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Stones é que deveriam abrir show de Bob Dylan
BARBARA GANCIA
Colunista da Folha
Diz o ditado que pedras que
rolam não acumulam musgo.
Ou será que acumulam?
Já se passaram mais de 20
anos desde que Mick Jagger
perpetrou a famosa frase, que
não pretendia chegar aos 50
anos cantando "Satisfaction".
Chegou e continua a garantir
o leite das crianças usando
seus "rubber lips", lábios de
borracha, para seduzir e controlar com mão de ferro, como
um Orlando Orfei rebolativo
ou um P.T. Barnum de rímel,
seu cirquinho particular.
Que nem é tão cirquinho assim. Basta dizer que 200 pessoas compõem a milionária
empresa itinerante dos Rolling
Stones.
O show que eles trazem ao
Brasil desta vez, Bridges to
Babylon, também tem números de intimidar qualquer Raimundo: só a ponte móvel comandada por computador,
que iça os Stones para o meio
da platéia, pesa 15 toneladas.
O som esbanja 300 mil watts e
o equipamento de palco pesa
cerca de 350 toneladas.
Voodoo Lounge, o show que
eles apresentaram por aqui alguns anos atrás, certamente
entrou para os anais do rock
como um dos melhores de todos os tempos. E o atual pode
não ser tão brilhante, mas é
sempre um show dos Stones,
com a qualidade musical que
isso implica.
Mesmo assim, qualquer carcomido apreciador do rock, como eu, sente uma ponta de
tristeza diante da arquitetura
atual dos Stones.
Para a garotada que está
saindo do cueiro, vale notar
que aquele "ragazzo" que
amava os Beatles e os Rolling
Stones nunca existiu. Na
pré-história que eu conheci, o
mundo era dividido entre
aqueles que amavam os Beatles e aqueles que amavam os
Stones. Eu preferia os Beatles,
mas, só pra contrariar, às escondidas, metia um "Sticky
Fingers" na vitrola.
E quando soube que Keith
Richards, guitarrista que divide o topo do mundo com Eric
Clapton, não dirige a palavra
ao parceiro, e que Jagger virou
um caretinha (você já viu a casa dele em revistas como "Architectural Digest"?) de deixar
os poucos cabelos que sobram
na cabeça do Marcelo Nova em
pé, senti dobrar o peso do tempo sobre os ombros.
Se o excesso de profissionalismo engoliu um bom naco da
magia dos Stones, só nos resta
comemorar que Bob Dylan, firme e forte e fiel às origens, está
aí para salvar a pátria.
QUALQUER NOTA
Santos
D. Paulo Evaristo afirmou que o
Brasil precisa se esforçar mais para
ter outros beatificados. Pois eu me
coloco à disposição para servir de
postuladora de alguns tapuias que
merecem ser beatificados em vida.
A saber: Jader Barbalho, ACM e
Iris Rezende. Ah, sim! Como esquecer do bom cristão Sérgio
Motta?
Pacheco à provençal
São Paulo ganhou um simpático
restaurante, com boa comida e
uma gente muito da descolada.
Trata-se do Zola, da rua Bartolomeu Zunega, em Pinheiros. O destaque fica por conta dos mariscos
do tamanho do meu cão Pacheco.
Boa pedida
Em tempos de pechincha, vale a
dica: de 6 a 9 de maio, 60 expositores da área de decoração se reúnem na Feira do Aconchego, na
rua Marina Cintra, 67. Entrada
franca.
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