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O professor Penildo Filho, coordenador da cooperativa que oferece pré-vestibular para pessoas carentes

LUIZ FRANCISCO
da Agência Folha, em Salvador

Uma cooperativa da Bahia lançou uma iniciativa inédita no Estado para facilitar o acesso de "estudantes pobres" à universidade.
Formada basicamente por estudantes universitários, a Cooperativa Conexão 21 fez uma parceria com um sindicato e uma associação de bairro para colocar em funcionamento cursinhos pré-universitários em dois dos bairros mais pobres de Salvador -Caminho de Areia e Periperi.
Ao contrário dos cursinhos tradicionais de Salvador (que cobram entre R$ 120 e R$ 250 por mês), a Cooperativa Conexão 21 fixou em R$ 34 a mensalidade dos dois estabelecimentos que vai administrar. A taxa de matrícula já está embutida na primeira mensalidade.
"Estamos cobrando bem abaixo do mercado, mas vamos proporcionar uma excelente qualidade de ensino", disse Penildo Filho, 28, coordenador da cooperativa.
Aluno do último semestre de jornalismo da UFBa (Universidade Federal da Bahia), Penildo Filho dará aulas de redação para os estudantes dos dois cursinhos.
"Vamos dar preferência aos moradores do bairro e às pessoas que frequentam escolas públicas", ressaltou Penildo Filho.
Para reduzir os custos da mensalidade, a Cooperativa Conexão 21 assinou um contrato de parceria com a Sociedade Satélite (Caminho de Areia) e com a Associação dos Moradores de Periperi.
As duas entidades cederam à cooperativa o espaço, carteiras e mesas para as aulas. "Em troca, nós prometemos dar prioridade absoluta aos moradores dos bairros", afirmou Penildo.
Todos os professores do cursinho já concluíram ou estão terminando a universidade.
"Além de ajudar os mais carentes, nós também estamos gerando emprego para pessoas que estão saindo da universidade e que geralmente encontram muitas dificuldades no mercado de trabalho", disse Marivaldo Salles, 26, um dos diretores da cooperativa.
A cooperativa promete pagar ao professor R$ 15 pela hora/aula. "O valor é mais do que o dobro do que pagam o Estado e a Prefeitura de Salvador aos seus professores", acrescentou Salles.
Por sugestão dos próprios moradores de Periperi e Caminho de Areia, as aulas serão realizadas à noite -das 19h às 22h30 (de 2ª a 6ª feira) e das 13h às 17h (aos sábados).
"De uma forma geral, os alunos que vão frequentar o cursinho trabalham o dia inteiro para ajudar no orçamento familiar", disse Penildo Filho.
Inicialmente, os dois cursinhos vão oferecer 240 vagas.
Os alunos terão aulas de todas as matérias exigidas no vestibular -química, física, biologia, redação, português, matemática, história e geografia.
Os alunos poderão optar ainda por uma língua estrangeira -o cursinho oferece inglês e espanhol. As aulas começam no dia 19.
"O que nós queremos é democratizar o acesso à universidade", disse Marivaldo Salles.
Para Salles, quem mais precisa da universidade pública "são as pessoas que não têm dinheiro para pagar cursinhos caros ou escolas particulares".


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