São Paulo, sexta-feira, 10 de julho de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

foco

Ex-traficante carioca revive papel no cinema e dá "aulas" nos EUA

JANAINA LAGE
DE NOVA YORK

Washington Rimas, o Feijão, se prepara para viver no cinema um papel que conheceu bem na vida real: chefe de boca de fumo. Ex-comandante do tráfico em Acari, favela na zona norte do Rio, ele deve estar em "Cinco Vezes Favela: Agora Por Nós Mesmos", de Cacá Diegues, que tem como base o clássico de 1962.
Enquanto não começa a gravar, Feijão, 33, está nos EUA num programa de intercâmbio cultural promovido pelo Departamento de Estado americano. Hoje, atua como mediador de conflitos no AfroReggae e diz que só neste ano tirou 70 jovens do crime.
"O traficante sai do morro, mas a fama dele fica", diz, ao ser questionado se as novas gerações levam em conta seu passado. Baixinho, de boné de NY, calça e camisa larga, fantasiado de ianque, como definiu, Feijão lembra pouco o "imperador temido e adorado". Já contou sua história em palestras no Brasil e exterior. Desta vez, a conversa foi informal, no museu Smithsonian em Washington.
A maior curiosidade dos ouvintes, diz, é saber se o tráfico não se opôs a sua saída. "Nunca tive problema. Hoje eles até me encaminham gente."
O caminho que levou Washington Rimas a Washington começou em 2003. Foi traído por colegas, sobreviveu a um tiro no peito, teve o primeiro filho e, em 2006, passou um mês preso acusado de comprar arma roubada do Exército -no final, foi absolvido.
Prestes a tentar retomar a boca, conheceu o pastor Marcos Pereira e, três meses depois, José Júnior, do AfroReggae, que sugeriu que usasse a "psicologia do crime" para convencer os antigos fãs a sonharem com outra vida. "Já que descobri que tenho "curso superior" em alguma coisa, resolvi usar isso para o bem."


Texto Anterior: Beira-Mar terá bens leiloados pela Justiça de MG
Próximo Texto: João Pessoa: Quatro de uma mesma família são mortos a facadas
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.