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São Paulo, sábado, 10 de maio de 2003

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Criminosos morrem durante tiroteio com policiais no morro da Mineira

TALITA FIGUEIREDO
FREE-LANCE PARA A FOLHA
FERNANDA DA ESCÓSSIA
DA SUCURSAL DO RIO

Oito supostos traficantes morreram ontem em tiroteio com a Polícia Civil no morro da Mineira (Catumbi, zona norte). A polícia procurava o grupo que teria baleado a estudante Luciana Gonçalves de Novaes, 19, no campus da Universidade Estácio de Sá no Rio Comprido (zona norte), na segunda-feira.
O tiro que atingiu a jovem teria partido do morro do Turano, vizinho à universidade.
Ontem, o Instituto de Criminalística Carlos Éboli, da Polícia Civil, concluiu que a bala era de pistola e não de fuzil, como se esperava. O chefe de Polícia Civil, Álvaro Lins, mandou apreender as armas dos seguranças da universidade para averiguação. Os traficantes do Turano, porém, continuam sendo responsabilizados.
"Recebemos denúncias de que os traficantes estão circulando entre as favelas da região", disse o coordenador das delegacias especializadas, Alan Turnowski.

Grupo reagiu
A polícia informou que, ao chegar à favela, cercou uma casa onde estariam os traficantes. Turnowski disse que eles atiraram contra os policiais e, no tiroteio, foram mortos.
Dentro da casa, um morador de 73 anos, cujo nome não foi divulgado, foi mantido refém durante alguns minutos.
Os oito mortos moravam na Mineira. Dois deles tinham 17 anos. A mulher de Sandro Guimarães da Silva, uma das vítimas, disse no hospital que os oito estavam em um culto evangélico na casa. Ela não quis se identificar.
O policiamento no hospital e nos acessos ao morro foi reforçado para evitar manifestações.
A polícia informou ter encontrado em uma das casas revistadas na ação, que durou cerca de quatro horas, uma foto do traficante Júlio César, o Mangueirinha, que faria parte do bando do Turano. ""Falamos com a namorada dele que mora na Mineira. Ele esteve lá, mas conseguiu fugir", afirmou Turnowski.
Foram apreendidos na operação, de acordo com a polícia, dois fuzis, quatro pistolas, dois revólveres e drogas.
Participaram da ação 60 policiais das delegacias de Roubos e Furtos de Cargas e Repressão a Armas e Explosivos. Na operação, também foi usado um helicóptero da Polícia Civil.

Sociedade perde
O novo superintendente da PF (Polícia Federal) no Rio, Roberto Precioso Júnior, disse ontem considerar "muito grave" e "muito preocupante" a situação da violência no Estado.
Ao saber das oito mortes, ele disse que, para reduzir a violência, é preciso priorizar a inteligência: "Isso é preocupante. Violência gera violência. Só quem perde com isso é a sociedade. Por isso estamos dando prioridade à inteligência. Quando melhor funciona a inteligência, de menos violência você precisa para reprimir. Você passa a fazer operações cirúrgicas, vai ao ponto exato onde está precisando haver a repressão".
O novo superintendente disse que o grupo de elite anunciado pelo Ministério da Justiça para agir no Rio realizará ações pontuais de combate à lavagem de dinheiro, tráfico de armas e drogas.
Para ele, no Rio o crime organizado não está -como no Espírito Santo, onde trabalhou- infiltrado em todas as atividades sociais. "Aqui, se a gente for avaliar causa, creio que o fator principal seria a proximidade das classes sociais. No mesmo local onde você tem um palacete, atrás você tem uma favela. São muito próximas essas duas realidades e se chocam. São diferenças sociais."
O diretor-geral da PF, Paulo Lacerda, disse que está ocorrendo no Rio uma reação da criminalidade às ações na área de segurança. "Isso é previsível."
Questionado se falta inteligência no trabalho da polícia, Paulo Lacerda disse: "Certamente a inteligência vai contribuir para o aperfeiçoamento do trabalho da polícia. O trabalho de inteligência já existe, talvez ele não esteja sendo suficiente."


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