São Paulo, quinta-feira, 10 de junho de 2010

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Controladora da PUC diz a reitor que desfaça negócio

Fundação reprova participação na compra de prédio do Umberto Primo

Temor é que instalação da PUC no prédio do antigo hospital da Bela Vista possa encobrir negócios ilegais

MARIO CESAR CARVALHO
DE SÃO PAULO

A Fundação São Paulo, mantenedora da PUC (Pontifícia Universidade Católica) recomendou ontem que o reitor Dirceu de Mello desfaça o negócio em que a universidade ocuparia o prédio do Hospital Umberto Primo, na imediações da avenida Paulista.
A interpretação da fundação é que o reitor colocou a PUC-SP num negócio que pode virar negociata, já que os compradores do imóvel são desconhecidos.
Ontem, a Folha revelou que o reitor assinou um protocolo de intenções com um grupo completamente desconhecido no Brasil, o WWI (World Wide Investments).
Pelo protocolo assinado com o WWI, a PUC pagaria um aluguel mensal de cerca de R$ 700 mil para ocupar uma fração do imóvel.
Outra parte seria usada para a construção de uma torre comercial e de um hotel superluxo. Inicialmente, o reitor anunciou que a PUC havia comprado o prédio.
O WWI não é o dono do imóvel, que pertence ao Previ, o fundo de pensão do Banco do Brasil. A PUC faria parte de uma operação triangular: o WWI compra o prédio do Previ por cerca de R$ 120 milhões, constrói as novas instalações e aluga a parte antiga para a universidade.
Um dos temores da fundação, segundo a Folha apurou, é que a PUC sirva de biombo para uma operação de lavagem de dinheiro.
Uma das versões que circula é que a WWI representaria investidores dos Emirados Árabes. A WWI não diz quem representa, não confirma nem nega o documento assinado com o reitor.
Na reunião de ontem, a Fundação São Paulo foi representada pelo seu secretário-executivo, José Rodolpho Perazzolo.

AUTONOMIA
Pelo estatuto da fundação, o reitor da PUC não tem autonomia para realizar negócios. A própria universidade não tem personalidade jurídica -ela é descrita como uma das atividades da fundação. Se esse interpretação prevalecer, o documento que o reitor assinou com a WWI não tem validade jurídica.
O arcebispo de São Paulo, d. Odilo Pedro Scherer, que é grão-chanceler da PUC, está em Roma, mas por meio de uma nota mostrou sua contrariedade com o negócio feito pelo reitor.
O Ministério Público abriu um inquérito civil para apurar a licitude do negócio, um indício de que considera a operação suspeita.
O prédio do Hospital Umberto Primo e da Maternidade Matarazzo são tombados pelo patrimônio histórico. O Previ comprou-o por cerca de R$ 183 milhões, em valores atualizados.
Por causa do tombamento, o conjunto virou um péssimo investimento para o fundo, já que a área para novas edificações é restrita. O reitor confirma que teve uma reunião com o secretário da fundação, mas disse que a questão do imóvel não foi discutida. A Previ não se pronunciou.


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