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SAÚDE/ IMUNOLOGIA
Teste antecipa prevenção de problemas a recém-nascido
Grávidas Rh negativo podem detectar mais cedo incompatibilidade sangüínea do filho
Quando sangue não é compatível e sem cuidados especiais, o bebê pode ter anemia severa, retardo e insuficiência cardíaca
DA REPORTAGEM LOCAL
Com mais chances de ter
complicações na gravidez, as
gestantes de tipo sangüíneo Rh
negativo podem agora detectar
mais cedo o fator sangüíneo do
filho e antecipar a prevenção de
futuros problemas no bebê.
Cerca de 15% das gestantes
são portadoras do Rh negativo.
Se o marido tiver Rh positivo, a
chance de o filho herdar o mesmo fator é de no mínimo 50%, o
que o torna incompatível ao
sangue da mãe.
Um teste, feito com o sangue
materno, consegue, a partir da
oitava semana de gestação, checar se há incompatibilidade.
Para o ginecologista Sang
Choon Cha, o exame é um "divisor de águas" para o pré-natal
de mulheres Rh negativo.
Já o obstetra Thomaz Gollop,
professor da USP, diz que o teste terá pouco impacto porque a
maioria das gestantes Rh negativo já recebe cuidados especiais. O teste custa R$ 300.
Quando ocorre a incompatibilidade, o sistema imunológico materno cria anticorpos para atacar as células sangüíneas
do feto que transportam oxigênio pelo corpo.
O dano mais comum é a chamada doença hemolítica do recém-nascido, que provoca inchaço no fígado e baço -nos casos mais leves- e anemia severa -nos casos graves. Pode
ocorrer também retardo mental e insuficiência cardíaca.
A depender da seriedade da
doença, a transfusão de sangue
do feto é a única forma de garantir sua sobrevivência.
Segundo o geneticista Ciro
Martinhago, diretor do Departamento de Medicina Genética
da RDO Diagnósticos, que desenvolveu a técnica, antes do
teste, a incompatibilidade só
podia ser atestada por meio da
medição periódica de anticorpos contra o fator Rh. Se a produção estiver em curva ascendente, presume-se que o Rh da
mãe e do filho sejam distintos.
"Mas esses testes tinham de
ser feitos praticamente mês a
mês. E trabalhávamos sempre
com a presunção de que o feto
era Rh positivo. Em 40% dos
casos, não era. Essa incerteza
causa muita ansiedade na gestante", afirma Choon Cha.
A punção -retirada de sangue do feto-, um método invasivo que em 2% dos casos provoca abortamento, também detecta o fator Rh, mas só deve ser
feita quando já há evidência de
comprometimento fetal em
função da incompatibilidade.
Se o teste mostrar que o bebê
herdou o Rh positivo do pai, a
contagem de anticorpos fetais
no sangue da gestante será feita
todos os meses. Na 28ª semana
de gravidez, ela recebe a primeira dose de uma injeção para
neutralizar os anticorpos anti-Rh. Após o nascimento do bebê,
ela recebe a segunda dose.
A profilaxia serve para garantir especialmente a normalidade da segunda gravidez. Na primeira, desde que não haja uma
troca de células sangüíneas
mais intensa, como ocorre nas
hemorragias, o sistema imunológico tarda a produzir anticorpos em quantidade suficiente
para causar danos ao bebê. "Já
na segunda gravidez, as defesas
maternas estão mais sensíveis e
mais combativas ao fator Rh
positivo", diz Choon Cha.
Na opinião de Thomaz Gollop, a "imensa maioria" das
grávidas do tipo Rh negativo,
nas redes privada e pública de
saúde, já toma a injeção que
neutraliza os anticorpos anti-Rh quando dão luz o primeiro
filho ou quando sofrem aborto.
Assim, ficam imunizadas.
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