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Impasse mantém invasão da reitoria da USP
Alunos e direção da universidade não negociam desocupação do prédio no segundo dia
TALITA BEDINELLI
ROGÉRIO PAGNAN
DE SÃO PAULO
A invasão da reitoria da
USP chegou ontem ao segundo dia sem que nenhum dos
dois lados se procurasse para
uma negociação.
Os grevistas, que tomaram
o local anteontem, quebrando portas, passaram a noite
em colchões e sofás nos corredores do prédio, após uma
festa com shows.
Durante todo o dia de ontem, os grevistas não procuraram a reitoria, que também
não os procurou. "Eles sabem como nos encontrar",
disse à Folha ontem o reitor,
João Grandino Rodas, que,
questionado, não revelou de
onde está trabalhando.
O Sintusp (Sindicato dos
Trabalhadores da USP), por
sua vez, diz que não sabe onde localizar Rodas.
Os funcionários dizem só
deixar o prédio quando os salários forem depositados. O
reitor, no entanto, afirma
que, com a reitoria invadida,
não conseguirá efetuar o pagamento, porque a parte administrativa fica no prédio.
Rodas diz ainda que já havia se comprometido, na semana passada, a depositar os
salários caso os funcionários
voltassem a trabalhar.
Mas os servidores afirmam
que só acabam com a greve
quando ele der o reajuste pedido pela categoria, de 6%.
Eles dizem ainda que o corte
de salário é inconstitucional.
O reitor diz que não. E o
constitucionalista Ives Gandra da Silva Martins, concorda. Para ele, a greve da USP
não existe legalmente.
Para existir, segundo Martins, o Tribunal Regional do
Trabalho precisa ser acionado por meio de um processo
chamado dissídio coletivo.
"Por meio dele, a Justiça
manifesta-se pela legalidade
ou não da paralisação. "
Para o jurista Dalmo Dallari, professor emérito da USP,
é necessário conhecer o fundamento que levou ao corte
de salários. "Lembraria que o
reitor é um eminente jurista."
Ontem, o dia foi tranquilo
na reitoria. No final da manhã, o professor da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP Francisco de Oliveira deu uma aula aberta dentro da reitoria.
À tarde, um debate com o
professor de direito da USP
Fabio Konder Comparato relembrou o conflito com a PM
na greve de 2009. O reitor diz
descartar chamar a PM.
À noite, alunos tentaram
fazer uma assembleia, mas
desistiram por falta de gente.
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