|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Ensino falho cria texto obscuro
especial para a Folha
Os problemas estruturais -deficiências na educação básica e no
ensino jurídico- fazem com que
grande número de estudantes e
profissionais do direito não saibam manejar a língua falada e escrita, seu principal instrumento de
trabalho.
Há ainda uma certa tendência
dos trabalhadores do direito em
usar expressões esquisitas e de
sentido dúbio.
Tudo isso conjugado resulta,
muitas vezes, em verdadeiros desastres da linguagem.
É o caso do advogado que, para
não repetir no texto Lei das Sociedades Anônimas, chamou-a de
"diploma do anonimato".
Muitos transformam uma simples assembléia de acionistas em
"conclave assemblear". E o recurso extraordinário (ao Supremo
Tribunal Federal), não raro, torna-se um "remédio heróico" ou
"apelo extremo".
Os estudantes e estagiários são as
vítimas mais fáceis desta herança
linguística. Inexperientes e no afã
de demonstrar conhecimento, escrevem coisas quase incompreensíveis.
José Alexandre Tavares Guerreiro, professor de direito comercial
da USP, conta que um estudante,
referindo-se ao jurista Orlando
Gomes, escreveu: "estribado no
escólio do saudoso mestre baiano,
o pedido contido na exordial não
logrou agasalho".
Ele queria dizer que, com fundamento em citação de Orlando Gomes, o pedido contido na petição
inicial não foi aceito pelo juiz.
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|