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ARACY AUGUSTA LEME KLABIN (1925-2009)
Briguenta, ela "nunca se curvava"
ESTÊVÃO BERTONI
DA REPORTAGEM LOCAL
Houve erro no registro, e
Aracy, que era para ser Lemmo -com dois "emes" e um
"o"-, virou, no pós-cartório,
Aracy Augusta Leme.
O incidente não a excluía
da família, e, desde que começou a ser educada, botou
na cabeça que deveria crescer e estudar a todo custo.
Começou como funcionária da Escola Técnica de
Aviação, em SP, onde conheceu um piloto americano recém-saído da Segunda Guerra. Casada, mudou-se com
ele para os EUA, nos anos 40.
Lá, trabalhou na Max Factor, empresa de cosméticos
fundada pelo criador do pancake e ligada a Hollywood.
Foi especialista em maquiagem das estrelas de cinema,
diz o filho Roberto.
Separada, voltou ao Brasil,
onde se casou com Samuel
Klabin, empresário do ramo
do papel. Em 1959, decidiu
estudar direito na USP.
Formada, advogava apenas para mulheres -pobres e
ricas-, em casos de divórcios. E nunca cobrava. "Fazia
isso por gosto", conta o filho.
Fez mestrado e doutorado
em direito da família, lançou
livros e foi professora da
USP, até se aposentar, aos
70. Polêmica e briguenta,
"nunca se curvava". Ultimamente, não aceitava a velhice
e foi ficando sem projetos.
Viúva desde 1979, morreu
no sábado, aos 83. "Ela morreu de depressão", diz o filho.
Deixa filho e quatro netos.
Como era agnóstica, não
haverá missa, mas uma confraternização, no próximo
mês, para os amigos recordarem suas histórias.
obituario@grupofolha.com.br
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