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Controladora da PUC diz a reitor que desfaça negócio
Fundação reprova participação na compra de prédio do Umberto Primo
Temor é que instalação da PUC no prédio do antigo hospital da Bela Vista possa encobrir negócios ilegais
MARIO CESAR CARVALHO
DE SÃO PAULO
A Fundação São Paulo,
mantenedora da PUC (Pontifícia Universidade Católica)
recomendou ontem que o reitor Dirceu de Mello desfaça o
negócio em que a universidade ocuparia o prédio do Hospital Umberto Primo, na imediações da avenida Paulista.
A interpretação da fundação é que o reitor colocou a
PUC-SP num negócio que pode virar negociata, já que os
compradores do imóvel são
desconhecidos.
Ontem, a Folha revelou
que o reitor assinou um protocolo de intenções com um
grupo completamente desconhecido no Brasil, o WWI
(World Wide Investments).
Pelo protocolo assinado
com o WWI, a PUC pagaria
um aluguel mensal de cerca
de R$ 700 mil para ocupar
uma fração do imóvel.
Outra parte seria usada para a construção de uma torre
comercial e de um hotel superluxo. Inicialmente, o reitor anunciou que a PUC havia comprado o prédio.
O WWI não é o dono do
imóvel, que pertence ao Previ, o fundo de pensão do Banco do Brasil. A PUC faria parte de uma operação triangular: o WWI compra o prédio
do Previ por cerca de R$ 120
milhões, constrói as novas
instalações e aluga a parte
antiga para a universidade.
Um dos temores da fundação, segundo a Folha apurou, é que a PUC sirva de
biombo para uma operação
de lavagem de dinheiro.
Uma das versões que circula é que a WWI representaria investidores dos Emirados Árabes. A WWI não diz
quem representa, não confirma nem nega o documento
assinado com o reitor.
Na reunião de ontem, a
Fundação São Paulo foi representada pelo seu secretário-executivo, José Rodolpho
Perazzolo.
AUTONOMIA
Pelo estatuto da fundação,
o reitor da PUC não tem autonomia para realizar negócios. A própria universidade
não tem personalidade jurídica -ela é descrita como
uma das atividades da fundação. Se esse interpretação
prevalecer, o documento que
o reitor assinou com a WWI
não tem validade jurídica.
O arcebispo de São Paulo,
d. Odilo Pedro Scherer, que é
grão-chanceler da PUC, está
em Roma, mas por meio de
uma nota mostrou sua contrariedade com o negócio feito pelo reitor.
O Ministério Público abriu
um inquérito civil para apurar a licitude do negócio, um
indício de que considera a
operação suspeita.
O prédio do Hospital Umberto Primo e da Maternidade Matarazzo são tombados
pelo patrimônio histórico. O
Previ comprou-o por cerca de
R$ 183 milhões, em valores
atualizados.
Por causa do tombamento,
o conjunto virou um péssimo
investimento para o fundo, já
que a área para novas edificações é restrita. O reitor confirma que teve uma reunião
com o secretário da fundação, mas disse que a questão
do imóvel não foi discutida.
A Previ não se pronunciou.
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