão, são sete
o número de PMs acusados de
comandar a milícia. O poder está dividido, o que tem provocado confrontos entre os grupos
-foi no Jordão que morreram
dois policiais.
Segundo o relato de testemunhas, os suspeitos apreenderiam drogas com os viciados na
comunidade só para vendê-las
para traficantes. E pretendem
ainda instalar uma boca-de-fumo no Jordão.
Consta no inquérito que os
policiais cobram propinas de
traficantes de outras favelas de
Jacarepaguá, vendem armas
para eles, além de prendê-los e
exigir dinheiro para os soltar.
São acusados ainda de manter,
na comunidade, uma central
para a realização de extorsões
por telefone.
Assassinatos
A investigação da polícia indica que o grupo seria responsável pelos assassinatos do dono de uma padaria, por causa de
uma dívida, e do vigilante André Luiz Leão Vandeli.
Na vizinha Vila do Sapê, a milícia seria comandada por pelo
menos dez PMs, sendo que alguns também agem no Jordão.
De acordo com informações
colhidas pela polícia, os envolvidos são acusados de estupros,
já torturaram um morador que
foi encontrado fumando maconha em casa e agrediram um
outro porque ele estava com o
som em volume alto.
Os policiais cobrariam taxas
semanais de R$ 20 a R$ 30 de
proprietários de barracas e R$
5 de moradores. Exigem ainda
R$ 60 (R$ 30 de cada time) para
a utilização do campo de futebol da comunidade.
Fragmentos de ossos
A Delegacia de Homicídios
Oeste está investigando ainda
uma denúncia de que essas milícias mantêm um cemitério
clandestino em Jacarepaguá,
onde estariam enterrados mais
de 30 corpos.
Anteontem, a delegacia encontrou fragmentos de ossos
queimados e um microondas
(restos de pneus queimados)
no morro da Covanca, em Jacarepaguá. A suspeita é de que as
milícias poderiam estar usando
o local para queimar pessoas.
Na semana passada, a Corregedoria da corporação prendeu
23 policiais militares de dois
batalhões suspeitos de integrarem uma milícia que atuaria
em quatro municípios da Região dos Lagos (litoral fluminense).
Os suspeitos foram soltos,
mas poderão ser presos novamente porque o órgão diz já ter
provas de que eles controlam
redes clandestinas de tevê a cabo e são proprietários de uma
empresa de segurança ilegal,
que cobra taxas de moradores e
comerciantes
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