São Paulo, domingo, 10 de junho de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

SAÚDE/ IMUNOLOGIA

Teste antecipa prevenção de problemas a recém-nascido

Grávidas Rh negativo podem detectar mais cedo incompatibilidade sangüínea do filho

Quando sangue não é compatível e sem cuidados especiais, o bebê pode ter anemia severa, retardo e insuficiência cardíaca

DA REPORTAGEM LOCAL

Com mais chances de ter complicações na gravidez, as gestantes de tipo sangüíneo Rh negativo podem agora detectar mais cedo o fator sangüíneo do filho e antecipar a prevenção de futuros problemas no bebê.
Cerca de 15% das gestantes são portadoras do Rh negativo. Se o marido tiver Rh positivo, a chance de o filho herdar o mesmo fator é de no mínimo 50%, o que o torna incompatível ao sangue da mãe.
Um teste, feito com o sangue materno, consegue, a partir da oitava semana de gestação, checar se há incompatibilidade. Para o ginecologista Sang Choon Cha, o exame é um "divisor de águas" para o pré-natal de mulheres Rh negativo.
Já o obstetra Thomaz Gollop, professor da USP, diz que o teste terá pouco impacto porque a maioria das gestantes Rh negativo já recebe cuidados especiais. O teste custa R$ 300.
Quando ocorre a incompatibilidade, o sistema imunológico materno cria anticorpos para atacar as células sangüíneas do feto que transportam oxigênio pelo corpo.
O dano mais comum é a chamada doença hemolítica do recém-nascido, que provoca inchaço no fígado e baço -nos casos mais leves- e anemia severa -nos casos graves. Pode ocorrer também retardo mental e insuficiência cardíaca.
A depender da seriedade da doença, a transfusão de sangue do feto é a única forma de garantir sua sobrevivência.
Segundo o geneticista Ciro Martinhago, diretor do Departamento de Medicina Genética da RDO Diagnósticos, que desenvolveu a técnica, antes do teste, a incompatibilidade só podia ser atestada por meio da medição periódica de anticorpos contra o fator Rh. Se a produção estiver em curva ascendente, presume-se que o Rh da mãe e do filho sejam distintos.
"Mas esses testes tinham de ser feitos praticamente mês a mês. E trabalhávamos sempre com a presunção de que o feto era Rh positivo. Em 40% dos casos, não era. Essa incerteza causa muita ansiedade na gestante", afirma Choon Cha.
A punção -retirada de sangue do feto-, um método invasivo que em 2% dos casos provoca abortamento, também detecta o fator Rh, mas só deve ser feita quando já há evidência de comprometimento fetal em função da incompatibilidade.
Se o teste mostrar que o bebê herdou o Rh positivo do pai, a contagem de anticorpos fetais no sangue da gestante será feita todos os meses. Na 28ª semana de gravidez, ela recebe a primeira dose de uma injeção para neutralizar os anticorpos anti-Rh. Após o nascimento do bebê, ela recebe a segunda dose.
A profilaxia serve para garantir especialmente a normalidade da segunda gravidez. Na primeira, desde que não haja uma troca de células sangüíneas mais intensa, como ocorre nas hemorragias, o sistema imunológico tarda a produzir anticorpos em quantidade suficiente para causar danos ao bebê. "Já na segunda gravidez, as defesas maternas estão mais sensíveis e mais combativas ao fator Rh positivo", diz Choon Cha.
Na opinião de Thomaz Gollop, a "imensa maioria" das grávidas do tipo Rh negativo, nas redes privada e pública de saúde, já toma a injeção que neutraliza os anticorpos anti-Rh quando dão luz o primeiro filho ou quando sofrem aborto. Assim, ficam imunizadas.


Texto Anterior: Shoppings têm até show de dança para atrair namorados
Próximo Texto: Passei por isso: "Tem esse fantasminha rondando, não tem jeito"
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.