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TRANSPORTES
Ao Ministério Público, Dentinho e Chiquinho afirmaram que construíram patrimônio por meio de empréstimos de amigos
Sindicalistas não convencem promotores
DA REPORTAGEM LOCAL
As explicações que os diretores
do sindicato dos motoristas e cobradores de São Paulo Edvaldo
Gomes de Oliveira, o Dentinho, e
Francisco Xavier da Silva Filho, o
Chiquinho, forneceram ontem ao
Ministério Público para explicar a
origem de seus patrimônios foram consideradas insuficientes
pelos promotores José Carlos Blat
e Sérgio Turra Sobrane, do Gaeco
(Grupo de Atuação Especial de
Repressão ao Crime Organizado).
De acordo com os promotores,
os sindicalistas afirmaram, em
depoimento, que nunca receberam dinheiro de empresários de
ônibus e que os carros e casas que
possuem foram comprados com
empréstimos de amigos.
Segundo a Folha revelou no dia
5 de maio, Dentinho possui uma
casa em Itu (a 103 km de São Paulo) avaliada por ele mesmo em R$
380 mil. Chiquinho possui um
Celta e um Audi A3 1.8 na garagem-cujo modelo mais barato,
ano 97, custa cerca de R$ 28 mil.
Os dois têm renda mensal de cerca de R$ 2.000, já incluída a ajuda
de custo que recebem do sindicato dos motoristas.
"Eles disseram que construíram
o patrimônio com empréstimos
de amigos e com a venda de outros carros", disse o promotor
Sérgio Turra Sobrane. "O que parece estranho é que esses empréstimos eram de valores altos e sem
nenhuma garantia de parcelas fixas ou juros como pagamento."
O promotor afirma que os dois
autorizaram a quebra do sigilo
bancário e a verificação de suas
movimentações financeiras.
De acordo com o promotor José
Carlos Blat, o próximo passo da
investigação será checar as movimentações da conta corrente dos
dois. "Vamos também questionar
a investigação que o sindicato fez
sobre o suposto recebimento de
dinheiro por Dentinho", conta.
"Eu tenho uma casa e um carro,
comprados com meu próprio trabalho e vou provar isso à Justiça",
afirmou Chiquinho. O sindicalista afirmou que seu CPF não foi
cancelado pela Receita Federal.
Chiquinho disse ainda que pretende, futuramente, ingressar na
carreira política e que não quer
que sua imagem seja prejudicada
pela mídia. Afirmou ainda que
continua na diretoria do sindicato
e que a entidade não teria motivos
para afastá-lo.
Dentinho se recusou a dar entrevista, dizendo apenas que possui bens compatíveis com sua
renda e seu modo de vida. Questionado pelos promotores sobre o
valor de sua casa- que equivale a
30 anos do salário-base de um
motorista- disse que o preço
real do imóvel é de cerca de R$ 150
mil, mas que estava pedindo R$
380 mil "para negociar".
(SIMONE IWASSO)
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