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JULIETA PAGANOSSI (1908-2009)
Seu casamento durou mais de 81 anos
ESTÊVÃO BERTONI
DA REPORTAGEM LOCAL
O Romeu de Julieta Paganossi foi Luiz. Quando se conheceram, a história de amor
impossível vivida por sua xará na peça de William Shakespeare ameaçou se repetir.
O pai de Julieta não queria
um espanhol na família e ficou contra o namoro. Mas
Luiz era um "santo", diz a filha Jandira, e logo foi aceito.
Os dois se casaram -atenção para a data- em 3 de dezembro de 1927. Na contramão da tragédia shakespeariana, o casal completou 81
anos, sete meses e um dia de
casamento, uma das uniões
mais duradouras da história.
Nem a igreja em que se casaram, em Monte Alto (SP),
resistiu tanto: foi demolida e
substituída por uma nova.
A filha lista os motivos que
os fizeram ficar tanto tempo
juntos: amor, companheirismo e compreensão. "Ela era
exigente, mas meu pai é muito calmo, acha tudo bom."
Nascida em Pirassununga
(SP), cuidava da casa enquanto o marido trabalhava
na lavoura. Sempre foi muito
dinâmica e caprichosa.
Seus últimos três aniversários de casamento saíram
num jornal da cidade. Recentemente, estava acamada.
Já Luiz, 102, não anda e
não vê. Quietinho, ainda chama pela mulher, mas não sabe que seu casamento acabou sábado, quando Julieta
morreu, aos cem, de pneumonia, em Monte Alto. "É
melhor assim. Eles vão se encontrar quando ele se for."
Teve sete filhos, 22 netos,
39 bisnetos, cinco trinetos e
dois "caquinhos de neto", como chamava os tetranetos.
obituario@grupofolha.com.br
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