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Senado aprova aumento de recursos à saúde
Segundo projeções de parlamentares, setor receberia, até 2011, mais cerca de R$ 23 bi; projeto ainda precisa ser votado pela Câmara
Não há definição sobre a origem da verba; pelo texto, despesa com saneamento não pode ser contabilizada como gasto com saúde
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Senado aprovou ontem à
noite, por unanimidade, um
projeto de lei complementar
-a Emenda 29- que aumenta
os recursos do Ministério da
Saúde em pelo menos R$ 5,5 bilhões adicionais ainda neste
ano, de acordo com cálculos
dos parlamentares da "bancada
da saúde".
Para entrar em vigor, o projeto ainda tem que ser aprovado
pela Câmara dos Deputados e
sancionado pelo presidente
Luiz Inácio Lula da Silva.
Pelo projeto, o setor, de acordo com as estimativas de receita da frente parlamentar, deve
receber, até 2011, no total,
R$ 23 bilhões adicionais. Para
se ter uma idéia da dimensão
do valor, o orçamento do Ministério da Saúde previsto para
este ano é de R$ 48,5 bilhões.
O texto, do senador petista
Tião Viana (AC), muda a forma
de cálculo do orçamento da
pasta -o parâmetro deixa de
ser o PIB nominal (crescimento da economia sem descontar
a inflação) e passa a ser a receita corrente bruta, que envolve a
arrecadação da União e transferências aos municípios.
O montante estimado para
2011 é semelhante àquele que,
no ano passado, o governo prometia transferir ao Ministério
da Saúde caso a CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira) fosse
aprovada -R$ 24 bilhões.
Após a derrubada do imposto
do cheque, porém, o governo
decretou o fim desses recursos.
Ontem, no entanto, a proposta
contou com o voto de parlamentares da base aliada, constrangida com o eventual desgaste político de vetar mais verbas para a saúde e surpresa com
a manobra da oposição que resultou na aprovação de projetos que aumentam os gastos da
União.
O senador Romero Jucá
(PMDB-RR), líder do governo,
foi um deles. Após votar favoravelmente ao projeto, defendeu
que o texto seja alterado pelos
deputados, pois pode prejudicar as contas da União.
Em nota divulgada à noite, o
ministro da Saúde, José Gomes
Temporão, afirmou que a votação de ontem foi uma vitória.
Ele ressaltou, porém, que espera que "a Câmara dos Deputados estabeleça as fontes de recursos necessários para darem
conta das despesas adicionais
que correrão a partir dessa regulamentação".
De manhã, ele havia defendido o projeto do senador Tião
Viana, argumentando que os
recursos adicionais previstos
eram essenciais para a implementação do "Mais Saúde", o
pacote de ações para o setor
também chamado de "PAC da
Saúde". Ainda de manhã, ele
afirmou que estava otimista em
relação à obtenção de mais recursos, mas disse que não tinha
nenhuma resposta "precisa" da
equipe econômica.
Saneamento
O projeto de lei complementar aprovado ontem estabelece
também que União, Estados e
municípios não poderão mais
contabilizar gastos com saneamento e merenda escolar, por
exemplo, no orçamento destinado à saúde.
De acordo com dados do Ministério da Saúde, 19 Estados e
180 municípios deixaram de investir R$ 5,7 bilhões no setor
em 2005 utilizando esse expediente.
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