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Dono de clínica no RS, pastor é acusado de torturar pacientes
Ele é suspeito de manter em cárcere privado 200 pacientes de um centro de reabilitação
No local, a polícia encontrou oito porretes, uma espada de samurai e um objeto artesanal de madeira feito com pregos e fio elétrico
MATHEUS PICHONELLI
DA AGÊNCIA FOLHA
Um pastor foi preso ontem
sob suspeita de manter em cárcere privado 200 pacientes de
um centro de reabilitação para
dependentes químicos em um
sítio de Guaíba (região metropolitana de Porto Alegre).
Em ação na quarta-feira para
apurar denúncia de que internos estariam sendo torturados
no local, a Polícia Civil encontrou oito porretes, uma espada
de samurai e um instrumento
artesanal de madeira com pregos e fio elétrico, além de medicamentos antidepressivos sem
prescrição médica.
A clínica Associação Terapêutica Cristã, conhecida como
"Cidade do Refúgio", é dirigida
pelo pastor Tarcílio Quirino,
preso ontem, e fica na zona rural de Guaíba. Funcionava havia pelo menos 12 anos. Em cinco unidades, atendia 335 pacientes. Em junho de 2006, recebeu da Câmara Municipal de
Porto Alegre o "Troféu Não às
Drogas".
Segundo o advogado da entidade Armando Domingos, o
pastor é ex-usuário de drogas,
ex-traficante e já ficou preso no
Carandiru, em São Paulo. "Ele
teve uma juventude muito violenta, e depois se voltou à vida
religiosa", disse.
Para ficar no local, pacientes
pagavam de R$ 400 a R$ 1.000
por mês. Alguns pacientes que
deixaram a clínica nesta semana apresentavam lesões corporais e fizeram exames de corpo
de delito.
Até ontem, pelo menos 110
pessoas haviam passado pela
Secretaria da Assistência Social
para serem encaminhadas para
casa. "Fizemos contatos com as
famílias e providenciamos passagens de ônibus para os pacientes que não são da cidade",
disse Santos.
Prefeitura
A entidade tem convênio
com a Prefeitura de Guaíba,
que repassa cerca de R$ 2.000
por mês para custear água e luz.
Segundo o secretário Santos,
o acordo está encerrado desde
janeiro. Entre os pacientes,
apenas 78 moram em Guaíba.
Segundo Santos, cerca de 15
menores de 18 anos que estavam internados no local tiveram de ser encaminhados ao
Conselho Tutelar.
Segundo a promotora Cinara
Dutra, a clínica não tem médicos e enfermeiros contratados
nem alvará da Vigilância Sanitária para funcionar. Ela afirmou que um termo de ajustamento de conduta foi assinado
na última terça-feira entre Promotoria, prefeitura e direção da
clínica, que se comprometeu a
contratar uma equipe com médicos e enfermeiros.
A promotora disse que o pastor resolveu, no dia seguinte,
"mandar todo mundo embora",
o que justificou sua prisão. Alguns pacientes andaram 12 km
a pé até o centro da cidade.
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