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SAÚDE
Viagra e Vasomax podem vender 150 milhões de comprimidos até o final do ano
EUA prevêem boom de drogas do sexo
AURELIANO BIANCARELLI
enviado especial a Dallas
No balcão da farmácia, o casal
decide qual será o "aditivo" da noite. Ela escolhe um creme vaginal,
ele um gel e uma cartela de comprimidos. Na prateleira dos remédios para ereção e orgasmo estão
drogas orais, sublinguais, injeções,
cremes, supositórios uretrais e vaginais, de vários laboratórios.
A noite está garantida. E o casal
segue para o motel ou para a casa,
depois de pegar uma pizza na esquina. A cena, que pode parecer
ficção, deve se tornar realidade em
menos de cinco anos.
O congresso da Sociedade Americana de Urologia, realizado na
semana passada em Dallas (EUA),
mostrou que o "boom" dessas drogas já começou.
O primeiro dos comprimidos, o
Viagra, há um ano no mercado,
anunciou a venda de 50 milhões de
unidades para 3 milhões de pacientes só nos EUA. O Vasomax,
lançado há duas semanas no Brasil
e que deve entrar na Europa e nos
EUA ainda este ano, espera dividir
o mercado em seis meses.
Até o final do ano, o número de
comprimidos para ereção vendidos no mundo todo pode passar
dos 150 milhões. Em faturamento,
serão quase R$ 2 bilhões. Em termos de relações humanas, o resultado tem uma dimensão inédita:
serão 150 milhões de relações sexuais que não teriam acontecido
ou nem teriam sido tentadas se
não tivessem surgido essas drogas.
Revolução maior só teria acontecido com a descoberta da pílula, 40
anos atrás.
Cremes e supositórios
Vem muito mais por aí. Irwin
Goldstein, da Universidade de
Boston e um dos maiores entendidos em disfunção sexual, disse em
Dallas que pelo menos outras quatro drogas do tipo Viagra estão no
forno dos laboratórios. Poderão
ser tomadas até seis horas antes da
relação. Comprimidos sublinguais, cremes de uso tópicos, drogas que agem no sistema nervoso
central e outras desenhadas para o
orgasmo feminino, como supositórios vaginais, devem surgir nos
próximos três anos. A geneterapia
vai permitir a aplicação de células
na musculatura lisa do pênis, tornando-a mais relaxável.
Não faltarão consumidores. De
acordo com a pesquisa MMAS, de
Massachusetts -tida como referência internacional- 10% da população masculina em geral sofre
de algum tipo de disfunção erétil.
Entre os homens de 40 a 70 anos,
esse índice sobe para 52%.
"É um mercado fantástico", disse
Sidney Glina, do Instituto H. Ellis.
Não está contado o contingente
de homens que tomará o comprimido sem indicação médica. "A
tendência é que os remédios venham também a ser usados de forma recreativa", disse Joaquim
Francisco Claro, da Universidade
Federal de São Paulo.
Por enquanto, a recomendação é
que as drogas sejam prescritas sob
acompanhamento médico.
No rancho de J.R.
De todo modo, os laboratórios
sabem que o bolo a ser dividido é
enorme. Na semana passada, a
Schering-Plough reuniu 350 urologistas brasileiros no rancho de
J.R. Ewing -o chefão do seriado
"Dallas"- para anunciar o Vasomax. A mesa foi aberta por Sami
Arap, professor titular da Faculdade de Medicina da USP, e encerrada por Goldstein, que coordenou
um dos 20 estudos com a droga.
A pergunta dos médicos não podia ser outra: Vasomax ou Viagra?
Para Goldstein, se o paciente tiver
doença coronariana, a escolha será
pelo Vasomax. O Viagra (sildenafil) não deve ser usado com nitratos, drogas empregadas em anginas e infarto do miocárdio. "A fentolamina (sal do Vasomax) é usada
há décadas", afirmou Goldstein.
Celso Gromatzky, do Hospital
das Clínicas de São Paulo, disse
que o importante é ter diferentes
opções. Para Glina, o futuro estaria
na combinação das duas drogas.
"Elas agem de forma complementar e associá-las permite doses menores", disse. Ainda não há pesquisas comparando as duas drogas. No Brasil, 23 estudos com o
Vasomax estão sendo iniciados.
O jornalista
Aureliano Biancarelli viajou a convite da Schering-Plough
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