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Incenso é arma contra mau cheiro
DA REPORTAGEM LOCAL
A estilista e design Sandra Betinassi, 33, evita receber visitas em
casa. A analista de produto Rosemeire Ponzeto, 35, e a analista de
suporte Rosângela Costa, 28, fecham as janelas. O engenheiro
Andreas Naf, 30, a administradora Flávia Schreiber, 26, e a supervisora de marketing Alessandra
Pontele, 29, vão recorrer ao ar-condicionado. Andreia Massari
torce para o vento não aumentar.
E a engenheira de alimentos Glauce Souza, 26, queima incenso.
Tudo para se livrar do mau cheiro causado pela usina da Vila Leopoldina. Para os novos vizinhos
do local, que moram no bairro há
menos de seis meses, a descoberta
dos efeitos da compostagem foi
uma "surpresa" desagradável.
"Adquiri o imóvel no final de junho, início de julho, quando o
cheiro praticamente não pode ser
notado. Em todos os dias em que
visitei o canteiro de obras no verão, porém, o cheiro era insuportável. Se quando comprei tivesse
sentido, com certeza teria escolhido outro bairro", diz Schreiber.
Os incômodos são parecidos, e
o medo de desvalorização imobiliária também. "Muitas vezes chegamos ao cúmulo de ter de sair de
casa e voltar mais tarde por causa
do mau cheiro", conta Costa.
"Quem em sã consciência compraria um apartamento nessas
condições?", pergunta Betinassi.
A população reconhece o ganho
ambiental da usina, mas critica
sua localização. "[Se feita] em locais adequados e com uma administração adequada, aliada a uma
coleta seletiva efetiva, [a compostagem] com certeza traz grandes
benefícios", diz Miguel Ferreira,
síndico de um condomínio.
"E a alegação de que a usina já
existia há muito tempo e foram as
residências que se aproximaram
só aumenta a responsabilidade da
prefeitura, pois foi ela que concedeu as autorizações para as novas
incorporações", completa Naf.
Gláucia Mendonça Prata, 46,
também reclama. Desde 92. Ela
foi morar na Vila Leopoldina há
35 anos, cresceu e vive com a usina "praticamente no quintal". Foi
Prata que começou o abaixo-assinado e é ela que coordena a mobilização popular na região. "Queremos saber o dia e a hora em que
a usina vai fechar. Queremos que,
no lugar dela, seja construída uma
área verde para compensar o que
já aguentamos."
(MV)
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