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Polícia diz estar perto de elucidar caso Isabella
Delegada afirma já ter descoberto 70% do que aconteceu na noite em que a menina Isabella Nardoni foi assassinada
Policial não apresentou nenhum detalhe novo em relação às investigações; ela disse não acreditar em surpresas nos 30% restantes
DA REPORTAGEM LOCAL
Autoridades policiais responsáveis pelo caso do assassinato da menina Isabella Nardoni, 5, disseram ontem já ter descoberto 70% do que aconteceu
na noite do último dia 29, quando a menina morreu.
A afirmação foi feita pela delegada Renata Helena Pontes,
assistente do 9º Distrito Policial (Carandiru), e depois confirmada pelo delegado titular
do distrito Calixto Calil Filho.
"Já dá para visualizar 70% do
que aconteceu no dia juntando
testemunhas, provas técnicas e
outras provas que a gente já
tem. A polícia está chegando
mais perto da verdade", afirmou a delegada.
Ela, porém, não explicou o
que quis dizer com o termo
"outras provas" nem informou
se há alguma novidade no caso.
De acordo com a delegada,
com os dados que a polícia recolheu nos primeiros dez dias
de investigação já é possível saber como foram feitos os ferimentos em Isabella, a dinâmica
de como os fatos aconteceram e
os lugares onde as ações foram
realizadas por seus autores.
Questionada sobre os 30%
restantes que ainda precisam
ser desvendados, a policial disse não acreditar que surja nenhuma surpresa.
As declarações foram dadas
na manhã de ontem, mas os policiais não disseram quem matou Isabella nem falaram sobre
provas nem detalhes da investigação, ainda sob sigilo.
Alexandre Nardoni e Anna
Carolina Jatobá, pai e madrasta
da menina, estão presos desde a
última quinta-feira sob suspeita de envolvimento na morte.
Na segunda-feira, os advogados de defesa entraram com
um pedido de habeas corpus
para que o casal possa responder ao inquérito em liberdade.
O desembargador Caio Eduardo Canguçu de Almeida, 68, julgará o pedido até amanhã.
A delegada Renata disse que
não pode revelar o que já foi
apurado para que as provas que
ainda precisam ser colhidas
não sejam destruídas ou alteradas. Ela não especificou quem
poderia agir dessa maneira.
Desentendimento
Minutos após a delegada Renata dar entrevista à imprensa
na manhã de ontem, o delegado
Calixto Calil Filho chegou à delegacia e forneceu uma informação diferente. Ele disse que
o caso era grave, que exigia uma
investigação profunda e que a
polícia havia conseguido esclarecer apenas 50% dos fatos na
noite de do crime.
Ele retornou em seguida e
corrigiu a primeira declaração,
confirmando as informações
que a delegada Renata havia
passado. "Terminei de fazer
uma reunião com ela [Renata] e
estamos com 70%, retificando
o que eu falei. Eu tinha só uma
parte da coisa, me sentei com
ela agora e juntamos os dois
quebra-cabeças", afirmou.
Nardoni e Anna Carolina
cumprem prisão provisória em
celas isoladas nas carceragens
do 77º DP (Santa Cecília) e no
89º DP (Portal do Morumbi).
Desde o início das investigações, a polícia já tomou os depoimentos de 36 testemunhas.
A delegada Renata disse que
nenhum dos depoimentos
trouxe à polícia uma revelação
que se destacasse muito dos demais. Foram ouvidos familiares
dos envolvidos, moradores vizinhos e pessoas próximas.
"É uma somatória de provas,
uma vai dando credibilidade à
outra. Quando três ou quatro
pessoas revelam a mesma coisa, eu acredito que é verdade. É
importante não se convencer
com apenas um depoimento",
afirmou ela.
A delegada disse ainda que
nenhum laudo da perícia ficou
pronto, embora os peritos e legistas estejam passando informações para a polícia. "Nenhum resultado está pronto,
mas a gente já tem várias conclusões", disse.
Oficialmente, apesar de a Polícia Civil ter afirmado ontem já
ter concluído 70% do caso, nenhum dos laudos periciais sobre as lesões sofridas por Isabella -elaborados pelo IML (Instituto Médico Legal)- e nenhum dos feitos pelo IC -mais
específicos sobre as ações do
assassino na cena do crime-
foram entregues para os delegados do 9º DP (Carandiru).
(LUÍS KAWAGUTI, ANDRÉ CARAMANTE, KLEBER TOMAZ E CAROLINA ARAÚJO)
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