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Parente de morta não crê em solução
DA SUCURSAL DO RIO
Sogra da monitora escolar Fabiana dos Santos Oliveira, 24,
morta ontem na Rocinha (zona
sul) durante um tiroteio entre traficantes, a dona-de-casa Dalmira
de Moura, 50, disse não acreditar
que a favela será pacificada. Ela
mora na Rocinha desde 1974.
""Fabiana foi apenas mais uma
vítima, mas nada vai mudar. Nesta semana, a polícia vai ficar por
lá. Quando uma nova matança
ocorrer em outra favela, eles vão
deixar o lugar. Todos vão se comover com as outras mortes, e a
Rocinha voltará a ser confusa.
Com certeza, a Fabiana não será a
última a morrer lá", disse Moura,
à tarde, na portaria do Hospital
Municipal Miguel Couto (Leblon,
zona sul do Rio).
Além de perder a nora, a dona-de-casa teve o filho Edson de
Moura, 28, marido de Fabiana, ferido a bala no conflito entre traficantes. Ele recebeu um tiro no cotovelo esquerdo, mas não corre
risco de morte.
""A dor é muito grande. Perdi
praticamente uma filha, que me
deixou duas crianças para criar,
uma de cinco meses e a outra de
oito anos", disse Moura.
Com a morte da nora, a dona-de-casa perdeu o quarto parente
em tiroteios.
Segundo Moura, a nora morreu
quando seguia na garupa da motocicleta do marido para buscar
uma irmã na entrada da favela.
""Eles faziam o trajeto quase todos os dias porque a irmã da Fabiana só chegava de madrugada
do trabalho. Ela tinha muita preocupação com a menina. Gostava
de subir o morro com ela", afirmou Moura.
Encapuzados
De acordo com a dona-de-casa,
Fabiana foi baleada no peito
quando a moto passava pelo largo
da Macumba.
""Meu filho disse que vários homens com capuzes na cabeça começaram a atirar sem parar. Minha nora caiu da moto assim que
foi baleada. O Edson se desesperou, parou a moto e também foi
acertado. Mesmo assim, ele ainda
teve forças para tirá-la do meio da
rua", disse Moura.
""O pior de tudo é que muitos dizem que tenho que ficar feliz porque meu filho está vivo", acrescentou a dona-de-casa.
(SÉRGIO RANGEL)
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