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São Paulo, sábado, 10 de maio de 2003

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RIO

Linho, líder do tráfico mais procurado do Estado, teria sido preso duas vezes neste ano e pago R$ 800 mil por liberdade

Polícia apura suposta extorsão a traficante

Ana Carolina Fernandes/Folha Imagem
O Secretário de Segurança, Anthony Garotinho, e Renato Hottz, comandante-geral da Polícia Militar


MARIO HUGO MONKEN
DA SUCURSAL DO RIO

A Corregedoria Geral Unificada das polícias do Rio investiga reservadamente a informação de que o traficante mais procurado do Rio e principal líder do TC (Terceiro Comando), Paulo César Silva dos Santos, 31, o Linho, foi preso duas vezes neste ano e, para se livrar da cadeia, pagou R$ 800 mil a uma mesma equipe de policiais civis.
A informação sobre as supostas extorsões partiu de um advogado criminalista, que pediu para não ser identificado. Segundo o advogado, a primeira extorsão ocorreu em janeiro, na favela Vila do João (complexo da Maré, zona norte), principal reduto de Linho.
De acordo com ele, uma equipe liderada por uma delegada, cujo nome não foi revelado, prendeu o traficante que, para ser liberado, pagou R$ 500 mil. No mês seguinte, a mesma equipe de policiais teria ido a São Paulo e recebido mais R$ 300 mil de Linho.
A Folha apurou que dirigentes da Segurança Pública do Rio já receberam outras informações sobre supostas extorsões ao traficante. A secretaria tem um dossiê, elaborado pelo serviço Disque-Denúncia, que lista policiais que estariam envolvidos com Linho.
A Delegacia de Roubos e Furtos de Cargas gravou conversas em que traficantes do morro da Pedreira (Costa Barros, zona norte), uma das bases de Linho, negociam o suposto pagamento de propinas a policiais do 9º Batalhão (Rocha Miranda).
A Corregedoria Unificada abriu um inquérito no final do ano passado a partir do depoimento de um ex-traficante, que disse que policiais de três batalhões da PM ajudavam integrantes da quadrilha de Linho a invadirem áreas dominadas pela facção inimiga CV (Comando Vermelho).
Nesta semana, a Corregedoria Unificada abriu sindicância para apurar informações de que policiais militares que trabalham em três DPOs (Destacamento de Policiamento Ostensivo) na favela da Rocinha (zona sul) estariam recebendo propinas de traficantes.
A favela é considerada pela polícia a mais rentável para o tráfico no Estado, com faturamento estimado em R$ 50 milhões ao mês. É também a que registra o menor número de confrontos entre traficantes e policiais. Os traficantes pagariam diariamente R$ 1.000 para as equipes de cada um dos DPOs instalados na Rocinha, de acordo com a Corregedoria.
O comandante do 23º Batalhão (Leblon, zona sul), tenente-coronel Sá Freire, disse que auxiliará nas investigações. No início do ano, quando assumiu a unidade, Freire afastou policiais suspeitos de extorquir traficantes da favela.


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