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SAÚDE EM DECADÊNCIA
Na cidade, unidade onde pacientes são atendidos tem andar interditado e equipamentos parados
Pioneira, Santos vive crise no serviço de Aids
MARIANA CAMPOS
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SANTOS
Em Santos, a primeira cidade no
Brasil a oferecer atendimento ao
soropositivo, com distribuição de
seringas e remédios, a unidade
que atende quem tem o vírus da
Aids apresenta falhas estruturais,
equipamentos parados e denúncias de falta de higiene.
Desde o ano passado, um andar
do Secraids (Seção Centro de Referência em Aids) está interditado
por problemas estruturais. Parte
do teto de um dos laboratórios
ruiu e os cupins dominaram o que
sobrou da madeira do telhado.
A Folha esteve no prédio na última semana e observou equipamentos amontoados em uma sala
do térreo e a umidade comprometendo várias instalações.
Há denúncias de falta de higiene. Segundo Beto Volpe, primeiro-secretário da ONG Hipupiara,
o lixo hospitalar está sendo jogado em cestos comuns. "O Secraids
virou um referencial do que pode
acontecer com o descaso."
O médico infectologista Marcos
Caseiro, que já dirigiu o Secraids,
diz ter havido a perda de 20 mil
amostras de sangue para pesquisa
porque o freezer quebrou. "Toda
uma história da Aids, que poderia
ser contada por esses subtipos de
sangue, foi jogada no lixo."
Em janeiro, a Prefeitura de Santos encaminhou ao Ministério da
Saúde um projeto de R$ 445 mil
para reformar o local. Segundo o
coordenador municipal de DST/
Aids, José Ricardo Wilmers, o governo federal decidiu, após negociação, repassar R$ 250 mil para a
reforma. A prefeitura dará a contrapartida, de R$ 195 mil. O convênio está para ser assinado.
O atual prefeito, João Paulo Tavares Papa (PMDB), era vice de
Beto Mansur (PP), que governou
Santos nos oito anos anteriores.
Wilmers disse que a coordenadoria está tentando resolver os
problemas estruturais. Segundo
ele, a coordenação já realocou
parte do atendimento e já solicitou a compra de latas para acondicionar o lixo séptico.
Sobre a falha na distribuição de
medicamentos, Wilmers afirma
que o problema ocorreu em fevereiro, mas já está solucionado. Segundo ele, não faltou remédio.
Em relação ao atendimento, os
usuários entrevistados pela Folha
não tiveram queixas. "Venho aqui
há quase dez anos e sempre fui
bem atendido. Não tenho do que
reclamar", disse o motorista Yuri
de Farias, 45.
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