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São Paulo, sábado, 10 de maio de 2003

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TRANSPORTES

Ao Ministério Público, Dentinho e Chiquinho afirmaram que construíram patrimônio por meio de empréstimos de amigos

Sindicalistas não convencem promotores

DA REPORTAGEM LOCAL

As explicações que os diretores do sindicato dos motoristas e cobradores de São Paulo Edvaldo Gomes de Oliveira, o Dentinho, e Francisco Xavier da Silva Filho, o Chiquinho, forneceram ontem ao Ministério Público para explicar a origem de seus patrimônios foram consideradas insuficientes pelos promotores José Carlos Blat e Sérgio Turra Sobrane, do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado).
De acordo com os promotores, os sindicalistas afirmaram, em depoimento, que nunca receberam dinheiro de empresários de ônibus e que os carros e casas que possuem foram comprados com empréstimos de amigos.
Segundo a Folha revelou no dia 5 de maio, Dentinho possui uma casa em Itu (a 103 km de São Paulo) avaliada por ele mesmo em R$ 380 mil. Chiquinho possui um Celta e um Audi A3 1.8 na garagem-cujo modelo mais barato, ano 97, custa cerca de R$ 28 mil. Os dois têm renda mensal de cerca de R$ 2.000, já incluída a ajuda de custo que recebem do sindicato dos motoristas.
"Eles disseram que construíram o patrimônio com empréstimos de amigos e com a venda de outros carros", disse o promotor Sérgio Turra Sobrane. "O que parece estranho é que esses empréstimos eram de valores altos e sem nenhuma garantia de parcelas fixas ou juros como pagamento."
O promotor afirma que os dois autorizaram a quebra do sigilo bancário e a verificação de suas movimentações financeiras.
De acordo com o promotor José Carlos Blat, o próximo passo da investigação será checar as movimentações da conta corrente dos dois. "Vamos também questionar a investigação que o sindicato fez sobre o suposto recebimento de dinheiro por Dentinho", conta.
"Eu tenho uma casa e um carro, comprados com meu próprio trabalho e vou provar isso à Justiça", afirmou Chiquinho. O sindicalista afirmou que seu CPF não foi cancelado pela Receita Federal.
Chiquinho disse ainda que pretende, futuramente, ingressar na carreira política e que não quer que sua imagem seja prejudicada pela mídia. Afirmou ainda que continua na diretoria do sindicato e que a entidade não teria motivos para afastá-lo.
Dentinho se recusou a dar entrevista, dizendo apenas que possui bens compatíveis com sua renda e seu modo de vida. Questionado pelos promotores sobre o valor de sua casa- que equivale a 30 anos do salário-base de um motorista- disse que o preço real do imóvel é de cerca de R$ 150 mil, mas que estava pedindo R$ 380 mil "para negociar".
(SIMONE IWASSO)


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