São Paulo, sexta, 10 de julho de 1998

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MAFIA DO REMÉDIO
Ministro da Saúde diz que o governo não tem como fiscalizar sozinho e pede a ajuda da população
Serra responsabiliza "crime organizado"

PAULO MOTA
da Agência Folha, em Fortaleza

O ministro da Saúde, José Serra, afirmou ontem em Fortaleza que o governo não tem dúvidas da atuação do "crime organizado" na distribuição de medicamentos falsificados.
"Que existe uma máfia, que existe crime organizado, nós não temos dúvidas. E eles não incluem apenas laboratórios de fundo de quintal, que fazem remédios falsificados. Incluem também distribuidoras e até, em certos casos, transportadoras", disse.
Segundo Serra, que participou de encontro com secretários municipais da Saúde do Ceará, o governo pretende criar uma agência para fiscalizar a fabricação, distribuição e que tenha poderes para coibir a falsificação de remédios.
Serra não detalhou como funcionará esta agência, mas adiantou que ela terá "mais autonomia e menos ingerência política" do que a atual estrutura de fiscalização do Ministério da Saúde.
Serra disse que a Vigilância Sanitária de sua pasta tem uma "ingerência mínima" na fiscalização de medicamentos falsos. Serra conclamou secretários e prefeitos presentes a criar um clima de "batalha nacional" contra a "máfia" dos falsificadores.
O ministro pediu que a população "bote a boca no mundo" quando encontrar um remédio falsificado. Ele disse que o governo não tem condições de fiscalizar sozinho e que o apoio da população é fundamental.
"A população tem que comprar remédio em farmácia que conheça. Se tiver dúvidas, conversar com o farmacêutico. Fazer as verificações mínimas dos números de fabricação do remédio. E, em caso de remédio falsificado, botar a boca no mundo", disse.

Selo holográfico

O ministro da Saúde defendeu a criação de um selo do tipo holograma para garantir a qualidade dos medicamentos, mas considerou "precipitado" transferir os custos deste selo para o consumidor. "Agora, que os laboratórios precisam acondicionar melhor seus remédios, precisam."
Serra participou da inauguração de dez leitos destinados a gestantes do Hospital Maternidade César Cals, em Fortaleza. No domingo passado, Maria Marli Monteiro perdeu um filho depois de ter sua internação rejeitada no hospital devido à superlotação.



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