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São Paulo, quinta-feira, 10 de abril de 2003

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Incenso é arma contra mau cheiro

DA REPORTAGEM LOCAL

A estilista e design Sandra Betinassi, 33, evita receber visitas em casa. A analista de produto Rosemeire Ponzeto, 35, e a analista de suporte Rosângela Costa, 28, fecham as janelas. O engenheiro Andreas Naf, 30, a administradora Flávia Schreiber, 26, e a supervisora de marketing Alessandra Pontele, 29, vão recorrer ao ar-condicionado. Andreia Massari torce para o vento não aumentar. E a engenheira de alimentos Glauce Souza, 26, queima incenso.
Tudo para se livrar do mau cheiro causado pela usina da Vila Leopoldina. Para os novos vizinhos do local, que moram no bairro há menos de seis meses, a descoberta dos efeitos da compostagem foi uma "surpresa" desagradável.
"Adquiri o imóvel no final de junho, início de julho, quando o cheiro praticamente não pode ser notado. Em todos os dias em que visitei o canteiro de obras no verão, porém, o cheiro era insuportável. Se quando comprei tivesse sentido, com certeza teria escolhido outro bairro", diz Schreiber.
Os incômodos são parecidos, e o medo de desvalorização imobiliária também. "Muitas vezes chegamos ao cúmulo de ter de sair de casa e voltar mais tarde por causa do mau cheiro", conta Costa. "Quem em sã consciência compraria um apartamento nessas condições?", pergunta Betinassi.
A população reconhece o ganho ambiental da usina, mas critica sua localização. "[Se feita] em locais adequados e com uma administração adequada, aliada a uma coleta seletiva efetiva, [a compostagem] com certeza traz grandes benefícios", diz Miguel Ferreira, síndico de um condomínio.
"E a alegação de que a usina já existia há muito tempo e foram as residências que se aproximaram só aumenta a responsabilidade da prefeitura, pois foi ela que concedeu as autorizações para as novas incorporações", completa Naf.
Gláucia Mendonça Prata, 46, também reclama. Desde 92. Ela foi morar na Vila Leopoldina há 35 anos, cresceu e vive com a usina "praticamente no quintal". Foi Prata que começou o abaixo-assinado e é ela que coordena a mobilização popular na região. "Queremos saber o dia e a hora em que a usina vai fechar. Queremos que, no lugar dela, seja construída uma área verde para compensar o que já aguentamos." (MV)


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