ESTÊVÃO BERTONI
DE SÃO PAULO

O advogado Octavio Junqueira Mello Alvarenga tinha um sonho: a disciplina de direito agrário deveria, obrigatoriamente, existir em todas as faculdades brasileiras. Ele foi um dos maiores especialistas do país no assunto.
Desde 1979, o mineiro de Belo Horizonte presidiu a Sociedade Nacional de Agricultura, entidade sem fins lucrativos que desenvolve ações políticas e educacionais.
Octavio vivia no Rio desde os anos 50. Mudara-se para lá a fim de trabalhar na campanha de Juscelino Kubitschek -foi amigo da família de JK.
Brincava que havia trocado de cidade por causa do mar, uma de suas paixões.
A especialização em direito agrário foi feita no exterior. Na Academia de Agricultura da França, tornou-se o único latino-americano titular.
Também atuou como procurador e lançou 18 livros -alguns sobre direito, outros de literatura. Nos anos 90, escreveu para o jornal "O Globo", sobre agricultura.
Na mesma década, integrou o conjunto Cantores do Chuveiro, formado por profissionais de destaque em outras áreas, como o diplomata Affonso Arinos e a escritora Laura Sandroni, entre outros. O grupo, que cantava música brasileira, chegou a ser dirigido por Augusto Boal e se apresentou na França.
Era brincalhão e não aparentava ter a idade que tinha, como conta a mulher, Sylvia.
Foi casado quatro vezes; ficou viúvo duas. Uma das mulheres que perdeu foi Maria Julieta, filha do poeta Carlos Drummond de Andrade.
Morreu na terça-feira, aos 84, de câncer. Deixa viúva, quatro filhos -do primeiro casamento- e dez netos.

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