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Arábia Saudita proíbe brasileiro de deixar o país
Ele agrediu policial em partida de futebol em abril; agora, tem de ficar no país enquanto durar o processo
Marcelo Santos atuou durante a partida como tradutor de Luiz Felipe Scolari; ele está na casa do irmão de Bin Laden
RICARDO GALLO
DE SÃO PAULO
GUSTAVO S. FERREIRA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Faz quase dois meses que
o tradutor brasileiro Marcelo
Santos, 40, está proibido de
deixar a Arábia Saudita.
Acusado de agredir um policial após um jogo de futebol, tem de ficar no país enquanto o processo durar.
Ele trabalhou na partida
como intérprete do brasileiro
Luiz Felipe Scolari, então técnico do Bunyodkor, do Uzbequistão. A equipe uzbeque
jogou em Jeddah contra o Al
Ittihad, em 14 de abril, pela
Copa dos Campeões da Ásia.
No final da partida, chutou
um juiz e trocou pontapés
com um policial à paisana.
"Não sabia que ele era policial. Fui agredido e revidei",
disse à Folha, por telefone.
Segundo ele, o árbitro o
havia chamado de "macaco"
durante o jogo -fluente em
russo, Marcelo estava ao lado
de Scolari para traduzir as
instruções aos jogadores.
O brasileiro está em Jeddah desde então. Vive de favor em casa de quarto e sala
cedida por Khalil Bin Laden,
cônsul honorário do Brasil e
irmão de Osama Bin Laden.
Levado para delegacia, o
brasileiro se livrou da prisão
graças à intervenção de Khalill, que assinou termo de
compromisso para liberá-lo.
O seu passaporte, porém,
está com a embaixada brasileira -condição do governo
local para não o prender.
"Para mim, é como se eu
estivesse preso aqui. Não
posso voltar para casa."
Agressão contra autoridade é crime grave no país, segundo a embaixada, que não
informou eventual pena.
O governo Lula pediu duas
vezes liberação "imediata"
do brasileiro, sem resposta.
O ministro Celso Amorim
(Relações Exteriores) ligou
para o homólogo saudita em
24 de maio. Scolari e Rivaldo,
jogador do clube, também
apelaram. Um advogado designado pelo cônsul tenta resolver o caso na Justiça local.
Com a demora, os US$ 600
que recebeu do Bunyodkor
para ficar no país estão no
fim. Hoje, Marcelo afirma ter
menos de US$ 200 (R$ 368).
Para economizar, come
sanduíche e frutas. Tem só
duas mudas de roupas. Esperança de ir embora, o brasileiro diz ter. Mas o processo
pode demorar até oito meses.
Ele tem mulher e duas filhas, que vivem em Recife.
Na esfera desportiva, foi
suspenso por cinco anos e
multado em US$ 20 mil.
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