São Paulo, terça-feira, 10 de maio de 2005

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SAÚDE EM DECADÊNCIA

Na cidade, unidade onde pacientes são atendidos tem andar interditado e equipamentos parados

Pioneira, Santos vive crise no serviço de Aids

MARIANA CAMPOS
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SANTOS

Em Santos, a primeira cidade no Brasil a oferecer atendimento ao soropositivo, com distribuição de seringas e remédios, a unidade que atende quem tem o vírus da Aids apresenta falhas estruturais, equipamentos parados e denúncias de falta de higiene.
Desde o ano passado, um andar do Secraids (Seção Centro de Referência em Aids) está interditado por problemas estruturais. Parte do teto de um dos laboratórios ruiu e os cupins dominaram o que sobrou da madeira do telhado.
A Folha esteve no prédio na última semana e observou equipamentos amontoados em uma sala do térreo e a umidade comprometendo várias instalações.
Há denúncias de falta de higiene. Segundo Beto Volpe, primeiro-secretário da ONG Hipupiara, o lixo hospitalar está sendo jogado em cestos comuns. "O Secraids virou um referencial do que pode acontecer com o descaso."
O médico infectologista Marcos Caseiro, que já dirigiu o Secraids, diz ter havido a perda de 20 mil amostras de sangue para pesquisa porque o freezer quebrou. "Toda uma história da Aids, que poderia ser contada por esses subtipos de sangue, foi jogada no lixo."
Em janeiro, a Prefeitura de Santos encaminhou ao Ministério da Saúde um projeto de R$ 445 mil para reformar o local. Segundo o coordenador municipal de DST/ Aids, José Ricardo Wilmers, o governo federal decidiu, após negociação, repassar R$ 250 mil para a reforma. A prefeitura dará a contrapartida, de R$ 195 mil. O convênio está para ser assinado.
O atual prefeito, João Paulo Tavares Papa (PMDB), era vice de Beto Mansur (PP), que governou Santos nos oito anos anteriores.
Wilmers disse que a coordenadoria está tentando resolver os problemas estruturais. Segundo ele, a coordenação já realocou parte do atendimento e já solicitou a compra de latas para acondicionar o lixo séptico.
Sobre a falha na distribuição de medicamentos, Wilmers afirma que o problema ocorreu em fevereiro, mas já está solucionado. Segundo ele, não faltou remédio.
Em relação ao atendimento, os usuários entrevistados pela Folha não tiveram queixas. "Venho aqui há quase dez anos e sempre fui bem atendido. Não tenho do que reclamar", disse o motorista Yuri de Farias, 45.


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