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Risco de doença do coração cai 60% após dez anos sem fumar
Pesquisa avaliou os hábitos e as condições de saúde de 104 mil enfermeiras entre 1980 e 2004 nos Estados Unidos
Mulheres apresentam mais dificuldade para deixar o cigarro, segundo médica, porque o uso está atrelado
a questões emocionais
MÁRCIO PINHO
DA REPORTAGEM LOCAL
Mulheres que largam o cigarro e ficam ao menos cinco anos
sem fumar reduzem em 21% a
chance de morrer por câncer de
pulmão e em 47% em razão de
problemas cardíacos.
A boa notícia para quem já
deixou de fumar e que serve de
estímulo para as mulheres que
ainda têm o vício é o resultado
de um estudo divulgado na última quarta-feira por pesquisadores da Faculdade de Saúde
Pública da Universidade de
Harvard (EUA).
A pesquisa, publicada no jornal da associação médica americana, avaliou os hábitos e as
condições de saúde de 104 mil
enfermeiras entre 1980 e 2004
nos Estados Unidos.
O estudo mostrou que a redução do risco de morte por
doenças causadas ou agravadas
pelo cigarro é de 13%. Além de
câncer de pulmão e problemas
de coronárias, foram consideradas doenças de vascularização do cérebro, respiratórias,
obstrutiva pulmonar crônica e
outras formas de câncer.
Os benefícios são ainda
maiores dez anos após a mulher parar de fumar. No período, o risco de doenças coronárias diminui 60%. Após 20
anos, ele se torna igual ao de
uma pessoa que nunca fumou.
Segundo Jaqueline Issa, diretora do Programa de Tratamento do Tabagismo do InCor
(Instituto do Coração) de São
Paulo, a redução no risco de
mortes em cinco anos é um estímulo para deixar o cigarro o
mais rápido possível. "Quanto
maior o tempo de exposição e a
quantidade de cigarros, maior o
risco de ter problemas."
No próprio estudo feito pela
Universidade de Harvard, os
malefícios do cigarro são evidenciados. Aproximadamente
64% das mortes entre fumantes e 28% delas em ex-fumantes foram atribuídas ao vício.
As mulheres, público-alvo da
pesquisa, são as que mais encontram dificuldades para deixar o cigarro. Segundo Jaqueline Issa, isso acontece porque o
motivo por que fumam é geralmente emocional, para reduzir
tensão ou espantar sintomas
depressivos. "Quando tentam
parar por conta própria, podem
ter um ganho de peso ou alterações de humor e desistir."
Além disso, o estímulo para
que elas fumem é bastante
grande, de acordo com Paulo
César Corrêa, pneumologista e
membro da ONG Aliança de
Controle do Tabagismo.
"No mundo, 48% dos homens e 12% das mulheres fumam, segundo dados da OMS
(Organização Mundial da Saúde). Isso faz das mulheres um
alvo do marketing das indústrias. O design do cigarros, a
adição de sabor e propagandas
com mulheres fumando são
parte dessa estratégia."
O médico afirma ainda que os
resultados do estudo servem
como um norte para poder avaliar os benefícios do abandono
do cigarro nos homens. Segundo ele, diversas pesquisas já
mostraram os malefícios do cigarro em homens e mulheres,
mas as conseqüências a longo
prazo de deixar esse vício são
um pouco mais nebulosas.
Relatório
Segundo o último relatório
global divulgado pela Organização Mundial da Saúde, de fevereiro, se nada for feito nos países pobres para diminuir o número de fumantes, o cigarro
pode matar 1 bilhão de pessoas
no século 21.
No Brasil, as doenças relacionadas ao fumo matam cerca de
200 mil pessoas por ano, segundo dados do Inca (Instituto
Nacional de Câncer).
Esse total equivale a quatro
vezes o das vítimas de homicídio no país.
Colaborou MARIO CESAR CARVALHO, da Reportagem Local
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