São Paulo, sexta-feira, 10 de julho de 2009

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JULIETA PAGANOSSI (1908-2009)

Seu casamento durou mais de 81 anos

ESTÊVÃO BERTONI
DA REPORTAGEM LOCAL

O Romeu de Julieta Paganossi foi Luiz. Quando se conheceram, a história de amor impossível vivida por sua xará na peça de William Shakespeare ameaçou se repetir.
O pai de Julieta não queria um espanhol na família e ficou contra o namoro. Mas Luiz era um "santo", diz a filha Jandira, e logo foi aceito.
Os dois se casaram -atenção para a data- em 3 de dezembro de 1927. Na contramão da tragédia shakespeariana, o casal completou 81 anos, sete meses e um dia de casamento, uma das uniões mais duradouras da história.
Nem a igreja em que se casaram, em Monte Alto (SP), resistiu tanto: foi demolida e substituída por uma nova.
A filha lista os motivos que os fizeram ficar tanto tempo juntos: amor, companheirismo e compreensão. "Ela era exigente, mas meu pai é muito calmo, acha tudo bom."
Nascida em Pirassununga (SP), cuidava da casa enquanto o marido trabalhava na lavoura. Sempre foi muito dinâmica e caprichosa.
Seus últimos três aniversários de casamento saíram num jornal da cidade. Recentemente, estava acamada.
Já Luiz, 102, não anda e não vê. Quietinho, ainda chama pela mulher, mas não sabe que seu casamento acabou sábado, quando Julieta morreu, aos cem, de pneumonia, em Monte Alto. "É melhor assim. Eles vão se encontrar quando ele se for."
Teve sete filhos, 22 netos, 39 bisnetos, cinco trinetos e dois "caquinhos de neto", como chamava os tetranetos.

obituario@grupofolha.com.br


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