São Paulo, quarta-feira, 10 de junho de 2009

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Apagão afeta até telefones de emergência

Diversas regiões do Estado de SP foram afetadas pela pane da Telefônica, que deixou os telefones mudos, inclusive os da PM

Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) diz "acompanhar com extrema preocupação as falhas nos serviços de telefonia fixa"


DA REPORTAGEM LOCAL

Uma pane no sistema de voz de telefonia fixa da operadora Telefônica deixou diversas regiões de todo o Estado de São Paulo sem o serviço de recebimento e a realização de chamadas ao longo do dia de ontem. Além de milhões de consumidores, a falha afetou o serviço de emergência da Polícia Militar, dos bombeiros, das ambulâncias do Samu e os números de atendimento a clientes da Eletropaulo e da Comgás.
Em nota, a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) diz "acompanhar com extrema preocupação as falhas nos serviços de telefonia fixa" da Telefônica e que "agentes de fiscalização trabalham em regime de urgência na verificação não só das causas, mas do alcance das consequências da paralisação" dos serviços. De acordo com a Telefônica, o problema foi causado por uma falha em parte da rede, necessária para completar chamadas de voz ao conectar diversas centrais telefônicas, estabelecendo a ligação.
O problema, segundo a Telefônica, foi detectado às 9h e, às 15h, já havia restabelecido o sistema de telefonia fixa. Depois desse horário, diz a empresa, alguns clientes corporativos ainda estavam sem serviço. A empresa disse não saber quantas linhas e usuários foram afetados durante a pane. A Telefônica tem 12 milhões de assinantes. Serviços como ligações locais, de longa distância, para 0800, call centers e celulares ficaram fora do ar.

Emergência
A Polícia Militar diz que o número 190, para atendimento a chamadas de emergência, ficou fora do ar das 9h14 às 10h06. Nesse período, a PM costuma receber uma média de 600 ligações, segundo o major Marco Antônio Rangel Torres, chefe do centro de operações.
"Tivemos um atendimento precário", disse Torres. Um plano de contingência foi adotado e as chamadas passaram a ser transferidas para o centro de operações do ABC -que retransmitia para São Paulo ordens para despachar carros da polícia para locais de crimes. O número 193, do Corpo de Bombeiros, ficou fora do ar das 9h20 às 9h40 e não teve plano de contingência. O Samu estima que deixou de receber 30 chamadas entre as 9h15 e 9h43.
Usuários do Speedy, serviço de banda larga da Telefônica, não foram afetados. Já as conexões por linha discada não se conectaram à internet. A Telefônica enfrentou pelo menos duas grandes panes no Speedy em menos de dois anos.
"É realmente muito estranho que esses problemas afetem apenas a Telefônica", diz Eduardo Tude, presidente da consultoria Teleco.
Para Juarez do Nascimento Quadros, ex-ministro das Comunicações e hoje sócio da Órion, o episódio levanta suspeitas sobre a fiscalização da Anatel. "Acredito que determinados sistemas, fundamentais para a prestação de alguns serviços, não deveriam ficar nas mãos de terceirizados", diz Quadros. "Além disso, faltam quadros na Anatel para fiscalizar as operadoras. Vimos as telecomunicações crescerem com um ritmo impressionante e a agência usufrui de menos verbas e até perdeu técnicos."
(VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO, DANIEL BERGAMASCO, LUÍS KAWAGUTI e JULIO WIZIACK)
Colaborou JOSÉ ORENSTEIN



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