São Paulo, quinta-feira, 10 de junho de 2010

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Impasse mantém invasão da reitoria da USP

Alunos e direção da universidade não negociam desocupação do prédio no segundo dia

TALITA BEDINELLI
ROGÉRIO PAGNAN
DE SÃO PAULO

A invasão da reitoria da USP chegou ontem ao segundo dia sem que nenhum dos dois lados se procurasse para uma negociação.
Os grevistas, que tomaram o local anteontem, quebrando portas, passaram a noite em colchões e sofás nos corredores do prédio, após uma festa com shows.
Durante todo o dia de ontem, os grevistas não procuraram a reitoria, que também não os procurou. "Eles sabem como nos encontrar", disse à Folha ontem o reitor, João Grandino Rodas, que, questionado, não revelou de onde está trabalhando.
O Sintusp (Sindicato dos Trabalhadores da USP), por sua vez, diz que não sabe onde localizar Rodas.
Os funcionários dizem só deixar o prédio quando os salários forem depositados. O reitor, no entanto, afirma que, com a reitoria invadida, não conseguirá efetuar o pagamento, porque a parte administrativa fica no prédio.
Rodas diz ainda que já havia se comprometido, na semana passada, a depositar os salários caso os funcionários voltassem a trabalhar.
Mas os servidores afirmam que só acabam com a greve quando ele der o reajuste pedido pela categoria, de 6%. Eles dizem ainda que o corte de salário é inconstitucional.
O reitor diz que não. E o constitucionalista Ives Gandra da Silva Martins, concorda. Para ele, a greve da USP não existe legalmente.
Para existir, segundo Martins, o Tribunal Regional do Trabalho precisa ser acionado por meio de um processo chamado dissídio coletivo.
"Por meio dele, a Justiça manifesta-se pela legalidade ou não da paralisação. "
Para o jurista Dalmo Dallari, professor emérito da USP, é necessário conhecer o fundamento que levou ao corte de salários. "Lembraria que o reitor é um eminente jurista."
Ontem, o dia foi tranquilo na reitoria. No final da manhã, o professor da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP Francisco de Oliveira deu uma aula aberta dentro da reitoria.
À tarde, um debate com o professor de direito da USP Fabio Konder Comparato relembrou o conflito com a PM na greve de 2009. O reitor diz descartar chamar a PM.
À noite, alunos tentaram fazer uma assembleia, mas desistiram por falta de gente.


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