São Paulo, sábado, 10 de julho de 2010

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Ministério investiga cartel do lixo em SP

Cade determinou apuração de suspeita de acerto prévio entre vencedoras de licitação na gestão Marta Suplicy

Relatório do conselho aponta indícios de direcionamento do edital e "coincidências" nas propostas


JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
DE BRASÍLIA

A Secretaria de Defesa Econômica, órgão do Ministério da Justiça, vai investigar a suspeita de cartel entre as empreiteiras que venceram a concorrência aberta em 2003 pela gestão Marta Suplicy (PT) para contratar serviços de coleta de lixo na capital e ainda em contratos com outras cidades paulistas.
A decisão foi tomada na quinta pelo Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), que julgava representação contra eventuais irregularidades nos contratos, como acerto prévio entre as concorrentes.
O relatório do processo diz que, além do suposto cartel, há indícios de que o edital da Prefeitura de São Paulo era direcionado. Por isso, Marta, candidata a senadora pelo PT, e ex-assessores também podem ser investigados.
A gestão Marta nega irregularidades (leia ao lado).
Isso porque o edital exigia a operação de um aterro sanitário em uma região de São Paulo que somente uma empresa tinha condições de oferecer na concorrência.
A representação foi formulada pelo advogado paulistano Antonio Otero após série de suspeitas contra a suposta "máfia do lixo" no Estado.
O processo juntou três certidões registradas em cartório, uma delas pela Folha, que apontavam previamente quem levaria os dois lotes do contrato de lixo.
Os grupos Loga (Vega Engenharia e Camargo Corrêa) e EcoUrbis (Queiroz Galvão, Heleno & Fonseca e Marquise) venceram os contratos, com duração de 20 anos e custo total de R$ 10 bilhões.
O relatório do Cade apontou outra "coincidência" que configuraria o cartel: a vencedora do primeiro lote deu a pior oferta para o segundo, mesmo procedimento adotado pelo outro consórcio.
Como havia a suspeita de loteamento de contratos em várias cidades, também foram incluídas na investigação outras empreiteiras -Qualix, LOT Operações, Cavo, SPL Construtora, Delta, Limpebras, Cliba, OAS, CBPO e H. Guedes.

COMPENSAÇÕES
Além de antecipar os vencedores, o documento do Folha ainda listava as compensações que seriam dadas aos perdedores da concorrência.
Mesmo após a assinatura dos contratos, a polêmica continuou. Em dezembro de 2004, a Justiça chegou a suspender os contratos.


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