São Paulo, sábado, 10 de maio de 2008

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Dono de clínica no RS, pastor é acusado de torturar pacientes

Ele é suspeito de manter em cárcere privado 200 pacientes de um centro de reabilitação

No local, a polícia encontrou oito porretes, uma espada de samurai e um objeto artesanal de madeira feito com pregos e fio elétrico

MATHEUS PICHONELLI
DA AGÊNCIA FOLHA

Um pastor foi preso ontem sob suspeita de manter em cárcere privado 200 pacientes de um centro de reabilitação para dependentes químicos em um sítio de Guaíba (região metropolitana de Porto Alegre).
Em ação na quarta-feira para apurar denúncia de que internos estariam sendo torturados no local, a Polícia Civil encontrou oito porretes, uma espada de samurai e um instrumento artesanal de madeira com pregos e fio elétrico, além de medicamentos antidepressivos sem prescrição médica.
A clínica Associação Terapêutica Cristã, conhecida como "Cidade do Refúgio", é dirigida pelo pastor Tarcílio Quirino, preso ontem, e fica na zona rural de Guaíba. Funcionava havia pelo menos 12 anos. Em cinco unidades, atendia 335 pacientes. Em junho de 2006, recebeu da Câmara Municipal de Porto Alegre o "Troféu Não às Drogas".
Segundo o advogado da entidade Armando Domingos, o pastor é ex-usuário de drogas, ex-traficante e já ficou preso no Carandiru, em São Paulo. "Ele teve uma juventude muito violenta, e depois se voltou à vida religiosa", disse.
Para ficar no local, pacientes pagavam de R$ 400 a R$ 1.000 por mês. Alguns pacientes que deixaram a clínica nesta semana apresentavam lesões corporais e fizeram exames de corpo de delito.
Até ontem, pelo menos 110 pessoas haviam passado pela Secretaria da Assistência Social para serem encaminhadas para casa. "Fizemos contatos com as famílias e providenciamos passagens de ônibus para os pacientes que não são da cidade", disse Santos.

Prefeitura
A entidade tem convênio com a Prefeitura de Guaíba, que repassa cerca de R$ 2.000 por mês para custear água e luz.
Segundo o secretário Santos, o acordo está encerrado desde janeiro. Entre os pacientes, apenas 78 moram em Guaíba. Segundo Santos, cerca de 15 menores de 18 anos que estavam internados no local tiveram de ser encaminhados ao Conselho Tutelar.
Segundo a promotora Cinara Dutra, a clínica não tem médicos e enfermeiros contratados nem alvará da Vigilância Sanitária para funcionar. Ela afirmou que um termo de ajustamento de conduta foi assinado na última terça-feira entre Promotoria, prefeitura e direção da clínica, que se comprometeu a contratar uma equipe com médicos e enfermeiros.
A promotora disse que o pastor resolveu, no dia seguinte, "mandar todo mundo embora", o que justificou sua prisão. Alguns pacientes andaram 12 km a pé até o centro da cidade.


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