|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Comandante da PM revela que fora informado anteontem; desde janeiro, governo acompanha movimentação do grupo de Dudu
Polícia sabia do planejamento da invasão
Severino Silva/Agência O Dia
|
Corpo de Wellington da Silva, que foi baleado na Rocinha, onde também foi morta Fabiana Oliveira |
MARIO HUGO MONKEN
SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO
Desde janeiro deste ano que a
Secretaria de Segurança Pública
do Estado do Rio sabia que traficantes fiéis ao ex-chefão Eduíno
Eustáquio de Araújo, o Dudu,
tentariam retomar o controle das
"bocas" de cocaína e maconha da
favela da Rocinha (zona sul).
Apesar dos alertas da Subsecretaria de Inteligência da pasta estadual, que investigava as articulações de Dudu com outros líderes
da facção CV (Comando Vermelho), a Polícia Militar foi incapaz
de evitar a invasão, os tiroteios e a
morte, até a conclusão desta edição, de três inocentes e de dois policiais militares.
O comandante-geral da PM, coronel Renato Hottz, disse, em entrevista à tarde na sede do comando da corporação, que, por volta
das 18h de anteontem, foi informado de que ocorreria uma tentativa de invasão na Rocinha.
Hottz afirmou ter destacado 180
policiais militares, de vários batalhões, para o patrulhamento da
favela. O contingente não conseguiu impedir a ação dos criminosos e as mortes.
Mesmo assim, o comandante
disse considerar que não houve
falhas no policiamento da região a
partir da noite de anteontem.
"A polícia não pode estar em todas as áreas ao mesmo tempo. A
Rocinha é um mundo. Se não
houvesse a intervenção da polícia,
teríamos uma situação lastimável", afirmou o coronel.
Após o tiroteio da madrugada, a
PM reforçou o policiamento na
Rocinha com mais 120 homens.
Cerca de 80 policiais civis também foram deslocados para a favela. Houve reforço ainda nos
acessos à avenida Niemeyer e na
auto-estrada Lagoa-Barra, perto
de onde ocorreram os tiroteios.
Para o comandante da PM, a
ação policial é prejudicada pelos
clientes do tráfico.
"Ao comprar a droga, ele [o
usuário] deposita dinheiro no cofre dos traficantes. Com o dinheiro, o traficante compra a arma,
como a que matou a moça [Telma
Pinto Veloso] na avenida Niemeyer , afirmou Hottz.
O coronel repetiu o que costuma dizer o secretário estadual de
Segurança, Anthony Garotinho.
Para ele, o Rio sofre com a suposta
omissão do governo federal no
policiamento das fronteiras.
"O Rio não produz armas e não
produz drogas. A polícia do Rio
não é a culpada", disse, sem citar a
Polícia Federal, responsável pela
vigilância das fronteiras do país.
Segundo Hottz, a Polícia Militar
conseguiu, durante a madrugada,
evitar que um grupo de traficantes da Vila Cruzeiro (Penha, zona
norte) chegasse à Rocinha para
ajudar o grupo de Dudu em sua
investida para tomar a favela.
Texto Anterior: Rio: Guerra do tráfico na Rocinha faz 5 vítimas Próximo Texto: Parente de morta não crê em solução Índice
|