São Paulo, Segunda-feira, 10 de Maio de 1999
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CRIME
Cartas informarão sobre investigações
Rio ajudará famílias de vítimas de auxiliar

free-lance para a Folha

A Secretaria Municipal de Saúde está montando um esquema para atender parentes das 225 pessoas que morreram na UPT (Unidade de Pacientes Traumáticos) do hospital Salgado Filho (no Méier, zona norte) do início de janeiro até o dia 4 de maio.
Na unidade trabalhava o auxiliar de enfermagem Edson Izidoro Guimarães, 42, que confessou ter matado cinco pacientes e que é suspeito de ser o responsável pela morte de mais de cem pacientes.
A partir de hoje, funcionários da secretaria estarão de plantão para atender familiares. Além disso, cartas serão enviadas às famílias informando o que está sendo feito para esclarecer as mortes.
Em nota oficial divulgada ontem, a direção do hospital afirma que compartilha "da indignação e do sofrimento de todos aqueles que, por um ato de crueldade de alguém que deveria trabalhar a serviço da vida, do conforto da dor e no cuidado com os desvalidos, utilizou seus conhecimentos de forma vil, escondido no uniforme branco do profissional de saúde".
Um ato ecumênico lembrando as vítimas de Guimarães será realizado esta semana em frente ao hospital. Guimarães, 42, que está preso desde sexta-feira na Delegacia de Homicídios (centro do Rio), deverá ter seu registro profissional cassado pelo Conselho Regional de Enfermagem. Será instaurado um processo ético contra o auxiliar de enfermagem, que poderá determinar a cassação, impedindo-o de exercer a profissão.
O dono da funerária Novo Mundo, Manoel de Souza Oliveira, disse ontem que vai processar Guimarães por difamação e calúnia.
O nome da funerária foi citado pelo auxiliar de enfermagem. A Novo Mundo seria uma das funerárias que pagam entre R$ 80 e R$ 100 para os funcionários em troca de informações sobre mortes.
"Este cara só pode ser um débil mental. Nunca vi este cidadão na minha vida", disse.
Ele disse que apresentará esta semana à delegada Marta Cavalieri, que investiga o caso, fichas dos enterros que realizou desde que abriu a loja, há 15 anos. "Não pago propina a ninguém. As famílias simplesmente me procuram na loja."
Guimarães tem dois apartamentos em um condomínio de classe média baixa, em Jacarepaguá (zona oeste do Rio), e um automóvel modelo Escort. Como auxiliar de enfermagem no hospital Salgado Filho, ele recebia salário de R$ 570.
Após a prisão de Guimarães, a mulher Glória, o filho Edson Júnior, a enteada de 22 anos, o genro e o filho do casal, de um ano, saíram do apartamento do condomínio Village Sol e Mar, estimado em R$ 60 mil. Guimarães também é proprietário de um outro imóvel no mesmo condomínio.
(CS e AFL)




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