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Criminosos morrem durante tiroteio com policiais no morro da Mineira
TALITA FIGUEIREDO
FREE-LANCE PARA A FOLHA
FERNANDA DA ESCÓSSIA
DA SUCURSAL DO RIO
Oito supostos traficantes morreram ontem em tiroteio com a
Polícia Civil no morro da Mineira
(Catumbi, zona norte). A polícia
procurava o grupo que teria baleado a estudante Luciana Gonçalves de Novaes, 19, no campus
da Universidade Estácio de Sá no
Rio Comprido (zona norte), na
segunda-feira.
O tiro que atingiu a jovem teria
partido do morro do Turano, vizinho à universidade.
Ontem, o Instituto de Criminalística Carlos Éboli, da Polícia Civil, concluiu que a bala era de pistola e não de fuzil, como se esperava. O chefe de Polícia Civil, Álvaro Lins, mandou apreender as
armas dos seguranças da universidade para averiguação. Os traficantes do Turano, porém, continuam sendo responsabilizados.
"Recebemos denúncias de que
os traficantes estão circulando entre as favelas da região", disse o
coordenador das delegacias especializadas, Alan Turnowski.
Grupo reagiu
A polícia informou que, ao chegar à favela, cercou uma casa onde estariam os traficantes. Turnowski disse que eles atiraram
contra os policiais e, no tiroteio,
foram mortos.
Dentro da casa, um morador de
73 anos, cujo nome não foi divulgado, foi mantido refém durante
alguns minutos.
Os oito mortos moravam na
Mineira. Dois deles tinham 17
anos. A mulher de Sandro Guimarães da Silva, uma das vítimas,
disse no hospital que os oito estavam em um culto evangélico na
casa. Ela não quis se identificar.
O policiamento no hospital e
nos acessos ao morro foi reforçado para evitar manifestações.
A polícia informou ter encontrado em uma das casas revistadas na ação, que durou cerca de
quatro horas, uma foto do traficante Júlio César, o Mangueirinha, que faria parte do bando do
Turano. ""Falamos com a namorada dele que mora na Mineira. Ele
esteve lá, mas conseguiu fugir",
afirmou Turnowski.
Foram apreendidos na operação, de acordo com a polícia, dois
fuzis, quatro pistolas, dois revólveres e drogas.
Participaram da ação 60 policiais das delegacias de Roubos e
Furtos de Cargas e Repressão a
Armas e Explosivos. Na operação,
também foi usado um helicóptero
da Polícia Civil.
Sociedade perde
O novo superintendente da PF
(Polícia Federal) no Rio, Roberto
Precioso Júnior, disse ontem considerar "muito grave" e "muito
preocupante" a situação da violência no Estado.
Ao saber das oito mortes, ele
disse que, para reduzir a violência,
é preciso priorizar a inteligência:
"Isso é preocupante. Violência gera violência. Só quem perde com
isso é a sociedade. Por isso estamos dando prioridade à inteligência. Quando melhor funciona
a inteligência, de menos violência
você precisa para reprimir. Você
passa a fazer operações cirúrgicas,
vai ao ponto exato onde está precisando haver a repressão".
O novo superintendente disse
que o grupo de elite anunciado
pelo Ministério da Justiça para
agir no Rio realizará ações pontuais de combate à lavagem de dinheiro, tráfico de armas e drogas.
Para ele, no Rio o crime organizado não está -como no Espírito
Santo, onde trabalhou- infiltrado em todas as atividades sociais.
"Aqui, se a gente for avaliar causa,
creio que o fator principal seria a
proximidade das classes sociais.
No mesmo local onde você tem
um palacete, atrás você tem uma
favela. São muito próximas essas
duas realidades e se chocam. São
diferenças sociais."
O diretor-geral da PF, Paulo Lacerda, disse que está ocorrendo
no Rio uma reação da criminalidade às ações na área de segurança. "Isso é previsível."
Questionado se falta inteligência no trabalho da polícia, Paulo
Lacerda disse: "Certamente a inteligência vai contribuir para o
aperfeiçoamento do trabalho da
polícia. O trabalho de inteligência
já existe, talvez ele não esteja sendo suficiente."
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