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foco
Ex-traficante carioca revive papel no cinema
e dá "aulas" nos EUA
JANAINA LAGE
DE NOVA YORK
Washington Rimas, o Feijão, se prepara para viver no
cinema um papel que conheceu bem na vida real: chefe de
boca de fumo. Ex-comandante do tráfico em Acari, favela
na zona norte do Rio, ele deve
estar em "Cinco Vezes Favela: Agora Por Nós Mesmos",
de Cacá Diegues, que tem como base o clássico de 1962.
Enquanto não começa a
gravar, Feijão, 33, está nos
EUA num programa de intercâmbio cultural promovido
pelo Departamento de Estado americano. Hoje, atua como mediador de conflitos no
AfroReggae e diz que só neste
ano tirou 70 jovens do crime.
"O traficante sai do morro,
mas a fama dele fica", diz, ao
ser questionado se as novas
gerações levam em conta seu
passado. Baixinho, de boné de
NY, calça e camisa larga, fantasiado de ianque, como definiu, Feijão lembra pouco o
"imperador temido e adorado". Já contou sua história
em palestras no Brasil e exterior. Desta vez, a conversa foi
informal, no museu Smithsonian em Washington.
A maior curiosidade dos ouvintes, diz, é saber se o tráfico
não se opôs a sua saída. "Nunca tive problema. Hoje eles até
me encaminham gente."
O caminho que levou Washington Rimas a Washington
começou em 2003. Foi traído
por colegas, sobreviveu a um
tiro no peito, teve o primeiro
filho e, em 2006, passou um
mês preso acusado de comprar arma roubada do Exército -no final, foi absolvido.
Prestes a tentar retomar a
boca, conheceu o pastor Marcos Pereira e, três meses depois, José Júnior, do AfroReggae, que sugeriu que usasse a "psicologia do crime" para convencer os antigos fãs a
sonharem com outra vida. "Já
que descobri que tenho "curso
superior" em alguma coisa,
resolvi usar isso para o bem."
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