São Paulo, sábado, 10 de março de 2007 |
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Agenda confusa de Bush causa transtorno e revolta
Vias importantes foram fechadas por até 1h10min para facilitar deslocamento
EVANDRO SPINELLI DA REPORTAGEM LOCAL Carlos Monteiro, 35, advogado, demorou mais de uma hora para chegar ao hospital onde o filho recém-nascido fazia uma cirurgia de emergência. O restaurante The Prime Grill, em Moema, ficou quase às moscas. No horário do almoço, havia apenas 8 clientes -o normal são 150. José Luiz Alves de Oliveira, 46, comerciante atrasou mais de 45 minutos para buscar o filho de 11 anos na escola. Angela Bolognesi de Oliveira, 50, portadora de síndrome do pânico, foi obrigada a ficar mais de uma hora presa em um ônibus, no sol do meio-dia. Histórias como essas ocorreram aos milhares ontem em São Paulo em razão dos deslocamentos de George W. Bush e de sua mulher, Laura Bush. Em sua agenda confusa, o presidente dos EUA atravessou a cidade três vezes: por volta das 9h, saiu do hotel Hilton, na zona sul, e seguiu para a empresa Transpetro, em Guarulhos, ao norte de São Paulo. Às 11h50, fez o trajeto de volta. No início da noite, voltou a Guarulhos, onde embarcou para o Uruguai. Sempre em sua limusine preta -não usou helicóptero por "segurança". O presidente ainda teve um compromisso no Morumbi à tarde. Laura foi, pela manhã, a eventos nos Jardins e na Vila Madalena (zona oeste). Em todos esses deslocamentos, avenidas importantes como a 23 de Maio e a Radial Leste foram fechadas. As interdições demoraram até 1h10min. Também alegando razões de segurança, as autoridades brasileiras se recusaram a informar previamente o trajeto de Bush de modo que o paulistano pudesse se programar. A visita de menos de 24 horas de Bush trouxe a São Paulo um esquema de segurança jamais visto no país e deixou paulistanos indignados. Sem saber que caminhos evitar, motoristas eram surpreendidos por interdições de avenidas inteiras. "É o preço da submissão. Quanto é o que o brasileiro vai pagar só por causa de um homem?", disse a médica Egle Leôncio, que deixou pacientes esperando enquanto ficava parada por 1h20min em uma interdição na zona leste. A CET registrou lentidão "normal" durante todo o dia. Às 19h, o índice era de 143 km para uma média de 131 km. Mas as avenidas fechadas não entram na conta, pois, para a CET, não há lentidão. No dia de caos no trânsito, a linha 2-verde do metrô teve o maior movimento desde abril de 2003, quando houve greve nos ônibus (360 mil passageiros até as 18h). Ao menos 194 das 974 linhas de ônibus foram prejudicadas ontem. Texto Anterior: Milícia vende arma e droga no Rio, aponta inquérito Próximo Texto: Histórias Índice |
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