SABRINA PETRY
DA SUCURSAL DO RIO

Telefonemas ameaçadores levaram nove escolas e três creches de diversos bairros do Rio a fechar as portas ontem. Segundo o Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino, cerca de 10 mil crianças e adolescentes ficaram sem aula.
Entre os colégios fechados, estão quatro bastante conhecidos: Anglo Americano, Andrews, Veiga de Almeida e Centro Educacional de Bangu. As creches ficam em Copacabana (zona sul).
O secretário estadual de Segurança Pública, Anthony Garotinho, disse que 99,9% das ameaças são trotes. Ele afirmou ainda que a polícia descobriu que um grupo estava se aproveitando do clima de terror na cidade para tentar extorquir dinheiro das escolas.
"A maioria das ameaças é trote. Mas há um grupo que, além de fazer as ameaças, procura intimidar donos de colégios exigindo que eles depositem dinheiro na conta de um laranja. Esse grupo não tem nada a ver com terrorismo e está apenas se aproveitando do clima", disse o secretário.
O chefe da Polícia Civil, Álvaro Lins, disse que a cidade vive uma "onda de histeria" provocada pelos últimos episódios de violência e, em especial, pelo caso da aluna baleada no campus da Universidade Estácio de Sá.
A orientação dele para os estabelecimentos ameaçados é que procurem o batalhão da Polícia Militar e a delegacia da área.
"Não se pode fechar uma escola, uma universidade cada vez que surge um boato", disse Lins.
Para o presidente do Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino, José Antônio Teixeira, a decisão de fechar ou não a escola diante de um telefonema ameaçador é "solitária da direção".
"Não se pode apostar se determinado telefonema é ou não um trote. A direção deve avaliar."
De acordo com Teixeira, em duas ameaças a escolas, ordenando o fechamento, houve tentativa de extorquir dinheiro. Ele contou que os autores dos telefonemas deram números de contas bancárias para que fossem feitos depósitos, cujos valores não divulgou.
As unidades da Barra e de Botafogo do Anglo Americano receberam os primeiros telefonemas anteontem, mas a direção optou por mantê-las funcionando. Ontem de manhã, a escola decidiu fechar.
No Andrews, a direção enviou circular aos pais informando que recebera um telefonema na quinta-feira determinando o fechamento. A carta pedia aos pais que não levassem os filhos ao colégio.
Na segunda, o presidente do sindicato se reunirá com diretores de escolas. Os estabelecimentos serão orientados a instalar identificadores de chamadas. Ele esteve ontem com o comandante da PM, Renato Hottz. Ficou determinado que cada batalhão faça uma reunião com as escolas do bairro.

Estudante baleada
As chances de a estudante de enfermagem Luciana Gonçalves de Novaes, 19, não ter sequelas são mínimas, segundo os médicos que a operaram anteontem no Hospital Pró-Cardíaco.
Ela foi baleada no rosto na segunda dentro do campus da Estácio de Sá em Rio Comprido.


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