|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
MAFIA DO REMÉDIO
Ministro da Saúde diz que o governo não tem como fiscalizar sozinho e pede a ajuda da população
Serra responsabiliza "crime organizado"
PAULO MOTA
da Agência Folha, em Fortaleza
O ministro da Saúde, José Serra,
afirmou ontem em Fortaleza que o
governo não tem dúvidas da atuação do "crime organizado" na
distribuição de medicamentos falsificados.
"Que existe uma máfia, que
existe crime organizado, nós não
temos dúvidas. E eles não incluem
apenas laboratórios de fundo de
quintal, que fazem remédios falsificados. Incluem também distribuidoras e até, em certos casos,
transportadoras", disse.
Segundo Serra, que participou
de encontro com secretários municipais da Saúde do Ceará, o governo pretende criar uma agência
para fiscalizar a fabricação, distribuição e que tenha poderes para
coibir a falsificação de remédios.
Serra não detalhou como funcionará esta agência, mas adiantou que ela terá "mais autonomia
e menos ingerência política" do
que a atual estrutura de fiscalização do Ministério da Saúde.
Serra disse que a Vigilância Sanitária de sua pasta tem uma "ingerência mínima" na fiscalização de
medicamentos falsos. Serra conclamou secretários e prefeitos presentes a criar um clima de "batalha nacional" contra a "máfia"
dos falsificadores.
O ministro pediu que a população "bote a boca no mundo"
quando encontrar um remédio
falsificado. Ele disse que o governo não tem condições de fiscalizar
sozinho e que o apoio da população é fundamental.
"A população tem que comprar
remédio em farmácia que conheça. Se tiver dúvidas, conversar
com o farmacêutico. Fazer as verificações mínimas dos números de
fabricação do remédio. E, em caso
de remédio falsificado, botar a boca no mundo", disse.
Selo holográfico
O ministro da Saúde defendeu a
criação de um selo do tipo holograma para garantir a qualidade
dos medicamentos, mas considerou "precipitado" transferir os
custos deste selo para o consumidor. "Agora, que os laboratórios
precisam acondicionar melhor
seus remédios, precisam."
Serra participou da inauguração
de dez leitos destinados a gestantes do Hospital Maternidade César
Cals, em Fortaleza. No domingo
passado, Maria Marli Monteiro
perdeu um filho depois de ter sua
internação rejeitada no hospital
devido à superlotação.
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|